terça-feira, 8 de março de 2011

Greve dos professores municipais

Professor em greve,alunos parados e o poder público de braços abertos.
Edilberto Sena (*)

Indagada sobre a greve dos professores, uma criança de quinta série do ensino fundamental, disse que não gostava disso porque irá diminuir as férias de julho; sua mãe respondeu que a culpa dessa greve era a prefeitura, porque não melhorava os salários dos professores, como é seu dever e prejudica tanto a eles como às crianças e adolescentes; já o pai da criança entrou na conversa e disse que achava que a culpa era dos professores, porque deviam trabalhar, mesmo ganhando pouco, porque essa é sua profissão. Afinal, de quem mesmo é a culpa e o prejuízo com essa greve?

Será justo que professores sejam mal remunerados, quando eles têm tanta responsabilidade com a educação de crianças e adolescentes? É justo eles ganharem apenas 700, 800 reais por 100 horas aulas mensais? É correto o poder público se esconder por trás de uma decisão de um juiz, que ele mesmo ganha vinte salários mínimos, ou mais por mês? Será que justifica um município, ou um Estado se defender dizendo que não tem mais recurso suficiente para melhorar a educação dos professores? Tais desculpas não solucionam situações tão urgentes e prioritárias para qualquer poder público.

Uma pesquisa do Instituto Nacional de Educação Pública, INEP revela que o Estado do Pará é o quinto Estado mais atrasado do país, em nível de formação profissional dos professores. 37,5% deles na rede pública, não têm formação adequada para educar crianças e adolescentes do ensino fundamental. Isto é, 16.000 professores no Estado só têm até o ensino médio e estão dando aulas em escolas públicas.

Um escândalo nacional no quarto Estado mais rico em exportação de produtos primários. É uma irresponsabilidade dos poderes públicos, que não priorizam a educação, como não priorizam a saúde pública. Existe até uma lei nacional exigindo que até o ano 2010 nenhum professor poderia estar em sala de aula sem o diploma de ensino superior.

Se um Estado, ou município não respeita essa regra básica e elementar da educação, como não respeita outra lei nacional que exige que o piso salarial dos professores seja de R$ 950,00, então é culpado, quando professores se rebelam e usam o direito de greve, quando as mais prejudicadas são as crianças. Portanto, têm razão a mãe a criança entrevistadas ao identificarem quem é responsável por essa greve atual na educação no município. Não adianta se esconder em baixo de uma liminar de juiz, as crianças e adolescentes valem mais que uma liminar baseada na letra fria de uma lei.

(*) Sacedorte e Diretor da Rádio Rural em Santarém (PA)

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