Gustavo Cerbasi (*)
Pagar impostos deveria ser uma troca social em que contribuintes cooperam para que o Estado se organize e, dessa forma, possa promover uma sociedade com serviços adequados à capacidade contributiva de seus cidadãos. O pagamento de impostos só faz sentido, do ponto de vista de quem paga, se o Estado retribuir com serviços públicos minimamente adequados.
A reflexão que quero levantar não é sobre ausência e ineficiência de serviços públicos – disso todos já estão cientes. O problema é quanto custa para a economia o esforço para suprir serviços que faltam. Quem paga impostos vive, no Brasil, a economia da redundância.
Quem tem automóvel paga impostos sobre a compra, sobre o combustível, sobre a manutenção e também sobre a propriedade (o IPVA). Em troca, o Estado deveria prover transportes públicos para quem não tem automóvel e também condições viárias adequadas para quem contribui. Mas a realidade é que os donos de automóvel são obrigados a gastar mais com reparos de danos causados por vias mal pavimentadas, ou por uso de combustível adulterado e não fiscalizado, ou pelo desgaste excessivo causado pelas horas gastas no trânsito mal planejado.
O trânsito que desgasta os automóveis também afeta a saúde, cujos serviços públicos deveriam ser excepcionais diante de nosso nível de arrecadação. A realidade é que quem pode paga planos de saúde caros. Quem não pode perde mais saúde na espera, na ansiedade e no sofrimento. Essa dinâmica reduz ainda mais a produtividade dessas pessoas e sua capacidade de contribuir para a economia.
Pagamos caro também para garantir a segurança de nossas moradias e a educação de nossos filhos. Perdemos muito tempo e dinheiro para driblar a burocracia insana dos serviços públicos. Tudo isso ocorre no âmbito das famílias.
Na realidade empresarial, temos o trabalhador que custa para a empresa o dobro do que ele recebe, os gastos com segurança que o Estado não garante, o alto custo da logística feita em vias mal planejadas e o preço para se adequar ou para driblar a fiscalização corrupta.
A ineficiência do Estado em transformar em serviços o que arrecada nos obriga a pagar por tudo em dobro. Pagar por uma educação que já foi paga, custear bens que se depreciam pela má gestão pública e gastar em dobro com a saúde torna nossas empresas e nosso trabalho menos competitivos. Encarece o que já é caro e joga pelo ralo o discurso de que o país está evoluindo. Estamos em alta velocidade na contramão do desenvolvimento. É possível mudar com investimento maciço em educação, planejamento e eficiência.
A questão é: há interesse em mudar?
(*) É consultor financeiro e escritor. Escreva para ele em www.maisdinheiro.com.br.
Pagar impostos deveria ser uma troca social em que contribuintes cooperam para que o Estado se organize e, dessa forma, possa promover uma sociedade com serviços adequados à capacidade contributiva de seus cidadãos. O pagamento de impostos só faz sentido, do ponto de vista de quem paga, se o Estado retribuir com serviços públicos minimamente adequados.
A reflexão que quero levantar não é sobre ausência e ineficiência de serviços públicos – disso todos já estão cientes. O problema é quanto custa para a economia o esforço para suprir serviços que faltam. Quem paga impostos vive, no Brasil, a economia da redundância.
Quem tem automóvel paga impostos sobre a compra, sobre o combustível, sobre a manutenção e também sobre a propriedade (o IPVA). Em troca, o Estado deveria prover transportes públicos para quem não tem automóvel e também condições viárias adequadas para quem contribui. Mas a realidade é que os donos de automóvel são obrigados a gastar mais com reparos de danos causados por vias mal pavimentadas, ou por uso de combustível adulterado e não fiscalizado, ou pelo desgaste excessivo causado pelas horas gastas no trânsito mal planejado.
O trânsito que desgasta os automóveis também afeta a saúde, cujos serviços públicos deveriam ser excepcionais diante de nosso nível de arrecadação. A realidade é que quem pode paga planos de saúde caros. Quem não pode perde mais saúde na espera, na ansiedade e no sofrimento. Essa dinâmica reduz ainda mais a produtividade dessas pessoas e sua capacidade de contribuir para a economia.
Pagamos caro também para garantir a segurança de nossas moradias e a educação de nossos filhos. Perdemos muito tempo e dinheiro para driblar a burocracia insana dos serviços públicos. Tudo isso ocorre no âmbito das famílias.
Na realidade empresarial, temos o trabalhador que custa para a empresa o dobro do que ele recebe, os gastos com segurança que o Estado não garante, o alto custo da logística feita em vias mal planejadas e o preço para se adequar ou para driblar a fiscalização corrupta.
A ineficiência do Estado em transformar em serviços o que arrecada nos obriga a pagar por tudo em dobro. Pagar por uma educação que já foi paga, custear bens que se depreciam pela má gestão pública e gastar em dobro com a saúde torna nossas empresas e nosso trabalho menos competitivos. Encarece o que já é caro e joga pelo ralo o discurso de que o país está evoluindo. Estamos em alta velocidade na contramão do desenvolvimento. É possível mudar com investimento maciço em educação, planejamento e eficiência.
A questão é: há interesse em mudar?
(*) É consultor financeiro e escritor. Escreva para ele em www.maisdinheiro.com.br.
Nenhum comentário:
Postar um comentário