As 25 escolhas de Patricia Amorim para empregos públicos na Câmara Municipal do Rio. Tudo ‘gente bacana’. Ligada ao Flamengo por pura coincidência, lógico. Na lista, mãe, irmã e marido…
Cosme Rímoli (*)
"Não preciso abrir mão do trabalho de uma pessoa bacana."
É revoltante.
Dessa maneira singela, Patricia Amorim explicou algo impensável.
A presidente do Flamengo é também vereadora.
Ou é vereadora e também presidente do Flamengo.
As duas coisas estão mais misturadas do que todos poderiam imaginar.
Do que deveriam estar.
Ela teve a coragem de nomear 25 pessoas ligadas ao clube para o seu gabinete de vereadora.
Com salários pagos pelo cidadão carioca.
Durante anos ela vem fazendo isso.
Essas nomeações são um escândalo.
O conflito de interesses negado por Patricia é evidente.
Todas as 25 nomeações, absurdas.
A mais chocante é a do Capitão Léo.
Ex-chefe de torcida organizada do Flamengo.
Principal articulador da queda de Zico, ele é presidente do Conselho Fiscal do clube.
A pessoa responsável por fiscalizar como Patricia usa o dinheiro do Flamengo.
Ela o manteve no cargo de 2003 a 2007.
Recebia até R$ 7.000,00.
Quando saiu, indicou seu sócio na empresa Leson Auditoria e Contabilidade.
Nelson Santos de Souza.
O mais incrível na bizarra situação foi que a pessoa mais indignada foi Patricia.
Ela não teve como negar a revelação.
Foi obrigada a confirmar.
Os documentos são públicos.
Mas não admite questionamentos.
Como se fosse normal a sua postura.
Uma presidente distribuir cargos públicos a pessoas ligadas ao clube.
A situação de Patricia no Flamengo já era péssima.
Ficou pior, sem defesa.
Perdeu rápido demais a aura com que assumiu a presidência.
Todos se esqueceram que era a primeira mulher a assumir o clube mais popular do Brasil. Que ela havia vencido o machismo.
Não era uma mera esposa assumindo o cargo em nome do marido, como Marlene Matheus, por exemplo.
Não, quem votou, votou em Patricia.
Queria renovação no futebol.
O resultado desta 'renovação' foi lastimável.
Uma série de vexames marcam sua gestão.
A começar pela dívida do clube que atingiu mais de R$ 434 milhões.
O caos administrativo fez com os telefones fossem cortados na Gávea.
Contrata Ronaldinho, mas por pressa, não elabora um contrato com a Traffic.
Só um documento resumido que dá margem a várias interpretações.
Com o prejuízo envolvendo o jogador, já que as ações de marketing fracassaram, a Traffic rompe a parceria.
A partir de então, os salários do meia começam primeiro a atrasar e depois a não serem pagos.
Ele dá o troco.
Falta à cerimônia de parceria entre Flamengo e Unicef, ele seria o garoto propaganda da ação.
Se nega a entrar em campo com o distintivo piscando como parte de um evento comercial de uma fabricante de pilhas.
Depois foi flagrado com mulher na concentração.
E quem o flagrou, Luxemburgo, é demitido.
Como agradecimento, Ronaldinho processa o clube em mais de R$ 50 milhões.
Patricia não consegue implantar o plano de sócio-torcedor.
Chama Zico para cuidar do futebol e o derruba em quatro meses.
Não arruma patrocínio para a camisa mais popular do País.
Sofre um processo de impeachment por má administração.
Permite que Adriano humilhe o clube.
A revelação dos 25 nomeados para a sua câmara provocou revolta em conselheiros.
Eles querem a saída imediata da presidente.
Mas as coisas não acontecem tão rapidamente.
Muito pelo contrário.
O processo é lento.
Seu mandato termina no final do ano.
Há enorme chance dela continuar até lá.
As eleições acontecerão em dezembro.
E ela sabe das ínfimas chances de ser reeleita.
Sua preocupação mais premente é o pleito para a Câmara Municipal.
Já é vereadora há 12 anos.
E quer mais quatro.
Por quê não?
A presidente gosta de trabalhar com 'gente bacana' há muito tempo...
Chegou a nomear seu marido, sua irmã e a própria mãe para seu gabinete.
Eles ganhavam de R$ 5 mil a R$ 13 mil.
Como a legislação agora proíbe, ela escolheu outras pessoas 'bacanas'.
Principalmente ligadas intimamente ao Flamengo.
O levantamento da ESPN/Brasil não deixa dúvida.
São nomes e salários para não serem esquecidos.
Assim como a triste atitude de Patricia.
Capitão Léo, presidente do Conselho Fiscal, R$ 4,6 mil. Exonerado.
Nelson Santos de Souza, sócio do Capitão Léo, R$ 4,6 mil.
Fernando Sihman, marido de Patrícia, R$ 8,3 mil. Exonerado.
Patricia Filles Amorim, irmã e membro do Conselho Deliberativo, R$ 8,3 mil. Exonerada. Tania Filles Amorim, mãe de Patricia Amorim. Exonerada.
Cristina Isensee Callou, vice Esportes Olímpicos, R$ 7,1 mil.
Renata Callou de Aça Belchior, irmã de Cristina Callou, R$ 4,6 mil. Exonerada.
Jorge Roberto Teixeira Braga, membro do Conselho Deliberatio. R$ 10,1 mil.
Deborah Frochtengarten, membro Conselho Deliberativo, R$ 5,2 mil.
Arnaldo Szpiro, diretor de basquete, R$ 5,2 mil.
Eduardo Moraes de Carvalho, assessor da presidente, R$ 5,2 mil.
Neide Nunes Pacheco de Mello, parente do conselheiro Carlos Eduardo de Mello, R$ 10,1 mil.
Valeria Guedes Veneu, esposa do supervisor de Esportes Olímpicos, R$ 8,3 mil.
Edson Terra Cunha Junior, supervisor de Esportes Olímpicos, R$ 8,3 mil. Exonerado. Cinthia Griner, membro do Conselho Deliberativo, R$ 4,6 mil.
Felipe Guedes Gullo, R$ 7,1 mil.
Carlos Eduardo de Mello, Conselho Deliberativo, R$ 10,1 mil. Exonerado.
Marcia Veronica Apolonio de Mattos, funcionária do Flamengo. R$ 4,6 mil. Exonerada. Bruno Mantuano Caravello, ex-vice de finanças. R$ 4,6 mil. Exonerado.
Bernardo Andrade Monteiro de Souza, assessor de imprensa. R$ 4,6 mil. Exonerado. Cristina da Silveira Lobo, ex-nadadora., R$ 4,6 mil. Exonerada.
Izamilton Mota Gois , ex- presidente do Conselho Deliberativo. R$ 5,2 mil. Exonerado. Jorge José Bichara, membro do Comitê Olímpico Brasileiro. R$ 5,2 mil. Exonerado.
Silene Branco, parente de Carmen Branco, membro do CD. R$ 7,1 mil. Exonerada.
Márcio de Menezes Duba, exonerado.
O Flamengo não merecia passar por isso...
(*) Jornalista esportivo . Ganhou o premio ACEESP por seis vezes como melhor repórter esportivo entre jornais e revistas de São Paulo. Trabalhou 22 anos no Jornal da Tarde. Seu blog na UOL comerçou em 2009.
Cosme Rímoli (*)
"Não preciso abrir mão do trabalho de uma pessoa bacana."
É revoltante.
Dessa maneira singela, Patricia Amorim explicou algo impensável.
A presidente do Flamengo é também vereadora.
Ou é vereadora e também presidente do Flamengo.
As duas coisas estão mais misturadas do que todos poderiam imaginar.
Do que deveriam estar.
Ela teve a coragem de nomear 25 pessoas ligadas ao clube para o seu gabinete de vereadora.
Com salários pagos pelo cidadão carioca.
Durante anos ela vem fazendo isso.
Essas nomeações são um escândalo.
O conflito de interesses negado por Patricia é evidente.
Todas as 25 nomeações, absurdas.
A mais chocante é a do Capitão Léo.
Ex-chefe de torcida organizada do Flamengo.
Principal articulador da queda de Zico, ele é presidente do Conselho Fiscal do clube.
A pessoa responsável por fiscalizar como Patricia usa o dinheiro do Flamengo.
Ela o manteve no cargo de 2003 a 2007.
Recebia até R$ 7.000,00.
Quando saiu, indicou seu sócio na empresa Leson Auditoria e Contabilidade.
Nelson Santos de Souza.
O mais incrível na bizarra situação foi que a pessoa mais indignada foi Patricia.
Ela não teve como negar a revelação.
Foi obrigada a confirmar.
Os documentos são públicos.
Mas não admite questionamentos.
Como se fosse normal a sua postura.
Uma presidente distribuir cargos públicos a pessoas ligadas ao clube.
A situação de Patricia no Flamengo já era péssima.
Ficou pior, sem defesa.
Perdeu rápido demais a aura com que assumiu a presidência.
Todos se esqueceram que era a primeira mulher a assumir o clube mais popular do Brasil. Que ela havia vencido o machismo.
Não era uma mera esposa assumindo o cargo em nome do marido, como Marlene Matheus, por exemplo.
Não, quem votou, votou em Patricia.
Queria renovação no futebol.
O resultado desta 'renovação' foi lastimável.
Uma série de vexames marcam sua gestão.
A começar pela dívida do clube que atingiu mais de R$ 434 milhões.
O caos administrativo fez com os telefones fossem cortados na Gávea.
Contrata Ronaldinho, mas por pressa, não elabora um contrato com a Traffic.
Só um documento resumido que dá margem a várias interpretações.
Com o prejuízo envolvendo o jogador, já que as ações de marketing fracassaram, a Traffic rompe a parceria.
A partir de então, os salários do meia começam primeiro a atrasar e depois a não serem pagos.
Ele dá o troco.
Falta à cerimônia de parceria entre Flamengo e Unicef, ele seria o garoto propaganda da ação.
Se nega a entrar em campo com o distintivo piscando como parte de um evento comercial de uma fabricante de pilhas.
Depois foi flagrado com mulher na concentração.
E quem o flagrou, Luxemburgo, é demitido.
Como agradecimento, Ronaldinho processa o clube em mais de R$ 50 milhões.
Patricia não consegue implantar o plano de sócio-torcedor.
Chama Zico para cuidar do futebol e o derruba em quatro meses.
Não arruma patrocínio para a camisa mais popular do País.
Sofre um processo de impeachment por má administração.
Permite que Adriano humilhe o clube.
A revelação dos 25 nomeados para a sua câmara provocou revolta em conselheiros.
Eles querem a saída imediata da presidente.
Mas as coisas não acontecem tão rapidamente.
Muito pelo contrário.
O processo é lento.
Seu mandato termina no final do ano.
Há enorme chance dela continuar até lá.
As eleições acontecerão em dezembro.
E ela sabe das ínfimas chances de ser reeleita.
Sua preocupação mais premente é o pleito para a Câmara Municipal.
Já é vereadora há 12 anos.
E quer mais quatro.
Por quê não?
A presidente gosta de trabalhar com 'gente bacana' há muito tempo...
Chegou a nomear seu marido, sua irmã e a própria mãe para seu gabinete.
Eles ganhavam de R$ 5 mil a R$ 13 mil.
Como a legislação agora proíbe, ela escolheu outras pessoas 'bacanas'.
Principalmente ligadas intimamente ao Flamengo.
O levantamento da ESPN/Brasil não deixa dúvida.
São nomes e salários para não serem esquecidos.
Assim como a triste atitude de Patricia.
Capitão Léo, presidente do Conselho Fiscal, R$ 4,6 mil. Exonerado.
Nelson Santos de Souza, sócio do Capitão Léo, R$ 4,6 mil.
Fernando Sihman, marido de Patrícia, R$ 8,3 mil. Exonerado.
Patricia Filles Amorim, irmã e membro do Conselho Deliberativo, R$ 8,3 mil. Exonerada. Tania Filles Amorim, mãe de Patricia Amorim. Exonerada.
Cristina Isensee Callou, vice Esportes Olímpicos, R$ 7,1 mil.
Renata Callou de Aça Belchior, irmã de Cristina Callou, R$ 4,6 mil. Exonerada.
Jorge Roberto Teixeira Braga, membro do Conselho Deliberatio. R$ 10,1 mil.
Deborah Frochtengarten, membro Conselho Deliberativo, R$ 5,2 mil.
Arnaldo Szpiro, diretor de basquete, R$ 5,2 mil.
Eduardo Moraes de Carvalho, assessor da presidente, R$ 5,2 mil.
Neide Nunes Pacheco de Mello, parente do conselheiro Carlos Eduardo de Mello, R$ 10,1 mil.
Valeria Guedes Veneu, esposa do supervisor de Esportes Olímpicos, R$ 8,3 mil.
Edson Terra Cunha Junior, supervisor de Esportes Olímpicos, R$ 8,3 mil. Exonerado. Cinthia Griner, membro do Conselho Deliberativo, R$ 4,6 mil.
Felipe Guedes Gullo, R$ 7,1 mil.
Carlos Eduardo de Mello, Conselho Deliberativo, R$ 10,1 mil. Exonerado.
Marcia Veronica Apolonio de Mattos, funcionária do Flamengo. R$ 4,6 mil. Exonerada. Bruno Mantuano Caravello, ex-vice de finanças. R$ 4,6 mil. Exonerado.
Bernardo Andrade Monteiro de Souza, assessor de imprensa. R$ 4,6 mil. Exonerado. Cristina da Silveira Lobo, ex-nadadora., R$ 4,6 mil. Exonerada.
Izamilton Mota Gois , ex- presidente do Conselho Deliberativo. R$ 5,2 mil. Exonerado. Jorge José Bichara, membro do Comitê Olímpico Brasileiro. R$ 5,2 mil. Exonerado.
Silene Branco, parente de Carmen Branco, membro do CD. R$ 7,1 mil. Exonerada.
Márcio de Menezes Duba, exonerado.
O Flamengo não merecia passar por isso...
(*) Jornalista esportivo . Ganhou o premio ACEESP por seis vezes como melhor repórter esportivo entre jornais e revistas de São Paulo. Trabalhou 22 anos no Jornal da Tarde. Seu blog na UOL comerçou em 2009.
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