sábado, 17 de setembro de 2011

Suinocultura: Mais uma ameaça ao setor

Depois do embargo russo e do desequilíbrio entre custo e receita, escassez de milho assombra granjas. Os produtores de suínos de Mato Grosso podem ficar sem milho em 2011.
O alerta vem da direção da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat).

De acordo com a entidade, os produtores do grão têm informado nos últimos seis meses, ao governo do Estado e ao governo federal, que em razão das quebras das safras de milho em todo o país (1ª e 2ª safras), o Estado deve ficar sem o cereal para consumo animal.
A Acrismat destaca que além da ameaça de escassez do grão – que levaria a um aumento maior sobre o custo de produção – o segmento é o mais afetado pelo embargo russo, em v igor desde o dia 15 de junho.

Mato Grosso detém um plantel de 110 mil matrizes suínas, cada uma gera de 20 a 25 animais terminados por ano, de alto grau de evolução genética.
A suinocultura gera no Estado mais de 32 mil empregos diretos e indiretos.

Segundo o diretor executivo da Acrismat, Custódio Rodrigues, Mato Grosso mesmo sendo o maior produtor nacional de milho safrinha, não retém internamente toda a produção por conta da alta demanda de consumidores localizados no Paraná, Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, estados que concentram os maiores rebanhos de aves e suínos do Brasil.
Rodrigues explica que segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os estoques de milho não ultrapassarão um 1,2 milhão toneladas.

Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), quase 70% da safra atual estão comercializados.
Em função da insegurança sobre os estoques do grão e as estimativas de demanda mundial acima da oferta, o ritmo de vendas ultrapassa o registrado em igual período do ano passado.

No mesmo de 2010 a produção, cerca de 17% maior que a atual, tinha menos de 47% do total já comprometido, na variação anual houve evolução de 19,5 pontos percentuais (p.p.).
O que apavora o setor é que apenas a cadeia suinícola consome algo em torno de 600 a 700 toneladas anualmente. Ou seja, o estoque não atenderá nem o setor de aves, bovinos e nem a exportação.

Estimativas do Imea feitas ao longo dos meses apontaram para uma área plantada cerca de 10% inferior ao 1,94 milhão de hectares da safra anterior e uma perda de 17% na produção já que o volume previsto para a atual temporada é de 6,99 milhões de toneladas ante 8,41 milhões no cicl o 09/10.
“Precisamos com urgência que o governo interceda para que haja uma retenção da produção de milho dentro do Estado. Não aguentaremos mais este aumento nos nossos custos que estão inviáveis neste ano. Estamos amargando prejuízos e empatando custo e venda”, afirma presidente da Acrismat, Paulo Lucion.

De acordo com Lucion, atualmente o preço da saca de milho está em média a R$ 17,50. Se os produtores tiverem de comprar de outros estados o preço final da saca ficará entre R$ 30 a R$ 50.
“Se isso acontecer várias granjas serão fechadas e produtores levados à falência”, denuncia o presidente.

SAFRA – No final do mês passado, a diretoria da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja/MT), afirmou que o mercado interno não corre risco de desabastecimento por conta da redução da safrinha 2011 de milho no Estado.
“Os estoques atendem a nossa realidade, porém, de forma equilibrada”.

Segundo dados do Imea, o consumo interno do grão é de 2,2 milhões de toneladas.
No início desta semana a colheita do grão no Estado chegou ao fim, ao atingir mais de 99% da área plantada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário