segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A prisão do Rei

Padre Sidney Augusto Canto (*)

Certo dia um sábio rei decidiu visitar o calabouço de seu castelo. Durante a visita começou a ouvir as queixas dos presos:
- Sou inocente! – dizia um acusado por homicídio – Vim para cá porque quis assustar a minha mulher e, sem querer, a matei.
Outro dizia:
- Sou inocente! Estou aqui acusado de suborno, mas tudo o que fiz foi oferecer um presente para um amigo...
Mais adiante outro apelava:
- Majestade, sou inocente! Me colocaram neste calabouço acusando-me de roubo, mas, apenas fiquei com um dinheiro que encontrei esquecido na rua.
E assim por diante, todos os presos clamavam inocência ao rei, até que um deles, um rapaz que aparentava uns vinte e poucos anos, lhe disse:
- Sou culpado! Feri meu irmão durante uma briga e mereço este castigo. Este lugar me faz refletir sobre o mal que causei ao meu próximo.
Então o rei, vorazmente disse ao carrasco:
- Expulsem este criminoso da prisão imediatamente! Com tantos inocentes aqui, ele terminará por corrompê-los!

Somos seres humanos, passíveis de erros e delitos. Somos todos filhos e filhas de Deus, mas também cometemos nossos pecados. A questão que a história nos leva a refletir é de como agimos diante dos nossos erros.

Quem somos nós nesta história?

Será que somos os “sempre inocentes” que são vítimas do sistema e das ações dos outros?

Será que somos os “culpados” que assumem seus erros e refletem sobre os atos cometidos?

Será que somos dignos da visita do sábio rei, que, agindo de maneira aparentemente “inusitada” acaba aplicando a verdadeira justiça para com aqueles que se encontram consigo mesmos e refletem sobre os seus atos?

Pense e reflita!
 
(*) Sacerdote santareno e foi ordenado presbítero no dia 28 de dezembro de 2001. É membro da Academia de Letras e Artes de Santarém, como escritor e pesquisador da história da sua Diocese já tendo dois livros publicados e outros dois inéditos. 
 

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