Paulo Leandro Leal (*)
A Usina Hidrelétrica de Belo Monte é uma obra essencial para o Brasil. Sem ela, teríamos dificuldades de atender a demanda da energia elétrica nos próximos anos. Por isso o governo decidiu enfrentar organizações ambientalistas poderosas e o lobby indigenista e construir a mega hidrelétrica. A idéia era fazer do empreendimento um modelo de grande projeto na Amazônia dentro de um novo paradigma: a sustentabilidade. Mas Belo Monte nasceu com um problema de origem grave, unindo o atrasado oligarquismo brasileiro ao novo nacionalismo-estatismo. Belo Monte já nasceu velha.
O maior problema de Belo Monte não é a questão ambiental. Muito menos indígena. O maior problema do projeto se chama Norte Energia S/A. A empresa que venceu a concessão pública do empreendimento é um mostrengo criado pelo governo às vésperas da licitação. Deveria ser privada, mas na prática funciona como um braço do estado, controlado pelo governo federal, através de empresas estatais e dos fundos de pensão. Reúne a conhecida incompetência estatal brasileira à voracidade de um capitalismo que já deveria ter morrido no século passado.
Tudo somado, a Norte Energia reúne o que há de mais atrasado no Brasil em matéria de divisão entre o que é público e o que é privado. Na empresa, esta divisão simplesmente não existe, confundindo-se interesses de grandes empresas aos do governo, ou mesmo servindo para acomodar interesses de velhas oligarquias políticas que há muito deveriam estar desalojadas do coração do poder. A empresa se transformou numa espécie de órgão governamental a serviço do lucro de grandes empreiteiras e traders do setor elétrico e da mineração.
O resultado não poderia ser pior. Uma empresa que parece pairar acima do bem e do mal. Com poderes para destituir de presidentes do Ibama até calar membros do Ministério Público Federal, ou ainda perseguir aqueles que ousam atravessar o seu caminho. É o braço pesado da União na sua pior forma. Por isso a Norte Energia não faz nenhuma questão de dialogar com a sociedade regional, que foi engana e vê a hidrelétrica sendo construída sem que as contrapartidas prometidas pelo governo sejam cumpridas.
A região sob influência do projeto está sofrendo todos os velhos problemas causados por grandes projetos na Amazônia. A economia está aquecida, mas tão logo os milhares de trabalhadores comecem a ser demitidos, tudo tende a voltar a ser como antes: desemprego, falta de infraestrutura. O cenário é de terra arrasada. Tudo por conta de uma empresa que não aceita críticas, faz questão de descumprir o que determina o licenciamento ambiental e de mudar as regras do jogo a qualquer momento.
Belo Monte vau cumprir seu papel fundamental que é gerar a energia que o Brasil precisa para crescer. Mas dificilmente será modelo de projeto na Amazônia. Tudo aponta para um caminho tortuoso: mais um grande projeto implantado na Amazônia a toque de caixa, com total desrespeito às sociedades locais e dando em troca algumas migalhas, deixando um legado de injustiças sociais e desigualdade. O governo criou o monstro, e parece alimentá-lo para que cresça ainda mais, ao invés de tentar corrigir os erros.
(*) Jornalista, empresário, empreendedor na Amazônia. É presidente da empresa Ecoamazônia Comunicação e Marketing, sócio da empresa LCTP Empreendimentos & Construções
A Usina Hidrelétrica de Belo Monte é uma obra essencial para o Brasil. Sem ela, teríamos dificuldades de atender a demanda da energia elétrica nos próximos anos. Por isso o governo decidiu enfrentar organizações ambientalistas poderosas e o lobby indigenista e construir a mega hidrelétrica. A idéia era fazer do empreendimento um modelo de grande projeto na Amazônia dentro de um novo paradigma: a sustentabilidade. Mas Belo Monte nasceu com um problema de origem grave, unindo o atrasado oligarquismo brasileiro ao novo nacionalismo-estatismo. Belo Monte já nasceu velha.
O maior problema de Belo Monte não é a questão ambiental. Muito menos indígena. O maior problema do projeto se chama Norte Energia S/A. A empresa que venceu a concessão pública do empreendimento é um mostrengo criado pelo governo às vésperas da licitação. Deveria ser privada, mas na prática funciona como um braço do estado, controlado pelo governo federal, através de empresas estatais e dos fundos de pensão. Reúne a conhecida incompetência estatal brasileira à voracidade de um capitalismo que já deveria ter morrido no século passado.
Tudo somado, a Norte Energia reúne o que há de mais atrasado no Brasil em matéria de divisão entre o que é público e o que é privado. Na empresa, esta divisão simplesmente não existe, confundindo-se interesses de grandes empresas aos do governo, ou mesmo servindo para acomodar interesses de velhas oligarquias políticas que há muito deveriam estar desalojadas do coração do poder. A empresa se transformou numa espécie de órgão governamental a serviço do lucro de grandes empreiteiras e traders do setor elétrico e da mineração.
O resultado não poderia ser pior. Uma empresa que parece pairar acima do bem e do mal. Com poderes para destituir de presidentes do Ibama até calar membros do Ministério Público Federal, ou ainda perseguir aqueles que ousam atravessar o seu caminho. É o braço pesado da União na sua pior forma. Por isso a Norte Energia não faz nenhuma questão de dialogar com a sociedade regional, que foi engana e vê a hidrelétrica sendo construída sem que as contrapartidas prometidas pelo governo sejam cumpridas.
A região sob influência do projeto está sofrendo todos os velhos problemas causados por grandes projetos na Amazônia. A economia está aquecida, mas tão logo os milhares de trabalhadores comecem a ser demitidos, tudo tende a voltar a ser como antes: desemprego, falta de infraestrutura. O cenário é de terra arrasada. Tudo por conta de uma empresa que não aceita críticas, faz questão de descumprir o que determina o licenciamento ambiental e de mudar as regras do jogo a qualquer momento.
Belo Monte vau cumprir seu papel fundamental que é gerar a energia que o Brasil precisa para crescer. Mas dificilmente será modelo de projeto na Amazônia. Tudo aponta para um caminho tortuoso: mais um grande projeto implantado na Amazônia a toque de caixa, com total desrespeito às sociedades locais e dando em troca algumas migalhas, deixando um legado de injustiças sociais e desigualdade. O governo criou o monstro, e parece alimentá-lo para que cresça ainda mais, ao invés de tentar corrigir os erros.
(*) Jornalista, empresário, empreendedor na Amazônia. É presidente da empresa Ecoamazônia Comunicação e Marketing, sócio da empresa LCTP Empreendimentos & Construções
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