Por pacote, Grécia terá de aprovar reformas e cortes
BBC Brasil para o Estadão
A Grécia terá que aprovar uma série de reformas que resultarão em cortes profundos de gastos e fiscalização de monitores da União Europeia para ter acesso ao empréstimo de 130 bilhões de euros concedido nesta terça-feira pela União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
O plano de austeridade imposto pela UE e o FMI em troca da nova ajuda visa cortar os gastos públicos gregos, com o objetivo de reduzir a dívida pública dos atuais 160% do PIB para 120,5% em 2020.
Além disso, a economia grega será permanentemente monitorada por especialistas vindos de países da zona do euro. A Grécia também mudará sua Constituição para dar prioridade aos pagamentos das dívidas e não ao fornecimento de verbas para serviços do governo.
O governo grego também terá que estabelecer uma conta especial, separada de seu orçamento, que sempre deve ter divisas o bastante para a manutenção de suas dívidas pelos próximos três meses.
O país tem pouco mais de uma semana para aprovar uma série de cortes de gastos de mais de 3 bilhões de euros, enquanto se prepara para uma eleição geral antecipada que deve ocorrer em abril.
O ministro da Economia, Evangelos Venizelos, disse a jornalistas que os setores de impostos e Previdência serão afetados.
O gabinete de governo da Grécia vai se reunir com os partidos da coalizão na noite desta terça-feira e, depois desta reunião, os plano de cortes serão entregues ao Parlamento, que deve votar as medidas na quarta-feira.
De acordo com o editor da BBC para a Europa Gavin Hewitt, as medidas de monitoramento estão sendo vistas como são uma intrusão "humilhante" e "sem precedentes" na soberania da Grécia.
Mais protestos
Sindicatos da Grécia convocaram novos protestos para esta quarta-feira e o líder do Partido Comunista já promete se opor aos novos cortes.
"Insistimos na luta diária para frustrar as medidas e esta luta não pode ser defensiva", disse Aleka Papariga.
Muitos gregos também não aprovam a presença permanente dos monitores europeus e a medida é vista como um golpe no orgulho nacional.
"Somos como viciados em drogas que acabaram de receber a próxima dose", disse a enfermeira aposentada Ioulia Ioannou, 70 anos, à agência de notícias Reuters. "Pela primeira vez, tenho vergonha de dizer que sou grega."
O novo empréstimo para a Grécia também não é bem visto por alguns políticos europeus. Os Parlamentos da Holanda e da Alemanha vão votar a aprovação do empréstimo na próxima semana.
O ministro da Economia da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, causou polêmica ao sugerir que a Grécia era um "poço sem fundo".
Mas, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, disse que o novo empréstimo deve evitar "um calote descontrolado com todas as suas graves implicações econômicas e sociais".
Para Barroso, a Grécia não tem escolha a não ser tentar conseguir a consolidação fiscal e a reforma estrutural.
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