Nasce um time uruguaio em plena Água Branca. O Palmeiras subverteu a lógica. Não deixou o Libertad respirar. Venceu e conseguiu o que ninguém esperava. Está nas oitavas da Libertadores. O Pacaembu virou uma filial do inferno…
Cosme Rímoli (*)
"Eu saí puto.
Não estava me aguentando de tanta câimbra.
Mas queria continuar em campo.
Queria jogar com a torcida até o fim."
O desabafo de Vinícius resume o que aconteceu no Pacaembu.
Foi uma catarse entre um time e seus torcedores.
O Palmeiras superou as muitas limitações.
E conseguiu o que ninguém esperava.
Com um jogador a menos, Wesley foi expulso.
Acabou com a invencibilidade do Libertad.
E está classificado para as oitavas-de-final da Libertadores.
Com uma rodada de antecedência.
O Pacaembu se transformou em uma arena para os adversários.
Três partidas e três vitórias.
Suadas, absurdas, inesperadas.
O que o time de Gilson Kleina fez hoje não combina com o Brasil.
Os jogadores pareciam uruguaios da década de sessenta.
Quando faltava técnica, apelavam para a raça, vibração, força.
Sem dinheiro para ter talento, o Palmeiras apelou para o que possuía.
Peças que sobraram do time rebaixado com jogadores vindo de empréstimo.
Nem os que vieram em troca de Barcos puderam atuar.
Como a revelação Leandro, já inscrito pelo time gaúcho.
Gilson Kleina procurou Fabiano Xhá.
Sabia ter nas mãos um time limitado.
Queria ao menos que fosse o melhor preparado da Libertadores.
Sua estratégia exigiria atletas com condições de correr os 90 minutos.
Se não houvesse dribles, lançamentos, tabelas, haveria correria, coração.
Onde estivesse a bola era para ter dois jogadores do Palmeiras.
Gilson Kleina sabia que seu adversário era o mais forte do grupo.
O Libertad tem uma equipe técnica, de toque e muita força física.
O plano era simples e ao mesmo tempo ousado.
Parecia traçado para maratonistas.
E foi no que o técnico transformou o Palmeiras.
Sua estratégia: 3-6-1.
Sim, três zagueiros, seis no meio de campo.
E apenas Vinícius na frente.
Mas empolgado, muitas vezes, ele recuava.
Durante muito tempo no jogo o Palmeiras teve 5-5-0.
Cinco na zaga e cinco no meio de campo.
Ninguém na frente.
Uma santa loucura.
Os paraguaios não esperavam tanta dedicação, tanta raça.
Esperavam um time brasileiro de toque, lento.
Foram atropelados.
Tentaram eles tocar a bola e não conseguiam.
Guiñazu, volante que marcou época pela luta, lembrava Ganso perto dos palmeirenses. Eles vibravam como gols cada dividida que ganhavam.
Colocavam a cabeça na chuteira dos paraguaios.
Encostavam, empurravam, dificultavam o 4-4-2 clássico do adversário.
Não havia espaço para contragolpes.
O Palmeiras marcou a saída de bola do início ao fim de jogo.
Era uma estratégia que parecia reunir 11 camicazes.
Apenas Vinícius mostrava um pouco de técnica.
Os demais eram guerreiros.
A torcida fazia sua parte gritando e pulando sem parar.
Não havia consciência tática, técnica, só coração.
Até mesmo Ayrton e Wesley, descobriram sangue nas veias.
Foi um espetáculo fora do comum.
Chutões, correria e marcação contra o espanto dos paraguaios.
A dedicação palmeirense superou a técnica maior dos rivais.
O primeiro tempo terminou em 0 a 0.
O Libertad encurralado em seu campo, sem saber o que fazer.
Um fator que servia como doping aos palmeirenses era a tabela.
A vitória do Tigre diante do Sporting Cristal trouxe a chance.
Bastaria uma vitória hoje e viria a classificação.
Quando muitos acreditavam que faltaria fôlego, o Palmeiras repetiu a dose.
Pouco importava a chuva, o gramado pesado.
Os jogadores corriam, alucinados.
Davam chutões para as laterais e comemoravam.
E dentro desse espírito, os deuses do futebol ajudaram.
Ficaram emocionados com tanta luta, tanta vontade.
Wesley tentou chutar a gol.
A bola foi fraca.
Mas encontrou o volante Charles passeando na área paraguaia.
Ele surgiu livre diante de Muñoz.
O chute foi seco, sem cacoete de atacante, sem técnica.
Mas a bola passou debaixo das pernas do bom goleiro.
Palmeiras 1 a 0, aos sete minutos do segundo tempo.
O Pacaembu parecia que iria explodir de tanta felicidade.
Se o Brasil for hexacampeão, o Maracanã não terá tanta vibração.
No banco de reservas, Gilson Kleina estava enlouquecido.
Abraçava quem passasse pela frente.
O time paraguaio continuou desnorteado.
Assim como Wesley, que confundiu raça, com falta de malícia.
Se irritou com os paraguaios e fez faltas seguidas.
Acabou recebendo o cartão vermelho.
Tudo ficou ainda mais dramático.
Fernando Prass teve de se desdobrar.
Com as mãos e até com os pés fez uma defesa fantástica.
O tempo foi passando e os paraguaios não conseguiam tocar a bola.
Resolveram levantar a bola na área.
Foi mais sufoco.
E o relógio correndo, a lógica indo para o espaço.
No final, vitória heróica do Palmeiras.
Classificação antecipada.
Uma das poucas vezes que maratonistas vestiram a camisa verde.
Sem técnica, mas com todo o coração.
Mostram que o Palmeiras descobriu a sua maneira de ser respeitado.
Se na fase de classificação o Pacaembu já foi esse inferno.
No mata-mata da Libertadores deverá ser insuportável.
A falta de técnica fez nascer um time uruguaio na Água Branca.
Que não deixa o adversário respirar.
E fará muitos favoritos desejar ficar longe do Pacaembu.
Bem distante desta filial do inferno...
(*) Jornalista e comentarista esportivo
Cosme Rímoli (*)
"Eu saí puto.
Não estava me aguentando de tanta câimbra.
Mas queria continuar em campo.
Queria jogar com a torcida até o fim."
O desabafo de Vinícius resume o que aconteceu no Pacaembu.
Foi uma catarse entre um time e seus torcedores.
O Palmeiras superou as muitas limitações.
E conseguiu o que ninguém esperava.
Com um jogador a menos, Wesley foi expulso.
Acabou com a invencibilidade do Libertad.
E está classificado para as oitavas-de-final da Libertadores.
Com uma rodada de antecedência.
O Pacaembu se transformou em uma arena para os adversários.
Três partidas e três vitórias.
Suadas, absurdas, inesperadas.
O que o time de Gilson Kleina fez hoje não combina com o Brasil.
Os jogadores pareciam uruguaios da década de sessenta.
Quando faltava técnica, apelavam para a raça, vibração, força.
Sem dinheiro para ter talento, o Palmeiras apelou para o que possuía.
Peças que sobraram do time rebaixado com jogadores vindo de empréstimo.
Nem os que vieram em troca de Barcos puderam atuar.
Como a revelação Leandro, já inscrito pelo time gaúcho.
Gilson Kleina procurou Fabiano Xhá.
Sabia ter nas mãos um time limitado.
Queria ao menos que fosse o melhor preparado da Libertadores.
Sua estratégia exigiria atletas com condições de correr os 90 minutos.
Se não houvesse dribles, lançamentos, tabelas, haveria correria, coração.
Onde estivesse a bola era para ter dois jogadores do Palmeiras.
Gilson Kleina sabia que seu adversário era o mais forte do grupo.
O Libertad tem uma equipe técnica, de toque e muita força física.
O plano era simples e ao mesmo tempo ousado.
Parecia traçado para maratonistas.
E foi no que o técnico transformou o Palmeiras.
Sua estratégia: 3-6-1.
Sim, três zagueiros, seis no meio de campo.
E apenas Vinícius na frente.
Mas empolgado, muitas vezes, ele recuava.
Durante muito tempo no jogo o Palmeiras teve 5-5-0.
Cinco na zaga e cinco no meio de campo.
Ninguém na frente.
Uma santa loucura.
Os paraguaios não esperavam tanta dedicação, tanta raça.
Esperavam um time brasileiro de toque, lento.
Foram atropelados.
Tentaram eles tocar a bola e não conseguiam.
Guiñazu, volante que marcou época pela luta, lembrava Ganso perto dos palmeirenses. Eles vibravam como gols cada dividida que ganhavam.
Colocavam a cabeça na chuteira dos paraguaios.
Encostavam, empurravam, dificultavam o 4-4-2 clássico do adversário.
Não havia espaço para contragolpes.
O Palmeiras marcou a saída de bola do início ao fim de jogo.
Era uma estratégia que parecia reunir 11 camicazes.
Apenas Vinícius mostrava um pouco de técnica.
Os demais eram guerreiros.
A torcida fazia sua parte gritando e pulando sem parar.
Não havia consciência tática, técnica, só coração.
Até mesmo Ayrton e Wesley, descobriram sangue nas veias.
Foi um espetáculo fora do comum.
Chutões, correria e marcação contra o espanto dos paraguaios.
A dedicação palmeirense superou a técnica maior dos rivais.
O primeiro tempo terminou em 0 a 0.
O Libertad encurralado em seu campo, sem saber o que fazer.
Um fator que servia como doping aos palmeirenses era a tabela.
A vitória do Tigre diante do Sporting Cristal trouxe a chance.
Bastaria uma vitória hoje e viria a classificação.
Quando muitos acreditavam que faltaria fôlego, o Palmeiras repetiu a dose.
Pouco importava a chuva, o gramado pesado.
Os jogadores corriam, alucinados.
Davam chutões para as laterais e comemoravam.
E dentro desse espírito, os deuses do futebol ajudaram.
Ficaram emocionados com tanta luta, tanta vontade.
Wesley tentou chutar a gol.
A bola foi fraca.
Mas encontrou o volante Charles passeando na área paraguaia.
Ele surgiu livre diante de Muñoz.
O chute foi seco, sem cacoete de atacante, sem técnica.
Mas a bola passou debaixo das pernas do bom goleiro.
Palmeiras 1 a 0, aos sete minutos do segundo tempo.
O Pacaembu parecia que iria explodir de tanta felicidade.
Se o Brasil for hexacampeão, o Maracanã não terá tanta vibração.
No banco de reservas, Gilson Kleina estava enlouquecido.
Abraçava quem passasse pela frente.
O time paraguaio continuou desnorteado.
Assim como Wesley, que confundiu raça, com falta de malícia.
Se irritou com os paraguaios e fez faltas seguidas.
Acabou recebendo o cartão vermelho.
Tudo ficou ainda mais dramático.
Fernando Prass teve de se desdobrar.
Com as mãos e até com os pés fez uma defesa fantástica.
O tempo foi passando e os paraguaios não conseguiam tocar a bola.
Resolveram levantar a bola na área.
Foi mais sufoco.
E o relógio correndo, a lógica indo para o espaço.
No final, vitória heróica do Palmeiras.
Classificação antecipada.
Uma das poucas vezes que maratonistas vestiram a camisa verde.
Sem técnica, mas com todo o coração.
Mostram que o Palmeiras descobriu a sua maneira de ser respeitado.
Se na fase de classificação o Pacaembu já foi esse inferno.
No mata-mata da Libertadores deverá ser insuportável.
A falta de técnica fez nascer um time uruguaio na Água Branca.
Que não deixa o adversário respirar.
E fará muitos favoritos desejar ficar longe do Pacaembu.
Bem distante desta filial do inferno...
(*) Jornalista e comentarista esportivo
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