Edilberto Sena (*)
Até onde já chega a crise de credibilidade da justiça brasileira e mais ainda, a crise de consciência do Supremo Tribunal Federal! Por pressão da vontade da sociedade civil, com um milhão e seiscentos mil votos em plebiscito popular, foi criada a lei da ficha limpa. O Congresso nacional aprovou meio constrangido, e o então presidente Lula a sancionou em 2010.
Logo depois, alguns ameaçados de serem caçados, puseram dúvida se a lei da ficha limpa já poderia valer para as eleições daquele ano. Por conta de tais dúvidas, alguns fichas sujas foram caçados e outros grandes sujos escaparam e estão aí no poder.
Os ministros do dito Supremo Tribunal Federal estão em dúvida ainda, mais de um ano depois, se a lei é constitucional, ou não. Nesta semana vão retomar o julgamento da validade da referida lei. Um julgamento que já vem se arrastando desde o ano passado entre eles, quando dois dos onze supremos já votaram, reconhecendo a validade, mas um terceiro retirou o processo de votação, por estar em dúvida de consciência, ou de entendimento, do significado da lei, imagina!
A constituição nacional garante o direito de a sociedade se manifestar através de abaixo assinado legítimo, que o Congresso vote um projeto de lei. Com um milhão e seiscentos mil votos legais, os deputados e senadores são obrigados a encarar o projeto. E assim aconteceu.
Por que então o Supremo Tribunal Federal tem dúvida? Por que esse cuidado extremado em não prejudicar quem já foi comprovado ser ficha suja, roubou dinheiro público e foi mau elemento na vida pública?
O que a sociedade exige é que, quem se apresenta para ocupar um cargo público, seja vereador, prefeito, deputado, governador, senador ou presidente, tenha uma vida honesta, competência política e seja um ficha limpa. Por que então os ditos supremos ministros, que deveriam ser os primeiros as zelar pela ética e a moralidade na vida pública, agora estejam em crise de consciência, se a lei da ficha limpa é válida, ou não? Estarão protegendo algum amigo que tenha sujado sua folha corrida? Ou temem pela própria sorte comprometida?
Por estas atitudes deles é que os bons brasileiros entram em crise de confiança na transparência dos supremos ministros do Tribunal federal.
(*) Sacerdote e Diretor da Rádio Rural de Santarém (PA)
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