sábado, 3 de setembro de 2011

Outra pilantragem

Basquete: a transparência ofuscada

José Cruz (*)

O repórter Daniel Brito assina reportagem na Folha de S.Paulo, hoje, mostrando que a Confederação Brasileira de Basquete terceirizou a gestão técnica e administrativa da modalidade.

Ou seja, o presidente Carlinhos não manda nada, entregou tudo à empresa paulista Brunoro Spots Business, do empresário José Carlos Brunoro. O valor do contrato não foi revelado pelas fontes que falaram a Daniel Brito.

Nada contra a profissionalização da gestão de uma modalidade altamente popular, como o basquete. Mas observem que a conta está sendo paga pelo governo federal! Ou seja, com o NOSSO dinheiro! Lei de Incentivo, dinheiro do Orçamento do Ministério do Esporte, das loterias, da estatal Eletrobrás, enfim.

E isso reforça a falta de comando do nosso esporte, que tem a sua economia praticamente estatizada.
E como estamos falando de instituições particulares, até onde é competência do governo colocar grana em esporte de rendimento, que tem condições de andar com as próprias pernas?

Mais do que nunca o Congresso Nacional precisa rever a Lei Pelé – que recentemente passou pela centésima atualização... mas não resolve a questão da independência financeira das confederações esportivas.
Paralelamente, as confederações escondem suas despesas, tornando suspeito o uso do dinheiro público e que, por isso mesmo, exige-se transparência total.

Há poucos dias, a Confederação de Basquete foi assunto muito debatido neste espaço, a partir da divulgação de seu balanço, onde nada aparecia sobre repasses a Brunoro Sports.
Vieram desmentidos oficiais, mas a verdade é revelada nesta reportagem da Folha. Ou seja, balanços são peças burocráticas, apenas para constar e faz de conta que está tudo muito bem. E não está.

Está aí mais um tema para os eficientes auditores do Tribunal de Contas da União e fiscais da Controladoria Geral da União.

Bem que o deputado Romário, que tem se mostrado tão interessado nas questões do esporte, poderia apresentar um projeto de lei, em regime de urgência, determinando que as confederações escancarem suas contas, de forma muito clara e transparente, para que não fiquem dúvidas nem suspeitas sobre o uso do dinheiro público.

(*) Jornalista e que cobre há mais de 20 anos os bastidores da política e economia do esporte, acompanhando a execução orçamentária do governo, a produção de leis e o uso de verbas estatais na área esportiva.

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