Cada país tem sua comida típica.
No Brasil, não há dúvidas, o prato do dia a dia é o arroz com feijão, mas o milho é outro alimento essencial na dieta do brasileiro.
“Ok”, você deve estar pensando: “Mas como pode ser, se eu nunca como milho?” Aí que reside o engano, a maioria das pessoas não come direto da espiga, mas indiretamente come (e muito!).
No cereal matinal, nos baldes de pipoca consumidos nas sessões de cinema, no bolo de fubá da avó, na polenta do tio italiano, na canjica das festas juninas, nos salgadinhos “snacks”, no chocolate quente engrossado com amido, na broa de milho, na costelinha de porco com canjiquinha dos restaurantes mineiros, no caldo de fubá que aquece as noites frias de inverno, no biscoito, no curau, na pamonha, e assim por diante.
Mesmo que você não consuma nenhum dos itens citados acima, se não for vegetariano, come milho convertido em carne de vaca, de frango, de peixe, de porco, etc.
“No Brasil, um frango come 1,8 quilo de ração para produzir 1 quilo de carne. Em uma ave abatida com 2,2 quilos, isso dá em média 3,9 quilos de ração por ciclo”, explica Ariovaldo Zanni, diretor executivo do Sindicato da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações).
“O grão é o esteio da avicultura e da suinocultura, respondendo por cerca de 70% do custo de produção destas criações”, diz Nelson Kowalski, presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Milho (AbiMilho).
Só para se ter uma ideia, das 54,3 milhões de toneladas de milho produzidas no Brasil no ano passado, 36,5 milhões foram destinadas às fábricas de ração.
O cereal também é ingrediente corriqueiro na indústria alimentícia. Em várias marcas de requeijão, é comum você ler: “Requeijão cremoso com gordura vegetal e amidos”. Nos molhos prontos de tomate, inclusive no “ketchup”, lá está o milho.
No Brasil, a média do consumo de milho é de 18 quilos por habitante/ano, pouco se comparado ao México, cuja média per capita é de 63 quilos anuais.
No entanto, lá, o milho é a matéria-prima básica da tortilha, o pão de cada dia do mexicano.
Não por acaso, no final de 2006, início de 2007, a alta do preço do cereal provocou o que ficou conhecido como a “Revolta das Tortilhas”, um movimento que levou trabalhadores, camponeses e donas de casas às ruas num protesto contra o aumento de 40% no quilo da tortilha.
A alta foi decorrente da valorização do preço do milho, impulsionado pelos problemas no Oriente Médio, que levaram o governo de George W. Bush a incentivar – por meio de fortes subsídios – o etanol de milho. A medida fez muitos milharais voltados ao consumo humano serem destinados à produção do bicombustível. E o México, como importador, sofreu as consequências.
Versatilidade -
Além da produção de alimentos, o derivados de milho são utilizados pelas indústrias têxteis, de papéis, papelões, couros, colas, cerveja, produtos de limpeza, filmes fotográficos, plásticos, pneus de borracha, tintas, fogos de artifícios, extração de minério de ferro, de petróleo.
E muito mais. “Também são utilizados nos moldes de areia para a fabricação de peças fundidas nas fábricas de aviões e veículos”, diz Kowalski. Além disso, o xarope de glicose de milho é matéria-prima na fabricação de cosméticos, xaropes medicinais, graxas e resinas.
Curiosidades
1- Tipos de milho:
Há muitas variedades de milho.
No Brasil, a mais conhecida é o amarelo. No México, a tortilha é feita com o milho branco. No Peru, eles usam o milho roxo na fabricação de um refrigerante chamado “Chicha Morada”.
2- Pamonha:
Quem nunca ouviu o jingle: “Pamonhas, pamonhas de Piracicaba é o puro creme do milho, venha provar minha senhora…”.
Mas a cidade conhecida pelas pamonhas tem mais fama do que mérito. Hoje em dia, Piracicaba tem apenas uma produtora de pamonha. A maior parte do doce de milho consumido na região vem de Charqueada, a cidade vizinha. Essa, sim, merece o título de capital da pamonha.
3- Duas safras:
Você sabia que o Brasil tem duas safras de milho?
Ao contrário do que acontece nos Estados Unidos e Europa, o clima tropical permite que os agricultores brasileiros produzam milho duas vezes ao ano: na safra de verão e na safra de inverno, mais conhecida como safrinha.
4-Autossuficiência:
Pode-se dizer que o Brasil é autossuficiente em milho.
As importações, quando acontecem, são pequenas e pontuais, para o abastecimento da região Sul, polo de produção de aves e suínos.
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