Renato Gomes Nery (*)
Depois do intenso esforço veio a satisfação e o júbilo: a Cidade de Cuiabá, no Estado do Mato Grosso, é uma das sub-sedes da Copa do Mundo, à realizar-se no Brasil, no ano de 2.014. Uma grande vitória - que vinha acompanhada de soluções quase mágicas - para os inúmeros problemas da cidade, notadamente, na sua infra-estrutura, com ênfase para sua mobilidade urbana, que transformará uma cidade provinciana em metrópole.
Na questão da mobilidade urbana a decisão era entre o BLT – transporte rápido de ônibus – que nada mais é do que um corredor de deslocamento de ônibus, e do VLT – veículo leve sobre trilho – este é uma espécie de bonde elétrico que se desloca sobre trilhos. O Governo Federal que já havia liberado verbas para implantação dos corredores do BRT, fora convencido pelos Governos da Baia e de Mato Grosso a implantarem o VLT. “O VLT de Mato Grosso deve ter 23 quilômetros de extensão e ligar Várzea Grande a Cuiabá. O custo da obra vai se de R$ 1,1 bilhão enquanto que no BRT este custo seria de R$ 451 milhões.
O VLT de Salvador ligará o Aeroporto da Bahia até o Centro de Salvador pela Avenida Paralela. O custo deste trecho é estimado em R$ 2,6 bilhões enquanto que do BRT no mesmo trajeto seria de cerca de R$ 500 milhões”, segundo o jornalista Adamo Bazani.
Sem considerar as poderosas influências de parte a parte e de muitos outros interessados, um dos receios seria os custos e outro maior ainda o cumprimento dos prazos de construção da obra. Governo da Bahia garantiu que a entrega dar-se-á em abril/2014 e o de Mato Grosso em dezembro/2014.
Em nosso Estado, todavia, surgiu uma pedra no caminho. Pedra esta de difícil remoção. O Jornal, O Estado de São Paulo, noticiou, na semana passada, mas o Governo do Estado de Mato Grosso e o Ministério das Cidades negam que, a pedido destes houve supostas mudanças do parecer técnico, alterando a matriz de responsabilidade das obras da Copa para garantir à Mato Grosso a opção pelo VLT.
A matéria foi noticia nacional, na semana passada inteira, e promete ainda muitos desdobramentos. Existe no Senado pedido de afastamento do Ministro das Cidades, acusado, também, de outras pretensas irregularidades. E por ia vai à bola de neve se deslocando, ladeira abaixo.
O que vai acontecer? No mínimo, a paralisação do processo administrativo do VLT para apuração das denúncias, com a nomeação de uma “rigorosa comissão” para apurar os fatos, sem se saber o que acontecerá depois. E, no máximo, uma possível decisão judicial suspendendo tudo, com resultados incertos e imprevisíveis no futuro.
E agora José? A festa acabou, a luz se apagou e o povo sumiu... Ao contrário dos versos de Drumond, o povo não sumiu, mas vai andar a pé. Esperamos e torcemos, ardentemente, para estarmos errados e que os responsáveis sejam capazes de reverter este quadro. Senão ficaremos com cara de Carolina sem ver - não a banda - mas o ônibus do BRT que já passou e o bonde do VLT passar.
(*) Advogado em Cuiabá. E-mail- rgnery@terra.com.br
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