Após Copa, dívida do Corinthians com Odebrecht explode e atinge R$ 397 mi
Rodrigo Mattos (*)
Apesar do fim da maior parte das obras, a dívida do Corinthians com a Odebrecht pela construção do Itaquerão cresceu após a Copa-2014 e atingiu o valor de R$ 397 milhões.
É o que mostram documentos do fundo gestor do estádio obtidos pelo blog. Isso explica o desespero da diretoria do clube ao afirmar que o débito está se tornando “insustentável'' em nota que culpou a prefeitura de São Paulo.
O plano era que a construção da arena corintiana tivesse pelo menos três fontes de financiamento: CIDs (Certificado de Incentivos de Desenvolvimento) do município e empréstimos do BNDES e de bancos, a serem pagos pelo clube. Mas não foi possível obter os recursos dos títulos da prefeitura e as obras e instalações saíram bem mais caras do que esperado – o valor final está em R$ 1,150 bilhão.
No início do ano passado, o fundo do estádio tinha um débito crescente que atingiu R$ 387 milhões registrados como “outros valores a pagar'' em março de 2014, segundo relatório mensal. Esse montante é composto de dívida com a construtora.
Mas, enfim, saiu o dinheiro do BNDES, que totalizaria R$ 400 milhões a serem pagos em mais de 10 anos. Foi um alívio e o débito chegou a cair a R$ 144 milhões em junho de 2014, mês de Copa. Pelo menos é o que mostrava o relatório mensal.
Mas o balanço anual consolidado para o período de 2013 a junho de 2014 já registrou um débito reajustado de R$ 317 milhões “junto à Construtora Norberto Odebrecht referentes aos custos de construção da Arena''. O grosso das obras acabou e a Copa foi concluída, mas o débito não parou de crescer.
O último relatório mensal do fundo aponta um total de R$ 397,5 milhões a ser quitado com a Odebrecht. Pelo acompanhamento dos relatórios mensais, houve um aumento de R$ 253 milhões em seis meses. Mesmo na comparação com o balanço anual, que consolidou valores, o crescimento é de R$ 80 milhões no período, R$ 13 milhões por mês.
Como foi reduzido o volume de obras após a Copa, apenas adaptações, o principal fator para explicar essa explosão são os juros. O Corinthians falou em R$ 80 milhões em nota contra a prefeitura. Mas, internamente, há funcionários do clube que dizem que os juros já representam mais de R$ 100 milhões de custo. Em relação à construção, há uma briga entre a empreiteira e o clube sobre reais valores da obra.
A Odebrecht e o Corinthians foram questionados pelo blog sobre o alto crescimento do débito, mas não responderam nesta terça-feira. O problema é que a dívida só tende a crescer sem limites visto que não há perspectiva no momento de vender os CIDs, com uma ação judicial em curso.
Toda a renda do estádio é usada para quitar o empréstimos com o BNDES, que está registrado como débito pela Arena Itaquera S. A., acionista do fundo que realizou a operação. Outra parte do dinheiro é levantada em bancos, e outra de recursos da construtora.
Uma informação do clube é de que os juros giram em torno de 2,5% ao mês. Incluído o dinheiro dado pelo banco estatal, o débito corintiano pelo estádio já atingiu R$ 800 milhões no total.
Se o débito com o BNDES não for pago, a Caixa Econômica Federal pode excluir o Corinthians do controle da arena. Caso o débito privado não seja quitado, a Odebrecht pode vender ações do fundo para quem quiser, tirando a possibilidade de o clube ter a propriedade.
(*) Jornalista
Rodrigo Mattos (*)
Apesar do fim da maior parte das obras, a dívida do Corinthians com a Odebrecht pela construção do Itaquerão cresceu após a Copa-2014 e atingiu o valor de R$ 397 milhões.
É o que mostram documentos do fundo gestor do estádio obtidos pelo blog. Isso explica o desespero da diretoria do clube ao afirmar que o débito está se tornando “insustentável'' em nota que culpou a prefeitura de São Paulo.
O plano era que a construção da arena corintiana tivesse pelo menos três fontes de financiamento: CIDs (Certificado de Incentivos de Desenvolvimento) do município e empréstimos do BNDES e de bancos, a serem pagos pelo clube. Mas não foi possível obter os recursos dos títulos da prefeitura e as obras e instalações saíram bem mais caras do que esperado – o valor final está em R$ 1,150 bilhão.
No início do ano passado, o fundo do estádio tinha um débito crescente que atingiu R$ 387 milhões registrados como “outros valores a pagar'' em março de 2014, segundo relatório mensal. Esse montante é composto de dívida com a construtora.
Mas, enfim, saiu o dinheiro do BNDES, que totalizaria R$ 400 milhões a serem pagos em mais de 10 anos. Foi um alívio e o débito chegou a cair a R$ 144 milhões em junho de 2014, mês de Copa. Pelo menos é o que mostrava o relatório mensal.
Mas o balanço anual consolidado para o período de 2013 a junho de 2014 já registrou um débito reajustado de R$ 317 milhões “junto à Construtora Norberto Odebrecht referentes aos custos de construção da Arena''. O grosso das obras acabou e a Copa foi concluída, mas o débito não parou de crescer.
O último relatório mensal do fundo aponta um total de R$ 397,5 milhões a ser quitado com a Odebrecht. Pelo acompanhamento dos relatórios mensais, houve um aumento de R$ 253 milhões em seis meses. Mesmo na comparação com o balanço anual, que consolidou valores, o crescimento é de R$ 80 milhões no período, R$ 13 milhões por mês.
Como foi reduzido o volume de obras após a Copa, apenas adaptações, o principal fator para explicar essa explosão são os juros. O Corinthians falou em R$ 80 milhões em nota contra a prefeitura. Mas, internamente, há funcionários do clube que dizem que os juros já representam mais de R$ 100 milhões de custo. Em relação à construção, há uma briga entre a empreiteira e o clube sobre reais valores da obra.
A Odebrecht e o Corinthians foram questionados pelo blog sobre o alto crescimento do débito, mas não responderam nesta terça-feira. O problema é que a dívida só tende a crescer sem limites visto que não há perspectiva no momento de vender os CIDs, com uma ação judicial em curso.
Toda a renda do estádio é usada para quitar o empréstimos com o BNDES, que está registrado como débito pela Arena Itaquera S. A., acionista do fundo que realizou a operação. Outra parte do dinheiro é levantada em bancos, e outra de recursos da construtora.
Uma informação do clube é de que os juros giram em torno de 2,5% ao mês. Incluído o dinheiro dado pelo banco estatal, o débito corintiano pelo estádio já atingiu R$ 800 milhões no total.
Se o débito com o BNDES não for pago, a Caixa Econômica Federal pode excluir o Corinthians do controle da arena. Caso o débito privado não seja quitado, a Odebrecht pode vender ações do fundo para quem quiser, tirando a possibilidade de o clube ter a propriedade.
(*) Jornalista
Nenhum comentário:
Postar um comentário