Padre Sidney Augusto Canto (*)
Perto de Tóquio vivia um grande samurai, já idoso, que agora se dedicava a ensinar a sabedoria aos jovens. Apesar de sua idade, corria a lenda de que ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.
Certa tarde, um guerreiro conhecido por sua total falta de escrúpulos apareceu por ali. Era famoso por utilizar a técnica da provocação: esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento e então contra-atacava com velocidade fulminante. Este jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta. Conhecendo a reputação do samurai, estava ali para derrotá-lo e aumentar sua fama.
Todos os estudantes se manifestaram contra a idéia, mas o velho samurai aceitou o desafio. Foram todos para a praça da cidade, e o jovem guerreiro começou a insultar o velho mestre. Chutou algumas pedras em sua direção, gritou todos os insultos conhecidos, ofendendo inclusive seus ancestrais.
Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho permaneceu impassível. No final da tarde, sentindo-se já exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro retirou-se.
Desapontados pelo fato do mestre aceitar tantos insultos e provocações sem revidar, os alunos perguntaram
- Mestre, como o senhor pôde suportar tanta indignidade? Por que não usou sua espada, mesmo sabendo que poderia perder a luta?
O mestre respondeu:
- Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, a quem pertence o presente?
- A quem tentou entregá-lo. - Respondeu um dos discípulos.
- O mesmo vale para a inveja, a raiva, e os insultos que os outros lhe fazem. Quando você não os aceita eles se voltam para quem os proferiu. - Disse o mestre.
Quantas vezes nos deixamos levar pelas provocações alheias? Acabamos deixando que o ódio e raiva tomem conta do nosso coração e acabamos por nos deixar levar pela vingança, muitas vezes cheia de uma ira maior do que aquela que nos provocou.
No dia a dia, somos cercados de provocações, intrigas, inveja, seja em casa, no trabalho, com os amigos e amigas... Contudo, a sabedoria e o amor de Deus nos pedem que não retribuamos tais malefícios com outros malefícios. A proposta de Jesus é outra: “Eu, porém, digo a vocês que me escutam: Amem os vossos inimigos e façam o bem para aqueles que vos odeiam!” (Lc 6,27).
Lembremos sempre que se nós fazemos o mal para as pessoas ele poderá voltar para nós e essa é a pior das derrotas da vida.
Pense e reflita!
(*) Sacerdote santareno e foi ordenado presbítero no dia 28 de dezembro de 2001. É membro da Academia de Letras e Artes de Santarém, como escritor e pesquisador da história da sua Diocese já tendo dois livros publicados e outros dois inéditos.
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