Arthur Virgílio (*)
Este será, provavelmente, o artigo mais singelo de minha série, neste Blog. Falarei diretamente a adversários políticos meus, que criticam o que escrevo, muitas vezes me oferecem dados que levam à reflexão, que se dispõem à luta política por um Brasil mais digno e justo.
Óbvio que não me refiro aos indigentes intelectuais que me agridem sistematicamente e, pior do que isso, ferem, sem piedade, o vernáculo. Esses não merecem atenção. Devem estar a soldo de interesses escusos. Ou são opacos demais para travar debate sobre tema qualquer com quem quer que seja.
Não faço parte do grupo de pessoas que não enxerga seriedade em nenhum petista. Tenho amigos no PT, com a mesma legitimidade com que me julgo no dever de cobrar punição para mensaleiros e corruptos em geral.
Não sou sectário, enfim. Adversário, para mim, é adversário e não inimigo. Não alimento rancores pessoais, porque meu objetivo é travar a luta política com a força das idéias. Deploro, sinceramente, os rumos maniqueístas que a vida pública brasileira vai tomando.
Em poucas palavras: distingo o insultador profissional das pessoas que de mim divergem de modo claro e lúcido. Não precisam usar punhos de renda. Podem ser duros à vontade, porque a crítica não me amofina nem me indispõe contra ninguém.
É, pois, aos adversários de compostura e decência que me dirijo: é correta a nomeação da Sra. Graça Foster para presidir a Petrobras, sabendo-se que seu marido, Sr. Colin Foster mantém 43 contratos com essa estatal, sendo 20 deles sem licitação? Foi, aliás, correta, sua indicação para uma diretoria da empresa, em 2007, quando o Sr. Foster com ela (a empresa) já mantinha laços comerciais?
Registre-se, a bem da verdade, que foi justamente a partir de 2007 que os negócios do Sr. Foster começaram a prosperar na Petrobras, coincidindo, pelo menos no calendário, com a chegada de sua esposa a um posto de diretoria.
Longe de mim considerar que Sergio Gabrielli é, em alguma coisa, melhor do que sua sucessora. Politiqueiro, sempre foi mais militante do PT do que técnico ou administrador.
Gostaria de estar perguntando à Sra. Graça Foster sua opinião sobre a partilha de royalties petrolíferos. Ou sobre a política de preços da gasolina, que inviabiliza o etanol, logo agora que as barreiras americanas a esse produto – muito nosso – acabaram de ruir.
Tenho como “começar do começo”: meus adversários racionais e bem intencionados, em sã consciência, podem dizer que a presidente Dilma Rousseff agiu com espírito público e sem estar diante de brutal conflito de interesses?
Sejam sinceros. Ficarei muito feliz se for assim.
A presidente ainda não demitiu Fernando Pimentel, Mario Negromonte e Fernando Bezerra. Já surgiu outro escândalo na área do PP e mais um pelas bandas do PTB. Agora se passa por cima, em forma acintosa e grave, do princípio da impessoalidade no trato da coisa pública.
Não escrevi para polemizar, porém para conhecer a opinião de pessoas que se têm marcado por participações plenas de boa fé, contraditando-me neste espaço. Aguardo com positiva expectativa suas opiniões.
(*) Diplomata, foi Líder do PSDB no Senado
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