A morte de Wendel só mostra que os garotos nos clubes estão largados à própria sorte. E as federações e a CBF? Só enriquecem…
Cosme Rímoli (*)
O triste escândalo do dia é a morte de um garoto de 14 anos.
O nome dele: Wendel Junior Venâncio da Silva.
Era da pequena cidade de João Nepomuceno.
Saiu de Minas Gerais para um período de testes no Vasco.
Mostrou um mero papel em que estava escrito que estava apto para treinos.
Estava no CT de Itaguaí.
Passou mal durante o treino e morreu.
Hoje foi um dos dias mais quentes do ano.
Mas quem se importa com isso?
Ele poderia se chamar Pedro, Jorge, Ricardo, Nélio...
O clube poderia ser qualquer outro do País.
As exceções são pouquíssimas.
A grande maioria das equipes no Brasil expõe seus adolescentes à própria sorte.
Nada de ambulância ou médicos acompanhando os treinamentos.
Eles costumam acontecer longe das mordomias do elenco profissional.
Os jogadores que já fazem parte do elenco ainda costumam fazer exames médicos.
Agora, os que chegam para período de testes, bastam mostrar uma ficha dizendo estar tudo bem.
Quando esses garotos não têm clubes, nem a ficha costumam mostrar.
Vão direto para o campo.
E seja o que Deus quiser.
Não há qualquer fiscalização.
As federações estaduais de futebol que poderiam cuidar disso, têm outras preocupações.
A principal, organizer seus campeonatos e ganhar o máximo de dinheiro possível.
Cuidar de garotos está fora de questão.
Tudo isso acontece nos clubes grandes.
Nos pequenos, então, a situação é precária.
Não há o menor controle em relação à alimentação, saúde, nada.
O que interessa é se o menino sabe jogar futebol para ganhar dinheiro em cima dele.
Outro problema gravíssimo é a pedofilia.
As autoridades fecham os olhos.
E ele continua acontecendo por toda a parte.
Criminosos cuidam de meninos entregues por pais iludidos.
As histórias são abafadas todos os dias.
Outra vez, as federações são omissas, não têm a menor preocupação com isso.
O Brasil que disputa a Libertadores, a Seleção Brasileira dá a impressão que no futebol tudo é lindo, maravilhoso.
Mas basta olhar de verdade para as entranhas desse esporte para se revoltar.
A morte de Wendell é apenas mais uma.
A notícia do dia.
Muitos vão falar em fatalidade.
Mas na verdade é um grande desleixo da sociedade em relação a esses meninos.
As condições dos times do Norte do País para disputar a Copa São Paulo são vergonhosas...
E a Copa São Paulo é o torneio mais rico do Brasil nas categorias de base...
Eles só interessam quando viram grandes jogadores.
Enquanto isso, podem morrer treinando...
Ou sendo assediados por pedófilos...
Ou falsificando documentos para nascer mais jovens nos papéis...
Quantos Wendel morrem pelo país por ano?
Só soubemos dele porque foi no Vasco...
Esse é o país da Copa de 2014...
Da Olimpíada de 2016...
(*)Jornalista esportivo e que trabalhou 22 anos no Jornal da Tarde
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