Sonho grande
De Cristiane Correa
Livro narra a trajetória do trio de empresários que criou a Ambev e protagonizou alguns dos maiores negócios do capitalismo mundial nos últimos anos. A estratégia deles é estipular metas ousadas - e persegui-las com tenacidade.
A aquisição da empresa americana de alimentos Heinz, em fevereiro, pelos empresários brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira não chegou a surpreender a comunidade internacional dos negócios. Em quatro anos e meio, eles já haviam arrematado a dona da Budweiser, a cerveja mais vendida no mundo, e o Burger King, a segunda maior rede de fast-food. Mais importante, imprimiram a sua marca de eficiência administrativa nas duas empresas, recolocando-as no caminho dos bons resultados. Para quem os conhece há mais tempo, a compra da Heinz só reafirmou a determinação do trio. Tome-se o exemplo do americano Jim Collins, o consultor de negócios mais respeitado da atualidade. Para ele, Lemann, Telles e Sicupira já deixaram a sua marca ao lado de visionários como Walt Disney, Henry Ford, Sam Walton (Walmart), Akio Morita (Sony) e Steve Jobs (Apple). É o que diz Collins no prefácio de Sonho Grande, da jornalista Cristiane Correa, que chega às livrarias no próximo dia 9. O livro conta a trajetória de obstinação e competência de Lemann, Telles e Sicupira na perseguição de seus objetivos e, por que não dizer, sonhos. Afinal, como costumam afirmar: "Sonhar pequeno dá o mesmo trabalho que sonhar grande. Então, por que não sonhar grande?". O pensamento paira como um mantra sobre todos os negócios administrados pelo trio e sua equipe.
Para escrever o livro, Cristiane Correa conversou com uma centena de pessoas - exceto seus três personagens, historicamente avessos a entrevistas. A ascensão do trio começou em 1971, com a compra da corretora Garantia, por Lemann e outros sócios - ela se transformou no maior banco de investimentos do país. Foi a partir dali que nasceram projetos como a compra da Lojas Americanas, em 1982, e a da Brahma, em 1989. Depois viria a fusão com a Antarctica, em 1999, que resultou na criação da Ambev. As uniões com os belgas da Interbrew, em 2004, e com os americanos da Anheuser-Busch, em 2008, deram origem à AB InBev, a maior cervejaria do mundo. O maior mérito deles, porém, foi ter desenvolvido e disseminado um modelo de gestão com base na meritocracia, ou seja, no reconhecimento a quem trabalha duro e traz resultados e na redução de custos. Em outras palavras, na busca incessante pelos lucros e pela expansão dos negócios. Nessa trajetória, eles formaram alguns dos melhores executivos do país. Trata-se de uma prova de que um dos sonhos do trio já é realidade: a perpetuação de sua cultura empresarial.
Lemann, de 73 anos, é de uma geração anterior à de seus dois parceiros. Filho de um imigrante suíço, fundador da fabricante de laticínios Leco (abreviação para Lemann & Company), ele nunca chegou a trabalhar na empresa do pai, optando por atuar no mercado financeiro. Telles, hoje com 63 anos, e, depois, Sicupira, 64, foram contratados para trabalhar no Garantia em 1972 e 1973, respectivamente. Começaram por baixo, mas subiram rapidamente na hierarquia e logo conquistaram a confiança do sócio controlador. Lemann inovara ao adotar o sistema de bônus com base em metas, em vez do tempo de casa ou no cargo, e em oferecer sociedade a quem se destacasse. Pagava salários abaixo dos de mercado, mas compensava agressivamente com a remuneração variável. O banco ganhou fama pelo ambiente competitivo e pelas longas jornadas de trabalho. Quem não se enquadrava saía logo - caso do economista Eduardo Giannetti da Fonseca, que não durou mais de uma semana nos anos 90. Na Brahma, uma das inspirações para dar mais produtividade aos negócios foi o modelo 20-70-10, idealizado pelo lendário Jack Welch, ex-presidente da General Electric. A cada ano, os 20% de funcionários com melhor desempenho eram premiados; os 70% seguintes mantinham o emprego; e os 10% com pior resultado eram demitidos.
A trajetória do trio não é isenta de fracassos. A venda do Garantia para o Credit Suisse, em 1998, ocorreu depois de o banco sofrer um prejuízo de 110 milhões de dólares com a crise asiática. Investidores perderam muito dinheiro, e o patrimônio dos fundos administrados caiu pela metade. Lemann não conseguiu passar o banco para os sócios mais novos e definiu o episódio como uma de suas maiores decepções, porque a sua primeira grande criação não seria perpetuada. Mas assimilar as razões de uma falha é, obviamente, uma das virtudes dos vencedores.
De Cristiane Correa
Livro narra a trajetória do trio de empresários que criou a Ambev e protagonizou alguns dos maiores negócios do capitalismo mundial nos últimos anos. A estratégia deles é estipular metas ousadas - e persegui-las com tenacidade.
A aquisição da empresa americana de alimentos Heinz, em fevereiro, pelos empresários brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira não chegou a surpreender a comunidade internacional dos negócios. Em quatro anos e meio, eles já haviam arrematado a dona da Budweiser, a cerveja mais vendida no mundo, e o Burger King, a segunda maior rede de fast-food. Mais importante, imprimiram a sua marca de eficiência administrativa nas duas empresas, recolocando-as no caminho dos bons resultados. Para quem os conhece há mais tempo, a compra da Heinz só reafirmou a determinação do trio. Tome-se o exemplo do americano Jim Collins, o consultor de negócios mais respeitado da atualidade. Para ele, Lemann, Telles e Sicupira já deixaram a sua marca ao lado de visionários como Walt Disney, Henry Ford, Sam Walton (Walmart), Akio Morita (Sony) e Steve Jobs (Apple). É o que diz Collins no prefácio de Sonho Grande, da jornalista Cristiane Correa, que chega às livrarias no próximo dia 9. O livro conta a trajetória de obstinação e competência de Lemann, Telles e Sicupira na perseguição de seus objetivos e, por que não dizer, sonhos. Afinal, como costumam afirmar: "Sonhar pequeno dá o mesmo trabalho que sonhar grande. Então, por que não sonhar grande?". O pensamento paira como um mantra sobre todos os negócios administrados pelo trio e sua equipe.
Para escrever o livro, Cristiane Correa conversou com uma centena de pessoas - exceto seus três personagens, historicamente avessos a entrevistas. A ascensão do trio começou em 1971, com a compra da corretora Garantia, por Lemann e outros sócios - ela se transformou no maior banco de investimentos do país. Foi a partir dali que nasceram projetos como a compra da Lojas Americanas, em 1982, e a da Brahma, em 1989. Depois viria a fusão com a Antarctica, em 1999, que resultou na criação da Ambev. As uniões com os belgas da Interbrew, em 2004, e com os americanos da Anheuser-Busch, em 2008, deram origem à AB InBev, a maior cervejaria do mundo. O maior mérito deles, porém, foi ter desenvolvido e disseminado um modelo de gestão com base na meritocracia, ou seja, no reconhecimento a quem trabalha duro e traz resultados e na redução de custos. Em outras palavras, na busca incessante pelos lucros e pela expansão dos negócios. Nessa trajetória, eles formaram alguns dos melhores executivos do país. Trata-se de uma prova de que um dos sonhos do trio já é realidade: a perpetuação de sua cultura empresarial.
Lemann, de 73 anos, é de uma geração anterior à de seus dois parceiros. Filho de um imigrante suíço, fundador da fabricante de laticínios Leco (abreviação para Lemann & Company), ele nunca chegou a trabalhar na empresa do pai, optando por atuar no mercado financeiro. Telles, hoje com 63 anos, e, depois, Sicupira, 64, foram contratados para trabalhar no Garantia em 1972 e 1973, respectivamente. Começaram por baixo, mas subiram rapidamente na hierarquia e logo conquistaram a confiança do sócio controlador. Lemann inovara ao adotar o sistema de bônus com base em metas, em vez do tempo de casa ou no cargo, e em oferecer sociedade a quem se destacasse. Pagava salários abaixo dos de mercado, mas compensava agressivamente com a remuneração variável. O banco ganhou fama pelo ambiente competitivo e pelas longas jornadas de trabalho. Quem não se enquadrava saía logo - caso do economista Eduardo Giannetti da Fonseca, que não durou mais de uma semana nos anos 90. Na Brahma, uma das inspirações para dar mais produtividade aos negócios foi o modelo 20-70-10, idealizado pelo lendário Jack Welch, ex-presidente da General Electric. A cada ano, os 20% de funcionários com melhor desempenho eram premiados; os 70% seguintes mantinham o emprego; e os 10% com pior resultado eram demitidos.
A trajetória do trio não é isenta de fracassos. A venda do Garantia para o Credit Suisse, em 1998, ocorreu depois de o banco sofrer um prejuízo de 110 milhões de dólares com a crise asiática. Investidores perderam muito dinheiro, e o patrimônio dos fundos administrados caiu pela metade. Lemann não conseguiu passar o banco para os sócios mais novos e definiu o episódio como uma de suas maiores decepções, porque a sua primeira grande criação não seria perpetuada. Mas assimilar as razões de uma falha é, obviamente, uma das virtudes dos vencedores.
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