Porto das Docas em Santarém, se como patrimônio federal já está ruim, imagine privatizado!
Edilberto Sena (*)
Mais um desastre social anunciado, desta vez pelo Secretário Municipal de Portos de Santarém. Diz ele que vai à Itajaí, Santa Catarina, porque estão discutindo a municipalização, ou privatização dos portos brasileiros, hoje ainda federais. Santarém está no meio, por causa da Companhia Docas do Pará. Como a maioria da população santarena não entende da questão, o secretário municipal recém nomeado, que até agora nada fez para organizar nem a área portuária municipal que consta no Plano Diretor do Município, ele é quem vai a Itajaí, discutir se vale a pena municipalizar, ou privatizar o porto das Docas.
Ele mesmo já adianta a decisão. Primeiro afirma que municipalizar o porto teria vantagem de movimentação de taxas portuárias para compensar a buraqueira que os caminhões de carga deixam nas ruas da cidade. Grande compensação! Em seguida ele se contradiz ao afirmar que o poder público santareno não tem capacidade de gerir o porto, pelo fato de ter alta movimentação de carga de exportação internacional, isto é, madeira e soja. Por fim por esta razão, o ilustre secretário, já leva a decisão santarena para o diálogo com os outros secretários do Brasil - privatizar o porto das Docas do Pará em Santarém.
Estranho que um porto federal tenha a palavra municipal para assumir ou privatizar.
Evidente que um município que não revela competência para construir um porto fluvial para atender as centenas de barcos que chegam dos municípios vizinhos e comunidades rurais, não tem mesmo competência para gerir um porto interestadual e internacional.
Permanecendo federal ou privatizando o município não usufrui rendas suficientes, como poderia.
Imagine quem terá interesse de controlar o porto das Docas em Santarém? Uma firma de farmácias? um dono de padaria? certamente que não. Quem vai sofrer mais consequências com tal privatização? O município que herdará mais buracos nas ruas e a população que hoje não pode mais entrar na área para embarcar rumo a Belém ou Manaus, sem passar pelos guardas.
E em nome de quem o secretário de portos vai tomar tal decisão? Qual o respeito que o poder público manifesta para com a população santarena? E o porto da praça Tiradentes quem vai resolver a calamidade?
(*) Sacerdote e Diretor da Rádio Rural de Santarém (PA)
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