Felipão entra em rota de colisão no Verdão
Paulo Favero (*) para o Jornal da Tarde
A relação estremecida entre Felipão e o vice-presidente Roberto Frizzo ganhou mais um capítulo. Após o empate com o Avaí, domingo, em Florianópolis, o treinador reclamou de o dirigente ter recebido a visita na Academia de Futebol de membros da torcida organizada. “Tem de perguntar quem levou os diretores da torcida dentro do CT”, disse Felipão, sem dar mais informações sobre o episódio.
Frizzo realmente esteve com membros de um grupo chamado Famiglia Palestra e que já pertenceram à Mancha Verde, mas explicou que o contato foi apenas informal. Felipão viu aquilo como um gesto de pressionar o time e não gostou. Por isso tornou pública a visita.
O técnico conseguiu também desagradar à principal uniformizada do clube, a Mancha Verde, que não gostou das declarações do comandante.
André Guerra, presidente da organizada, diz que só visitou o CT quando Felipão pediu. “Ele não pode jogar o trabalho horrível que está fazendo neste ano nas costas da torcida. Ele tem de falar quem estava lá”, afirma.
Guerra explica que todos no clube têm sua parcela de culpa e que não aguenta mais ver o Palmeiras nesta situação. “A gente está protestando pelo conjunto das coisas. Já perdemos duas vezes o Paulista, a Copa do Brasil, a Sul-Americana e o Brasileirão com o mesmo elenco. A torcida passa vergonha. Viaja quase mil quilômetros para apoiar o time e vê falta de comprometimento.”
O goleiro Marcos, ídolo dos palmeirenses, entende o posicionamento da torcida, mas prefere pedir calma neste momento de frustração, até para não atrapalhar ainda mais o rendimento da equipe. “Eu vejo por aí a carência do torcedor, da falta que um título faz. A gente entende e concorda com a frustração deles, mas não é com pressão sobre os atletas que vamos ganhar alguma coisa ou os problemas serão resolvidos”, disse.
O jogador acha que a equipe, que vem de cinco partidas sem vencer, pode voltar a ter bons resultados em breve. “Nós temos consciência das nossas responsabilidades e sabemos que precisamos dar um algo a mais, mas não é com pressão que isso vai acabar”, comentou.
A pressão deve continuar nos próximos dias, ainda mais porque o Palmeiras está em queda livre na classificação. Mas, de qualquer forma, a torcida não quer a saída de Felipão do comando do clube. “A gente já fez todos os protestos possíveis e vamos continuar xingando quem a gente acha que tem de xingar. Mas não estamos pedindo a cabeça dele”, lembra Guerra.
Punição?
Paulo Schmitt, procurador do STJD, afirmou que vai ver as imagens do gesto obsceno de Felipão para a torcida para definir se cabe punição ao técnico.
(*) Jornalista
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