Às ruas, contra a corrupção!

Editorial do Jornal O Liberal de Belém

O Pará precisa caminhar contra a corrupção, na contramão da roubalheira. O Pará precisa caminhar em direção à honestidade, à limpidez de conduta na

vida pública. O Pará precisa caminhar contra os escândalos, as fraudes, o locupletamento despudorado de agentes públicos, quaisquer que sejam, onde

estejam, não importa a que partidos, entidades ou instituições pertençam. O Pará precisa caminhar em direção à vida, à paz. O Pará precisa caminhar no mesmo sentido da transparência na administração pública.

No próximo sábado, pela manhã, os paraenses têm a grande chance de fazer uma caminhada com duplo significado: contra a corrupção e pela ética, contra a roubalheira e pela transparência, contra os assaltos aos cofres públicos e em favor do zelo pelo dinheiro do contribuinte. Neste sábado, em Belém, os paraenses poderão ir às ruas e engrossar a “Caminhada Contra a Corrupção, Pela Vida, Pela Paz”, promovida pela Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Pará (OAB-PA), com apoio das Organizações Romulo Maiorana (ORM). Por que uma caminhada contra a corrupção, pela vida e pela paz? Porque os paraenses não aguentam mais enfrentar, calados, as malfeitorias que homens públicos, eleitos pelo voto popular e democrático, perpetram desavergonhadamente. Os paraenses não suportam mais conviver com personagens que têm a desfaçatez de se intitular como lideranças, como se isso - ainda que fosse verdade - os eximisse da obrigação de se conduzirem sem deixar quaisquer suspeitas.

Os paraenses estão fartos de ser confundidos - todos eles, sem exceção - como cúmplices de bandidos engravatados que estão aí, soltinhos da silva. É o caso de um corrupto que já completou 25 anos na impunidade e que usa seus meios de comunicação - rádio, jornal e televisão, comprados com dinheiro roubado - para propagar mentiras e se promover politicamente. Os paraenses não suportam mais quando chegam por aí e, ao se identificarem como nascidos ou residentes do Pará, são associados automaticamente a corruptos como aquele retratado em dossiê de 12 páginas, que O LIBERAL publicou no domingo passado. Um dossiê que retrata fielmente, sem retoques e sem meias palavras, a trajetória de um ladravaz que, de tanto barbalhizar os cofres públicos, tornou-se ele mesmo sinônimo de corrupção, transformou-se no monumento vivo a patifarias de toda espécie.

Os paraenses não suportam mais conviver com ladravaz como um que nunca trabalhou na vida, mas se esmerou em barbalhizar tanto o erário que acumulou uma das maiores fortunas do País. Os paraenses não suportam mais assistir ao

deboche, aos arrotos de arrogância como o de um corrupto daqui, que se diz líder político, mas em verdade é lider de bando, é chefe de quadrilha, como bem já o nominou o Ministério Público, ao oferecer denúncia à Justiça Federal no caso dos desvios milionários na Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).

Os paraenses não suportam mais conviver com corruptos como o daqui, que, apesar de larápio rematado, é premiado com cargos e benesses em qualquer governo. Os paraenses precisam ir às ruas, no sábado, para dizer “basta” a tudo isso. Os paraenses precisam bradar nas ruas a sua indignação contra a roubalheira - qualquer uma -, como a promovida por uma camarilha cujo chefe ainda se permite o cinismo de dizer que, ao longo de quatro décadas, estabeleceu um caso de amor com o Pará. Os paraenses precisam clamar nas ruas que corruptos não têm caso de amor com nada e ninguém. Mas têm, certamente, um caso de amor indissolúvel com seus próprios bolsos e com interesses espúrios, escusos, imorais. Os paraenses precisam mostrar nas ruas, no sábado de manhã, que abjetam a corrupção e os corruptos. Porque a corrupção é um lamaçal e os corruptos são porcos que nela chafurdam.