sexta-feira, 20 de maio de 2011

A Copa em São Paulo

Juca Kfouri (*)

Em primeiro lugar, quero reiterar velhas posições já aqui publicadas porque estou convencido de que se rádio tem audiência rotativa, blogs têm audiência intermitente, muita gente nem sequer sabe que se clicar no cabeçalho dele pode ler as últimas 10 notas (razão pela qual é frequente ainda hoje que alguém reclame pela falta de comentário, por exemplo, do jogo do Santos de ontem).

Dito isso, relembremos:

1. São Paulo é a cidade do país, apesar de todos os pesares e de suas enormes carências, mais preparada para receber a abertura da Copa do Mundo;
2. A exclusão do Morumbi é um crime contra a economia popular, um acinte, um escárnio;
3. A injeção de dinheiro público para se construir estádios de futebol num país como o nosso é outro escândalo;
4. Este blog sempre defendeu que o governo de São Paulo deveria fazer valer a máxima do lema de sua capital, “Non ducor, duco” (“Não sou conduzido, conduzo”) e determinar à Fifa e à CBF que ou as coisas seriam feitas como se deve ou São Paulo abdicaria da Copa;
5. Mas a tibieza do então governador José Serra, dos melífluos que o cercavam então, e de seus dois sucessores, Alberto Goldman e Geraldo Alckmin, trouxe as coisas ao pé em que estão, com o auxílio sem caráter do ministro do Esporte, Orlando Silva;

Postas tais preliminares, examinemos a situação de momento.

O Fielzão, ou Itaquerão, é uma enorme interrogação.
Mesmo assim, na valentona, sem medir consequências, acabará saindo, custe o que custar.
E a razão é simples: a empreiteira Norberto Odebrechet menos até do que desagradar o ex-presidente da República, não há de querer magoar o próximo, provavelmente a mesmíssima pessoa.

E se o presidente do Corinthians perdeu espaço com a atual presidenta da República, ainda mantém intacta sua intimidade com o ex.
Se nada acontece em relação ao papel do presidente da CBF e do COL, vira e mexe citado em escândalos pelo mundo afora; se Delúbio voltou, se Palocci é homem forte do governo;
se Aécio é quem é, e se os mensalões começaram com os tucanos para continuar com os petistas; se Netinho e Orlando Silva são do PCdoB e o velho Partidão virou o PPS que briga tanta gente oportunista que não honra nem ao menos o seu passado de luta;
o blog pergunta:

Por que achar que eles não farão tudo como sempre, em regime de urgência, sem licitação, com o seu, o meu, o nosso suado dinheirinho?


(*) Formado em Ciências Sociais pela USP. Desde 2005, é colunista da Folha de S.Paulo e do UOL. Possui um dos blogs mais lidos do País Blog do Juca


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