É até um contra-senso para os leigos no assunto pensar que uma planta rude, rústica, e adaptável a regiões secas, seja composta por um dos óleos mais nobres do mercado. Assim é a mamona.
A cultura foi cercada de expectativa pela garantia de que a produção seria comprada para a produção de biodiesel.
Tudo começou em 2004, e de lá para cá, frustração é a palavra que melhor se encaixou no projeto.
Do plantio no RN de mais de 3.000 hectares no primeiro ano, o número foi desabando até chegar a ínfimos 14 hectares de área colhida e apenas sete toneladas de grãos em 2010, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Motivada pelas boas condições climáticas, o ano de 2011 foi de recuperação.
O supervisor de Pesquisas Agropecuárias do IBGE, Élder Costa, estima que o número feche em 151 hectares plantados e 103 toneladas produzidas.
Entretanto, a representatividade da mamona no total de leguminosas, cereais e oleaginosas no RN é menor que 1%.
Para efeitode comparação, a Bahia, maior produtor brasileiro, plantou 95,8 mil toneladas em 137,2 mil hectares no ano passado.
Ideal para ser plantada no semi-árido devido à sua resistência, e sem precisar de muita mecanização em seu trato, a cultura é uma oleaginosa altamente viável para os pequenos produtores rurais, que ainda podem cultivá-la de forma consorciada com feijão e milho.
O problema é que entre essa constatação e a consolidação da cultura mamoneira está uma série de gargalos.
Com as promessas de compra por bons preços, os agricultores se sentiram traídos, e após a experiência negativa criaram descrença em relação à oleaginosa.
Dentro do Programa de Biodiesel (PBIO) a Petrobras tenta reanimar o mercado, e com um investimento de R$ 2 milhões para 2012 espera a adesão de 1.200 agricultores potiguares com a meta de plantar em 2.400 hectares.
"O objetivo é estruturar a cadeia produtiva a partir da agricultura familiar, não só garantindo um mercado cativo, como privilegiando as regiões onde há plantio", explica Silvano Cavalcante, gerente de Suprimentos da Usina de Quixadá, no Ceará, que absorve a produção potiguar.
Os estímulos para fomentar a cadeia produtiva começam pelo garantia da compra de produção por um preço justo, o que está dentro do Programa do Biodiesel.
Na análise dos especialistas, acompanhamento técnico adequado, distribuição de sementes com potencial de produtividade, e uma colheita/armazenagem ideal garantiriam segurança ao agricultor.
A Petrobras busca firmar contratos de cinco anos com os produtores dando a contrapartida financeira, porém a estatal defende que o governo estadual participe mais ativamente do processo.
Hoje o Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do estado (Emater/RN) é uma das parceiras da Petrobras, trabalhando em 13 municípios no fomento da mamona. As cooperativas Terra Livre, que está em cinco cidades, e Coopagro (Cooperativa de Serviços Técnicos do Agronegócio), atuante em outros 12 municípios, também estão envolvidas.
São 30 pontos de produção, e de acordo com o zoneamento agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), ainda há demanda.
Foram zoneados 45 municípios localizados nas regiões Seridó, Trairi, Oeste e Alto Oeste.
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