Eliane Cantanhêde (*)
Quando saí de férias, já tinham caído quatro ministros do governo Dilma. Pensei cá comigo: "Agora, não cai mais ninguém". Ledo engano. O ministro do Turismo, Pedro Novais, está cai-não-cai. Cá para nós, não vai fazer lá grande falta.
Novais, maranhense, octogenário, tem seis mandatos na Câmara dos Deputados. Não se notabilizou por nenhum projeto, nenhuma articulação política, nenhum grande gesto. Mas virou ministro assim do nada e está ficando cada dia mais famoso.
Num dia, descobre-se que ele usava verba indenizatória da Câmara para financiar festinhas num motel em São Luís. No outro, que destinou uma emenda de R$ 1 milhão para uma empresa fantasma do Maranhão. Agora, a Folha nos conta que ele registrou a própria empregada doméstica como assessora parlamentar, para que os cofres públicos lhe garantissem o salário.
Trata-se de raro caso em que a assessora parlamentar dá expediente na casa do deputado e cozinha, lava, passa e arruma na casa do chefe.
Não precisava... Deputados têm salário de R$ 26.700,00, com direito a apartamento funcional, água, luz e condomínio de graça. E o cara não pode pagar a própria empregada?
Além das peripécias como deputado, Novais tem um outro problema: oito dos seus assessores no Ministério do Turismo foram presos pela Polícia Federal, e ele era o chefe de todos eles. No mínimo, não viu, não ouviu e não sabia de nada que ocorria sob suas barbas.
É por essas e outras que, conforme o Painel da Folha, o Brasil vai mandar o ministro dos Esportes, Orlando Silva, e o presidente da Embratur, Flávio Dino, para badalar as Olimpíadas durante a abertura dos Jogos Panamericanos no México, em outubro. O ministro do Turismo? Ficou de fora.
Se é que, até lá, Pedro Novais vai continuar ministro. Está ficando difícil.
(*) Jornalista é colunista da Folha de São Paulo desde 1997
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