Antenor Pereira Giovannini (*)
Talvez seja apropriado esclarecer que a palavra idiota tem sua origem no grego “idiótes” que significa homem de espírito curto, ignorante. Assim como eu, acredito que neste País muitas outras pessoas com discernimento se sintam nesse estado de total ignorância, de total idiotice diante do assunto do momento, que envolve o distinto Presidente do Senado, o Sr. José Sarney, assim como as manifestações de solidariedade apresentadas pelo nosso Presidente Viajante, aliás, emitidas de alguma parte do planeta, já que parece ser mais importante nesse momento se fazer passar por estadista em vez de Presidente.
Não deve ser novidade que mais uma vez o Senado Federal vai parar nos principais órgãos da imprensa em geral, não pelos seus feitos e pelos projetos votados destinados à população, mas, sim por mais um escândalo envolvendo coluios ajustados na calada da noite e ações executadas por debaixo do pano. O povo, ora, ao povo damos esmolas e eles aplaudem e nos dão 80% de popularidade. E vamos continuar essa farra do boi que eles nem sentem. São todos idiotas.
Tem-se tornado humanamente impossível conseguir entender o significado e conteúdo dessa palavra “política”. Ela é execrável, baixa, abjeta, praticada de forma espúria para que esses lacaios e velhacos possam se aproveitar da melhor forma possível. E, talvez como parte do quadro de degeneração moral, ninguém tem memória ou, o que é pior, tem memória conveniente e seletiva. Todos os envolvidos em política têm uma incrível capacidade de “esquecer”. Quando se trata de cuidar de interesses pessoais, das benesses e folguedos do poder, para que ter memória? . “Nós sabemos que antigamente se dizia que o Ademar de Barros era ladrão, que o Maluf era ladrão. Pois bem: Ademar de Barros e Maluf poderiam ser ladrões, mas eles são trombadinhas perto do grande ladrão que é o governante da Nova República, perto dos assaltos que se faz”, Essa fala foi proferida por um certo Lula, em 1987, em um evento em Aracaju, referindo-se, ao então presidente José Sarney. Já em 2009, 12 anos depois, se é obrigado a ouvir e ver a mesma pessoa, apenas que em função diferente dizer “Temos que respeitar os 50 anos de vida pública de um homem de bem, de um homem que tem que ser considerado diferente dos demais”. O ladrão deixou de ser ladrão e virou fenômeno, virou homem de bem. Se isso não é fazer as pessoas de idiotas, não sei qual significado.
. Para quem porventura não saiba ou tenha se esquecido, esse senhor que é visto pelo atual ocupante da cadeira presidencial como merecedor de tratamento especial, diferente dos demais, é um ”menino” de quase 80 anos e que deveria ir cuidar de galinha na sua enorme fazenda maranhense ao invés de achar que ainda pode cuidar de um Senado Federal. Sua história circula livremente entre o território do real e do fictício uma vez que um dos poucos, se é que não o único que conseguiu sobreviver a todos os governos que se sucederam independente de que ideologia estivessem praticando Está na política desde 1950, portanto há quase 60 anos, o que demonstra que a cola é consistente porque não larga a cadeira. Conseguiu se eleger pela primeira vez para o cargo de deputado federal em 1955. Atuou ao lado de Jango Goulart antes do Regime Militar, já tendo dado apoio a Janio Quadros na antiga UDN. Foi Presidente da antiga ARENA, depois do PDS, o partido de fachada da ditadura militar que depôs Jango Goulart por ter viézes comunistas. Quando a ditadura já agonizava, transferiu-se para o MDB, partido igualmente de fachada criado por ato institucional para compor o cenário de uma maquete de democracia que durou 21 anos no Brasil. O MDB, posteriormente se transformou nessa alcatéia que hoje recebe o nome de PMDB. Fundou outra instituição pretensamente política e sem qualquer forma ideológica que atendia pelo nome de Partido da Frente Liberal – PFL tendo como parceiro ou comparsa certo Antonio Carlos Magalhães. O PFL, sigla que significa coisas alguma, se transformou no DEM, que manteve a mesma falta de conteúdo da sigla anterior. Apoiou Itamar Franco e depois Fernando Henrique Cardoso. E finalmente alugou seu apoio ao PT do Lula nas eleições de 2002. . Em palavras mais simples e objetivas, essa é a mais fiel versão humana do camaleão que se poderia imaginar. O nosso amigo não tem preferência de cor de camisa. Sua opção deslavada é ficar ao lado do poder. Após ser Presidente da República, quando substituiu Tancredo Neves que havia falecido, não se sentiu minimamente constrangido em “transferir sua moradia” para o estado do Amapá por quem se tornou Senador até hoje. É a 3ª. Vez que assume a Presidência do Senado Federal. Esse é o sujeito que se sente ofendido por estar sendo julgado por falcatruas e que alega em seu favor uma ficha de 50 anos de serviços prestados ao país. E não está só. Conta com o apoio do outro camaleão, esse mais novo e menos letrado, mas igualmente daltônico em matéria de cor moral e política.
Vale ressaltar que seu período como Presidente da República foi um primor e nele houve de tudo, desde uma hiperinflação até moratória. Os arquivos da República melhor podem apresentar os inúmeros escândalos envolvendo seu governo embora as acusações nunca tenham sido levadas adiante, principalmente as de superfaturamento em obras e licitações públicas. Criou o famigerado Plano Cruzado com congelamento de preços por 12 meses e a adoção do gatilho salarial para inflação que chegasse aos 20%. Com crise de abastecimento e o ágio disseminado por todo Pais, vieram novos Planos Econômicos, dentre eles o Cruzado II Tal qual dirigente de time de futebol, foi trocando de Ministro para ver se algum deles resolvia o jogo. Com os novos Ministros vieram o Plano Bresser e o Plano Verão que apenas constataram a ineficiência na condução do país. Antes de passar o bastão gerou uma inflação de mais de 2.700%. Não contente continuou sua farra do boi à frente do Senado. Ao ser descoberto recebendo auxilio moradia apesar de dispor de residência própria em Brasília, a principio simplesmente negou e depois que ficou confirmado, alegou desconhecer que estava recebendo há tanto tempo tal beneficio. E agora vêm à tona essas nomeações por debaixo do pano. Descaradamente, dentro da lista havia uma sua sobrinha arquiteta recebendo R$ 1.500,00 por mês, alocada no setor de Cafeteria, mas com o intrigante detalhe de que reside na Espanha, onde estuda.
Se isso não significa safadeza explicita, se isso não significa canalhice, se tudo isso não é chamar o povo com discernimento, o povo que ainda pensa nesse País, de idiota, fica realmente muito difícil definir o que realmente tudo isso significa. Talvez tenhamos que agradecer pelo fato de sermos chamados de Idiotas.
(*) Aposentado e morador em Santarém
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