quinta-feira, 10 de março de 2011

Famiglia Roriz

Eliane Cantanhêde (*)

O patriarca, Joaquim Roriz, do PSC, renunciou à candidatura ao governo em 2010 para não ser impugnado pela ficha suja nos tribunais. A matriarca, Weslian Roriz, concorreu no lugar dele, apesar de a chapa manter nome e foto do marido, e perdeu para o petista Agnelo Queiroz. Mas só no segundo turno.

Uma filha, Jaqueline Roriz, foi eleita deputada federal pelo PMN e está estrelando um filme indecente em que aparece com o marido, Manoel Neto, recebendo boladas de dinheiro de um secretário do governo do DF na eleição anterior --o agora famoso Durval Barbosa, que gravou aliados e adversários em situações, digamos, ilegais. Primeiro, derrubou José Roberto Arruda (DEM) e vários secretários seus amigos de governo. Agora, desvia a munição contra os Roriz.

Outra filha, Liliane Roriz, foi eleita deputada distrital pelo PRTB e está legitimada pelo voto, devidamente empossada e se preparando para grandes saltos na política local da capital da República, quiçá para a política nacional. A roda gira. A vez é dela.

Enquanto isso, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, avisa que vai pedir abertura de inquérito contra Jaqueline, a deputada federal do dinheiro de Durval, e o país se pergunta onde está a Corregedoria Geral da Câmara, que não sabe, não viu e não faz nada, esticando o Carnaval.

O PSOL vai entrar com pedido de cassação do mandato dela, mas você aí não fique muito animado. Por quê? Porque Jaqueline foi filmada pegando grana à época em que era candidata a deputada distrital. Portanto, antes de se candidatar a federal e antes de se tornar membro do Congresso. O crime, se houve, não tem nada a ver com o mandato. Ah, bom. Então, se o sujeito mata, esfola, rouba, estupra antes do mandato, aí pode...

Só para lembrar, a proba Jaqueline integra a Comissão Especial da Câmara que analisa a reforma política na Câmara, instalada, entre outras coisas, para moralizar o processo político. É colega, nessa comissão, de Paulo Maluf e Valdemar Costa Neto, entre outros.

Aliás, já que falamos aqui em reforma política, não me pergunte porque Joaquim Roriz é do PSC, Jaqueline é do PMN e Liliane, do PRTB. Senão, vou ser obrigada a responder que a família foi excluída dos partidos maiores (o patriarca foi do PMDB um bom tempo) e achou mais fácil sair comprando essas siglas menores, de leilão. Quem dá mais?

(*) Jornalista. Colunista da Folha de São Paulo desde 1997

Um comentário:

  1. Pior que nenhum desses vagabundos vai para cadeia . O Brasil do ilusionismo.

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