sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Envelheceu

Arthur Virgílio (*)

O governo Dilma Rousseff envelheceu antes do tempo. Desmontou-se a imagem da “gerentona” inflexível, que até assustaria ministros e auxiliares. Essa imagem é ficção do marqueteiro João Santana e nada mais.

Afinal, as obras do chamado PAC não saem do lugar. E já não saíam quando a atual presidente era a poderosa chefe da Casa Civil de Lula. Ademais, já sabemos todos que nenhum ministro dela a teme, a exemplo de Carlos Lupi, que poderia até “amá-la”, mas que definitivamente não a temia.

A exemplo de Fernando Bezerra, que desvia 90% dos recursos, destinados à prevenção de desastres naturais para seu reduto eleitoral, e fica impune, ainda por cima dizendo que Dilma sabia de tudo.

A exemplo de Fernando Pimentel, “consultor” da marca Palocci, que se arrasta na UTI política protegido pela antiga relação de amizade que mantém com quem deveria tê-lo demitido faz tempo.

A imagem da “faxineira” ruiu, consistente com a falência da “gerentona”. Faxineira que não limpa a casa: “se Pimentel quiser falar ele fala, se não quiser, não fala”, subestimando a opinião pública, como se a ela não devesse satisfações.

O governo precluiu. No politico, submete-se a partidos que fazem das pastas e dos demais cargos que “herdaram”, verdadeiras capitanias de donatários interesseiros, oportunistas e relapsos. Quando os escândalos e a imprensa tornam impossível a presença de determinados elementos no gabinete, ela os demite para, logo a seguir, garantir-lhes a impunidade, permitindo que os mesmos partidos indiquem substitutos para as mesmas posições.

No econômico, condena o país a quatro anos de crescimento baixo contra inflação elevada. Não aproveita sua numericamente formidável base parlamentar para aprovar as reformas estruturais que, elas sim – e não a retórica de torcedor do ministro Mantega – preparariam o Brasil para o grande salto.

Sua base congressual, aliás, serve mesmo é para protagonizar vexames e indicar nomes reprováveis para a composição do governo.
Não conduz o País na direção correta. Como falar em desenvolvimento verdadeiro se os principais vetores que levam a esse caminho estão em situação falimentar? É a infraestrutura inexistente, com estradas intransitáveis, ferrovias fantasmas, portos inadequados, burocracia excessiva, corrupção comprovada, a onerar o custo Brasil e comprometer a competitividade da economia.

É a segurança pública invertida, que prende as pessoas de bem em casa e permite o livre trânsito dos criminosos pelas ruas das cidades brasileiras. Criminosos de todos os tipos. Esfarrapados e de colarinho branco. Com ou sem cargo público. Com ou sem mandato eletivo. Com ou sem participação no homicídio no mínimo culposo, anual, praticado contra as vítimas das enchentes.

É a saúde que não funciona, com doenças tidas como vencidas retornando à vida dos cidadãos pobres. Os hospitais públicos parecem praças de guerra. Os médicos, atormentados, têm de fazer o papel de Deus, decidindo quem morre e quem sobrevive, posto não ser viável o atendimento a todos que procuram a rede pública.

É a educação com a face do ministro Fernando Haddad, que fracassou em três edições consecutivas do Enem e, perversamente, talvez por isso se tenha credenciado a ser o candidato do lulopetismo à prefeitura de São Paulo.

Como falar em desenvolvimento desse jeito? É uma pena, mas o governo Dilma caducou antes de sequer haver mostrado uma identidade própria.

O Brasil merece coisa melhor!

(*) Diplomata, foi líder do PSDB no Senado

Nenhum comentário:

Postar um comentário