José Cruz (*)
O presidente da Confederação de Ciclismo, José Luiz Vasconcellos esteve em Brasília para se explicar junto ao Banco do Brasil, ex-patrocinador da modalidade, e Ministério do Esporte, sobre as confusões envolvendo o assunto doping, que a ESPN divulgou e aqui repercuti.
Afonso Morais, também jornalista, participou da conversa. Ex-ciclista, ele conhece bem sobre o esporte em geral e o ciclismo em particular.
“Houve mal entendidos”, conclui Vasconcellos.
Claro. A partir da União Ciclística Internacional que divulgou uma lista furada e precisou pedir correções à imprensa, mas sem reduzir a gravidade do fato.
Esse episódio, associado às ameaças que tenho recebido de anônimos ciclistas, mostram que o esporte está se tornando perigosíssimo e vai além das disputas de quem é o melhor.
E ainda faltam cinco anos para os Jogos Olímpicos do Rio...
Realidade
Por conta disso, visitei os sites das 30 confederações de esportes olímpicos. Afinal, como as demais modalidades tratam o assunto doping, intimamente do interesse de suas gestões e de seus atletas, envolvendo compromissos internacionais do governo brasileiro?
Pois apenas sete das 30 confederações fazem referência ao tema “doping” em seus sites: Triatlo, Atletismo, Futebol, Golfe, Ciclismo, Desportos Aquáticos e Vôlei.
E o basquete, ginástica, levantamento de peso, judô, tênis, enfim, fazem exames em seus atletas? Há algum competidor nas demais 23 modalidades que tenha sido flagrado e cumpre suspensão nesta temporada ou na passada?
Não se sabe, porque não há uma só informação sobre o tema. O assunto é tratado assim, relaxadamente. A maioria das confederações nem sequer publicam o link para o site da Agência Mundial Antidoping (Wada)!!!
E entre os motivos para todo esse desleixo está o preço de um exame antidoping, até R$ 1.600,00. Paupérrimas porque o dinheiro que recebem do governo não deve ser suficiente, e as confederações não têm grana para um trabalho efetivo e sistemático de combate a essa mazela.
Surpresas
Das confederações que visitei os sites, a de Atletismo (CBAt) e a de Futebol (CBF) são as mais transparentes.
A CBAt tem um link bem visível e publica, inclusive, o nome de todos os atletas que foram testados em competições e fora delas. Veja aqui
Já na página da CBF o assunto está escondido no link “CBF”, mas divulga as resoluções dos casos positivos, a data do exame etc. Porém, apenas os casos mais recentes. Não há informações passadas. Confira.
As outras cinco confederações que têm a expressão “doping” em seus sites, fazem apenas referência ao regulamento de antidopagem, como a de Vôlei, que alerta:
“Poderão ser controlados até dois jogadores por equipe em cada jogo”.
Decisões estranhas
O próprio Ministério do Esporte, que tem a obrigação de cuidar do assunto não está nem aí para o que não é feito pelas entidades que esse órgão deveria fiscalizar.
Ao contrário, o ministro Orlando Silva prefere gastar dinheiro financiando com recursos públicos cadastramento de torcidas organizadas.
Por que o governo tem que se envolver numa área que pertence à iniciativa privada, como os clubes do futebol e está sob jurisdição do o município e do estado, inicialmente, e da segurança pública, por extensão?
Muita estranha essa intromissão milionária do Ministério do Esporte, muito estranha.
(*) Jornalista e cobre há mais de 20 anos os bastidores da política e economia do esporte, acompanhando a execução orçamentária do governo, a produção de leis e o uso de verbas estatais na área esportiva
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