Havelange renuncia ao COI dias antes de possível expulsão
Na Folha.com
DA ASSOCIATED PRESS
O ex-presidente da Fifa, João Havelange, 95, renunciou ao Comitê Olímpico Internacional (COI) dias antes de a entidade anunciar decisão sobre casos de corrupção ocorridos dos últimos anos e que envolvia o nome do brasileiro, segundo revelou a agência de notícias "Associated Press".
Ex-genro do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, Havelange, membro da entidade olímpica há 48 anos, era um dos homens mais influentes do esporte mundial. O brasileiro apresentou sua carta de renúncia na última quinta-feira.
A ação acontece poucos dias antes de o comitê de ética do COI recomendar sanções pesadas contra Havelange no caso envolvendo a agência ISL, que trabalhava com o marketing da Fifa.
Havelange, membro do COI desde 1963, está sob investigação por supostamente receber um pagamento de US$ 1 milhão (cerca de R$ 1,7 milhão) da ISL. Dois outros integrantes do COI, Lamine Diack e Issa Hayatou, também estão sob investigação, mas devem sofrer sanções menores.
A suspensão de dois anos ou até mesmo a possível expulsão era esperada na reunião da próxima quinta-feira no conselho executivo do COI, em Lausanne, na Suíça.
Com sua renúncia, o caso de ética contra ele deverá ser arquivado.
Havelange tornou-se o primeiro dirigente de fora do continente europeu a ganhar a eleição para o cargo mais alto da Fifa. Para isso, ele rodou o mundo atrás dos votos de africanos e asiáticos, continentes que, naquela época, não tinham representação na entidade mundial do futebol.
Minha análise
José Cruz (*)
O caso “Havelange” foi denunciado pelo jornalista escocês, Andrew Jennings, que há muitos anos persegue a veracidade de informações sobre o pagamento de propinas a poderosos cartolas, para influenciarem em decisões de interesses comerciais.
Em recente depoimento no Senado Federal, Jennings – autor do livro “Jogo Sujo – os bastidores da Fifa” – reafirmou que não duvidava do envolvimento de Havelange e do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, no caso do pagamento das propinas, pela ISL.
Segundo o jornalista, a Justiça da Suíça concluiu as investigações em junho último, mas não divulgou as conclusões a pedido de advogados da Fifa.
Espero que a renúncia de Havelange divulgada pela AP não iniba a Justiça suíça de dar publicidade sobre o assunto.
E, a se confirmarem as informações, evidenciam-se, por persistência de um jornalista, as imundices que os grandes eventos do esporte escondem do público, iludindo os torcedores.
(*) Jornalista e que cobre há mais de 20 anos os bastidores da política e economia do esporte, acompanhando a execução orçamentária do governo, a produção de leis e o uso de verbas estatais na área esportiva
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