quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Muito além da ponte aérea Rio - São Paulo

Sérgio Barroso (*)

Num passado nem tão remoto, a praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, e a avenida Paulista, em São Paulo, simbolizavam o Brasil mundo afora. Legitimamente, a praia é linda, e a avenida, impactante. Entretanto, o tempo andou, o país se desenvolveu em todas as direções e a vida dos brasileiros se diversificou muito.

A Copa do Mundo em 2014 será uma grande oportunidade para as pessoas experimentarem as belezas brasileiras fora da costa e além da ponte aérea Rio-São Paulo.
Há vida fora do eixo, existem muitos Brasis. Esse redescobrimento do país certamente vai encantar os turistas e também os organizadores do Mundial. E isso não é um exercício de antagonismo ou uma questão bairrista. A Copa deve ser uma vitrine, principalmente para o Brasil ainda pouco conhecido no exterior.

Agora, em outubro, a Fifa vai decidir qual cidade deverá receber o jogo de abertura do Mundial. O presidente da entidade, Joseph Blatter, revelou sua preferência pessoal pelos cariocas. “O futebol brasileiro é o Rio. E para o mundo, o Rio é a cidade mais atraente para abrir uma Copa, sem dúvida”, disse Blatter, numa entrevista recente ao Estadão.
Por outro lado, dirigentes esportivos e autoridades de São Paulo têm repetido que o estádio Itaquerão já é o escolhido para abrir o evento, faltando apenas o anúncio oficial pela Fifa.

Ao exaltar São Paulo e Rio de Janeiro, Blatter nos instiga a convidá-lo a olhar as montanhas. Minas Gerais reúne mais da metade do patrimônio histórico brasileiro. Ouro Preto foi a primeira cidade brasileira a ser declarada pela Unesco Patrimônio da Humanidade, e está lá o maior acervo barroco do mundo. É, Minas tem história.
Quem quer realmente entender o Brasil deve conhecer Minas Gerais. Inclusive para entender o país do futebol.

Na única Copa do Mundo realizada no Brasil, em 1950, fora a trágica final Brasil X Uruguai, o jogo mais famoso foi realizado em Belo Horizonte. Os Estados Unidos desclassificaram a Inglaterra com um placar surpreendente de 1 x 0, em um jogo antológico.
Temos tradição no futebol, o Atlético, o Cruzeiro e o América empolgam as torcidas há décadas.

Minas tem memória, mas também tem futuro. Hoje os centros de treinamento do Cruzeiro e do Atlético estão entre os melhores do país e são referências internacionais.
,Seleções que têm grandes chances de se classificar para o mundial em 2014 já estão em negociação com os clubes para fazer a preparação antes da Copa nesses CTs.
Quando Minas Gerais decidiu se candidatar a ser uma das sedes da Copa de 2014, colocou-se como meta que o estado será, não apenas uma entre as doze escolhidas, mas a melhor.

Estamos cumprindo nossos compromissos. Não temos dificuldades com cronogramas, exigências, tudo isso é simplesmente parte do trabalho. Aqui o que se planeja é realizado, e nada se realiza sem planejamento. Sabemos lidar com imprevistos, mas sabemos gerir para evitá-los.
Os resultados até o momento mostram que estamos no caminho certo: obras de mobilidade iniciadas, pelo menos 28 hotéis a mais prontos até a Copa, capacitação em andamento e as obras do Mineirão rigorosamente em dia. O Mineirão não deixará nada a desejar a qualquer estádio no mundo e isso sem precisar de aditivos, “ajudinhas”, “puxadinhos”, adaptações, emendas etc.

Lançamos e mantemos a candidatura de Minas Gerais e de Belo Horizonte para sediar a partida inaugural da competição. Queremos e estamos trabalhando para que o Mineirão seja protagonista na Copa do Mundo. Nos dias de hoje, quando tanto se fala e se cobra profissionalismo, os mineiros têm dado aula.
Se temos história, belezas, futebol, estádio, infraestrutura, é necessário dizer também que os mineiros também têm entusiasmo, emoção e paixão. São critérios importantes e fundamentais. Acredito, sinceramente, que a Fifa levará em conta cada um deles. Minas Gerais estará preparada em 2014 para qualquer jogo da Copa do Mundo, inclusive para a abertura.

Diz a canção “Minas Gerais quem te conhece não esquece jamais”. Deixo aqui um convite para o senhor, Joseph Blatter, nos visitar e entender o que se passa entre as montanhas. Asseguro que o senhor será muito bem recebido, com mesa farta e boa prosa. O senhor gostará muito do que vai ver.

O Rio de Janeiro sempre será a cidade maravilhosa, e São Paulo a locomotiva econômica do país. Minas são muitas.

(*) Secretário de Estado Extraordinário da Copa do Mundo do Governo de Minas Gerais e Ex-Presidente da Cargill Agrícola no Brasil

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