sábado, 30 de outubro de 2010

Calçada de quem?

Antenor Pereira Giovannini (*)

A primeira página do jornal “Gazeta de Santarém” deste final de semana, expõe essa pergunta diante de uma foto onde aparece um monte de produtos espalhados pela calçada próxima ao Mercadão recém inaugurado com pompa pela Prefeita da cidade e onde se dizia que tudo estava devidamente organizado, e certamente impedindo a movimentação dos pedestres.

Creio que o amigo diretor Celivaldo Carneiro deveria dirigir essa pergunta aos senhores vereadores da cidade, que freqüentam a Câmara dos Vereadores e tratam esse e outros assuntos que afetam diretamente a população de forma dolente, preguiçosa, sem interesse e que até hoje não assinaram um Plano Diretor para a cidade e que nele estivesse inserido um Código de Postura para que essa questão de calçadas, em toda cidade e não somente na área do Mercadão, fosse destinada aos verdadeiros donos que são os pedestres.

Obviamente a senhora Prefeita deveria também ser questionada haja visto a maioria dos componentes da Câmara a apoiarem e ela poderia solicitar para que houvesse empenho de sua bancada para que tal assunto fosse nesses quase 6 anos de mandato, agilizado, votado e colocado em prática.

Obviamente outros que já sentaram na cadeira da Prefeitura também deveriam ser questionados porque nunca fizeram nada a respeito e permitiram que chegasse ao ponto que se chegou hoje .

Uma vergonha que quase em 2011 uma cidade com 300 mil habitantes fixos e outros tantos que andam pela nossa cidade, se vejam obrigados a andarem literalmente pelas ruas disputando espaço com todo tipo de veículo, porque não temos calçadas transitáveis em quase 80% de nossas calçadas.

Os motivos já foram cantados em verso e prosa. Já teve poesia, artigos escritos pelos mais diferentes tipos de escritores, acusações, desabafos de médicos e pacientes que sofrem e sofreram problemas físicos por falta de calçadas, enfim uma ladainha, repetitiva e cansativa mas, nenhum deles levanta a voz para trabalhar uma ação sequer de correção.

Alguém logo deve dizer. Mas é em toda cidade. Um trabalho difícil de realizar. Mas, Cristo de Deus que comecem em algum lugar pelo menos consertar e impor alguma lei, alguma sanção. Não é possível você trombar com entulhos, lixo, todo tipo de comércio, afora puxadinhos, garagem de automóveis que ocupam espaço de calçadas, jardins com árvores e flores, e quando não isso as calçadas são construídas com degraus, com rampas, em desnível, o que impede qualquer pedestre simplesmente de transitar.

Nem entro no campo dos deficientes físicos porque se os sãos não têm vez, imaginem esses que por uma infelicidade possuem algum defeito físico e se locomovem com dificuldades, ou com cadeiras de roda, por exemplo. Ou tomam de coragem e partem para o leito da rua e disputam numa luta inglória e complicada atingir seus objetivos ou recorrem a outros para que os ajudem a transitar pela cidade. Calçadas com rampas e acessos isso é de utopia sem limite.

Uma vergonha são as palavras mais sensatas e equilibradas que se possa dizer para quem transita por nossas ruas.

Como resposta meu caro Celivaldo à sua pergunta como pedestre de nossa cidade posso lhe responder que a calçada é dos comerciantes, é dos que jogam lixos e entulhos, é dos que constroem em rampas e em declives, a calçada é de todos eles, menos daquele que deveria ser o seu principal dono: o pedestre. Nunca esquecendo que a calçada não está inserida no metro quadrado do terreno onde se constrói uma casa. Esse pedaço é do Poder Público que lhe concede a título de responsável em cuidá-la dando condições de trafegabilidade aos pedestres. O dono da casa não é dono da calçada, mas, aqui em Santarém agem assim.

Pior que o Governo Federal faz campanha televisiva referente à Acessibilidade. Em Santarém essa palavra ainda não foi traduzida aos responsáveis pela cidade.

(*) Aposentado, agora comerciante e morador em Santarém (PA)

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