Renato Gomes Nery (*)
Abrimos os jornais pela manhã e não encontramos nada de novo. Uma eterna briga de egos na AGECOPA que encontrou na inércia uma confortável morada. Ela precisa começar alguma coisa que dê a certeza de que seremos sub-sede da copa. Em política não se renova nada. Fala-se na candidatura de duas mulheres de políticos para prefeituras. A renovação prometida por lideranças novas não veio. O novo caiu na vala comum do antigo. No mais, o eterno problema da violência sem fim. O Pomeri é um “depósito” de adolescentes. Menores são vítimas de abusos em Cuiabá e Várzea Grande. 661 invasões de casas este ano e 04 morrem esmagados em acidente.
Quer mais sangue? Os jornais da semana passada trazem as seguintes manchetes: Moça é encontrada morta dentro de uma cela no Cisc; Arcanjo ficará mais em MS; Júri de Josino inicia com 2 depoimentos; Vereadores livram da cassação prefeito acusado de pedofilia; Empresário é morto a tiros em assalto e Assaltantes invadem pet shop e matam empresário.
E ainda na semana passada os jornais e a televisão mostraram o depoimento emocionado e contundente da mulher de um empresário que foi assassinado em seu estabelecimento, após ter mudado várias vezes e ter sido assaltado por 07 vezes. Numa passeata em protesto contra violência tinha uma faixa que clamava: Osvaldo, a Vida Continua. Não se sabe para quem ela continua. Se para o morto em outra dimensão ou para nós que tentamos sobreviver neste vale de lágrimas.
O sinônimo de notícia nos jornais deveria ser violência, pois é ela exaltada e levada às últimas conseqüências do lugar comum e, às vezes, da vulgaridade. Certamente que o sofrimento, a dor é o lado masoquista do nosso ego cruel e sombrio que se regozija em saber da nua e crua violência em seus mais sórdidos aspectos. O Ruben Braga ao discorrer sobre este fenômeno, disse que os jornais fariam mais se exaltassem à vida. Mas vida normal não dá notícias e sim as suas distorções e paranóias. Daí a apologia da violência. Vai entender o ser humano.
Mas, apesar desta discussão acadêmica, a vida precisa ser valorizada e preservada. Esforços precisam ser feitos. Na saúde para que causas naturais não levem as pessoas prematuramente e na segurança para que a violência não faça à mesma coisa. É preciso que as pessoas despertem da letargia, da insensibilidade e passem a se indignar com as mazelas que nos cercam. E que esta indignação se estenda aos desmandos da corrupção, da saúde, da educação, da violência e, sobretudo, contra a política e os políticos que insistem em tripudiar sobre a nossa paciência.
(*) Advogado em Cuiabá. E-mail - rgenry@terra.com.br
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