domingo, 1 de janeiro de 2012

Seriedade que o Brasil não tem

Sete meses antes do início dos Jogos, a Prefeitura de Londres conclui a construção do Parque Olímpico, sem estourar o orçamento.


Vila Olímpica em Londres
Revista Isto É - Dinheiro


Os britânicos sempre foram zelosos em matéria de cumprimento de horário. Mas, no caso da Olimpíada de 2012, em Londres, eles se excederam. Cerca de sete meses antes do início dos Jogos, a Vila Olímpica, erguida na zona leste da capital inglesa, está inteiramente pronta. O mais impressionante é que, segundo os organizadores, o orçamento de US$ 14,5 bilhões foi cumprido à risca, com a vantagem adicional de que todas as edificações contam com um elevado índice de sustentabilidade. A começar pelo Estádio Olímpico. Apesar de não ser páreo, nem de longe, em design e beleza para o Ninho do Pássaro, de Pequim, o palco de abertura da competição impressiona. Com capacidade para abrigar 80 mil espectadores, o estádio tem apenas 25 mil assentos fixos. Os restantes integram uma estrutura que poderá ser removida após o fim da disputa.


Mais: em sua fundação foram utilizados 6,5 mil metros cúbicos de concreto triturado, resultantes da demolição dos prédios que existiam no terreno. Os britânicos também estão batendo outro recorde. O ginásio onde serão disputadas as partidas de basquete desponta como a maior arena temporária usada em uma Olimpíada. Com 35 metros de altura e coberto com PVC reciclado, o prédio é sustentado por mil toneladas de aço. A opção por esses materiais fez com que ele fosse erguido em apenas três meses. Tanto que, em agosto de 2011, o ginásio foi inaugurado em um evento-teste, com a participação das seleções de Reino Unido, Austrália, China, Croácia, França e Sérvia. Na avaliação de especialistas na organização de eventos esportivos, as lições de Londres devem inspirar outras cidades que vão abrigar acontecimentos desse porte, como o Rio de Janeiro.


“A experiência londrina se tornou referência em matéria de planejamento, transparência e parceria entre a iniciativa privada e o governo” disse à DINHEIRO Marcos Lacerda, presidente da Momentum Sports, baseada em São Paulo. Outro componente que também distingue Londres das demais cidades-sede é a interação dos Jogos Olímpicos com a comunidade. A localização da Vila, que ocupa uma área de 246 hectares (equivalente a 250 campos de futebol) levou em conta a capacidade do evento em requalificar e desenvolver uma das áreas mais degradadas do Reino Unido. Habitada majoritariamente por imigrantes pobres, a região tinha um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do país. 
Por conta disso, muitos moradores têm sido convidados para exibições e competições esportivas.


Os eventos-teste vêm servindo para corrigir problemas, como a acústica da arena de basquete, o piso da pista de hipismo e o circuito de bicicross. Outra preocupação dos organizadores é com relação ao legado que os jogos deixarão para a cidade, em geral, e a região, em particular. A subestação de energia, alimentada pela queima de madeira e gás natural, será usada para ampliar o abastecimento dessa parte de Londres, que experimenta um boom imobiliário. Por sua vez, edificações como o complexo de mídia e o Estádio Olímpico já entraram no radar da iniciativa privada. O primeiro está sendo disputado pelos clubes de futebol West Ham e Tottenham Hotspur. O outro foi alugado, pelo período de dez anos, por uma empresa privada. “Grandes eventos servem de anabolizante para o crescimento de uma cidade”, afirma Lacerda.

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