terça-feira, 24 de agosto de 2010

Aos desinformados

Antenor Pereira Giovannini (*)

Muito tem sido falado e, principalmente, escrito de bobagens por estes lados envolvendo nossa área portuária, orla, excesso de caminhões, doenças e por aí afora, caso a estrada BR 163 chegue. Querendo os não os opositores e intransigentes, a estrada vai chegar. Se não for em 2011, será em 2012, ou 2013, mas, em algum momento, vai chegar para alegria de muitos e tristeza de alguns.

A esses desinformados, inconscientes ou conscientes, gostaria de lembrá-los a respeito de uma cidade chamada Guarujá. A cidade de Guarujá é conhecida como a "Pérola do Atlântico" devido às suas belas praias e belezas naturais. 
Muito procurada pelos turistas na alta temporada, a cidade conta com praias urbanizadas e algumas selvagens, acessíveis apenas por trilhas. Além do litoral, Guarujá oferece construções históricas e trilhas de ecoturismo. Outra atração local é a pesca artesanal, que pode ser vista e praticada em diversas praias do município. 
Além disso, Guarujá é um dos quinze municípios paulistas considerados estâncias balneárias por cumprirem determinados pré-requisitos definidos por lei estadual. Trata-se de um município que fica a cerca de 70 km de São Paulo e que teve, nas décadas de 1970 a 1980, um crescimento descontrolado, principalmente na orla da cidade sendo ocupada por diversos loteamentos e edifícios, sem a necessária contraparte de infra-estrutura.

Durante os anos 70, houve a construção da Rodovia Piaçagüera- Guarujá ligando a ilha diretamente à Via Anchieta e a outras de menor grau como a Rio-Santos e Mogi-Bertioga dando acesso à região do Litoral Norte. Isso provocou explosão de turismo e migração para a ilha. A qualidade ambiental caiu com a poluição das águas, a ocupação de áreas sensíveis como morros e mangues e o número cada vez maior de turistas, moradores e migrantes sobrecarregando o Guarujá.
A situação se tornou critica no final da década de 80 e início de 90, diante de milhões de turistas. Houve um colapso da infra-estrutura do Guarujá, com cortes de eletricidade, falta de água e poluição das praias. A conseqüência foi a queda do próprio turismo e da receita. 
Tudo isso obrigou a que, na segunda metade da década de 1990 houvesse uma recuperação progressiva do balneário, com investimentos em saneamento, habitação, infra-estrutura e até mesmo efeitos benéficos da divisão do total de turistas com outras regiões, causando menor sobrecarga à cidade. Paulatinamente a cidade começou a receber novos investimentos e recomeçou a desenvolver o turismo de negócios e a prestação de serviços, visando a expandir sua base econômica e se tornar menos dependente do turismo sazonal.

Mas, talvez poucos saibam, Guarujá possui porto ou portos pela continuidade do porto de Santos (CODESP) que usa o outro lado do canal já em terras de Guarujá para trabalho em seus portos. Interessante frisar que em Guarujá estão localizados os portos da Cargill, do TGG (soja), da TEMAG (fertilizantes) usado por um grupo formado pela Bunge/Maggi/ALL. Temos o terminal da Cutrale (suco de laranja). Afora esses ainda existem Santos Brasil e a Tecon que operam “containeres”. Quase no final está situado o porto da Localfrio que exporta “containeres” frigorificados. 
Para se ter idéia de movimentos de veículos, a Cargill que opera soja/milho/farelo/açúcar movimenta, em épocas de safra, em torno de 600 caminhões e 250 vagões por dia. 
Nos demais portos a média em safra gira em torno de 90 mil caminhões por mês ou 3 mil veículos ao dia. 
Alguém tem noticias de que as carretas transitem pela orla, estacionem junto aos prédios luxuosos da cidade, que haja uma mistura de famílias, caminhoneiros, prostitutas etc. etc.? Ou sabe-se que obrigatoriamente há uma parada antes de cada caminhão entrar na cidade para que se dirija tão somente a zona portuária, com controles através de rádios, controles de entrada e saída, exatamente para coibir qualquer abuso que atinja a área residencial, comercial da cidade? Se não fosse por isso, como se poderia imaginar o transito de 3 mil veículos ao dia circulando por onde quisessem?

Para o progresso há um preço. Até mesmo quando se usou pela primeira vez a energia elétrica os pobres funcionários que acendiam e apagavam os lampiões pelas ruas da grandes cidades, sabiam que seus dias de empregos estavam contados. 
O que se precisa é ter organização, diretriz, Plano Diretor, Código de Postura, leis que coíbam excessos e façam com que as zonas sejam absolutamente respeitadas. 
Se as regras não existem, que sejam criadas. Seguramente haverá resultados e bons. 

Ao contrário da postura semi-medieval de ficar tentando emperrar o curso natural da vida. Quem impede o desenvolvimento da vida está operando em favor da morte. 

(*) Aposentado e agora comerciante morador em Santarém (PA)

Um comentário:

  1. Caro amigo Antenor, como morador da baixada santista (SP) e trabalhador da Cidade do Guarujá confirmo suas palavras com todas as letras.
    Sabe que nesta cidade tem muito turista que nem sabe que existe um porto no Guarujá, pois existe uma organização onde os caminhões e vagões não entram na cidade pelo mesmo caminho dos turistas, que nas praias lindas do Guarujá relaxam sem ter a minima idéia sobre os numeros que voce mencionou.
    Guarujá tem um população fixa de 300 mil habitantes que na temporada de férias chega a 1 milhão.
    Morei e conheço bem a linda cidade de Santarém e não tenho dúvidas que com uma boa organização o mesmo pode acontecer e imaginem o que isto não trará de beneficios a mesma, empregos e desenvolvimento do lado do porto e empregos e desenvolvimento turistico.

    Vai em frente Santarém.

    Abraço aos queridos amigos Santarenos.
    Paulistano do Mundo

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