Acabou a utopia. Rogério Ceni descobriu que é um ser humano normal. Chorou ao admitir que terá de operar o ombro.
Cosme Rímoli (*)
Acabou a utopia que envolveu até o meu amigo PVC.
Pura ilusão que Rogério Ceni estaria recuperado e jogaria contra o Guarani.
Ele vai parar onde uma junta médica, com o respeitável René Abdalla, já esperava.
Na mesa de cirurgia.
Terá de operar o ombro direito e ficar cerca de seis meses fora do futebol.
Infelizmente para quem respeita um jogador tão especial como ele.
Rogério Ceni foi além até do recomendável para continuar jogando pelo São Paulo.
Enfrentou o bom senso.
Há 12 dias ele já deveria ter operado.
Sentia fortíssimas dores.
Provavelmente provocadas pela interminável carreira.
Pelo amor com que trabalha no São Paulo.
Sendo o primeiro a chegar para o treinamento e o último a ir embora.
Com direito até a treinar a mais por conta.
Tudo para tentar vencer um inimigo invencível, o tempo.
Soube que ele sofreu muito quando teve de se render.
Lágrimas vieram quando perceber que a dor só aumentou.
E que não havia mais escapatória.
O medo de encerrar a carreira graças a um problema médico o atormenta.
Os mesmos médicos que recomendaram desde o início a operação já garantiram.
Ele poderá voltar a jogar.
E sem dores.
Mas toda a teimosia, com pitadas de arrogância, que beirou a irresponsabilidade agora virou medo.
Ele não quer parar de jogar futebol por causa de uma operação.
Os médicos já juraram a ele que não haverá esse risco.
Depois de inúteis sessões de fisioterapia, reza, promessa, a operação será feita o mais rápido possível.
Rogério Ceni agora se prometeu que reduzirá esses seis meses de recuperação.
Para tentar compensá-lo, Juvenal Juvêncio vai oferecer a prorrogação do seu contrato.
Ele terminaria no final deste ano.
Juvenal oferecerá até o meio de 2013.
Será como se ele tivesse seis meses de férias.
Leão, mais pragmático, e sem nenhum carinho especial por Rogério Ceni já avisou.
Quer um novo goleiro.
O mais rápido possível.
Não acredita que Denis tenha talento para ser o goleiro titular do clube.
A pedida do treinador chegou quando ainda os dirigentes estavam tristes com a confirmação da operação.
Rogério Ceni soube e se abalou.
Sabe que o treinador sempre o viu como uma ameaça para sua autoridade no grupo.
Mas ele tem algo muito mais importante com o que se preocupar.
Com sua operação.
E tratar de voltar a jogar.
O futebol brasileiro precisa de uma temporada de despedida à altura da sua carreira.
O país tem de respeitar e apoiar Rogério Ceni neste momento tão difícil.
Momento que a cegueira da idolatria não conseguiu enxergar o óbvio.
Rogério Ceni é um ser humano como qualquer outro.
Os médicos já sabiam.
Ele não aceitava.
E os apaixonados torcedores são-paulinos se recusavam a reconhecer...
(*) Jornalista e comentarista esportivo , traballhou por 22 anos no Jornal da Tarde
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