sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O novo ministro e o mensalão

Novo ministro do Turismo vê "corrupção sem paralelo" no mensalão

O Estado de São Paulo

O novo ministro do Turismo, Gastão Vieira, considerou o esquema do mensalão um "caso de corrupção sem paralelo na história republicana brasileira".

Afilhado do presidente do Senado José Sarney (PMDB-AP), Vieira tomará posse hoje em substituição a Pedro Novais, que deixou o cargo depois de que foi revelado que eles usavam funcionários pagos com dinheiro público em atividades particulares.

Em 2005, quando estourou o escândalo do mensalão, Gastão Vieira era deputado pelo PMDB do Maranhão e integrou a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investigou o caso.

Enquanto a cúpula petista e o então presidente Lula se esforçavam na tentativa de desqualificar o escândalo, o novo ministro ia para a tribuna dizer que o mensalão era um caso "deliberadamente e estrategicamente" montado para comprar deputados.

Gastão Vieira citou o escândalo do mensalão em ao menos seis discursos no plenário, entre 2005 e 2009, quando o PMDB já era o principal partido de sustentação do governo do PT.

Em nenhum desses discursos Vieira mudou o tom nem aderiu à versão governista sobre o mensalão. "O nível de recursos desviados revela que o desvio era feito de caso pensado", disse, em discurso em setembro de 2005.

Em 2009, por exemplo, o então deputado disse que o mensalão "envolvia presidentes e líderes de partidos e não aqueles que vagavam na solidão deste plenário".

EXECUTIVO
Em seus pronunciamentos feitos à época, ele diz que o mensalão partiu do Executivo e o governo, em vez de aproveitar a popularidade de Lula, preferiu "comprar partidos e cooptar deputados".

"A crise tem origem no Executivo, que poderia usar a força dos votos que trouxe Lula para a Presidência e fazer as reformas com nossa adesão."

Vieira chegou a dizer que Lula corria risco de sofrer impeachment.
"Devemos eleger um presidente para a Câmara independentemente do tamanho de bancada, que não provoque o impeachment do presidente Lula, mas esteja pronto para fazê-lo se as circunstâncias assim o determinarem", discursou no plenário, três meses após o mensalão ser revelado.

Na Câmara, também bateu de frente com a ala do PT contrária ao apoio de Sarney: "Alguns deputados do PT quererem ser donos da verdade e das obras do governo".

ECONOMIA
Outro ponto de atrito foi a questão econômica. Ele criticou um dos principais argumentos do governo na área: a "herança maldita do governo Fernando Henrique". Para Vieira, o discurso refletia "medo de Lula não ter êxito no enfrentamento da crise".

O novo ministro de Dilma assume a Esplanada depois de cinco auxiliares caírem em nove meses do governo, quatro deles envolvidos em suspeitas de corrupção.

O caso do mensalão deve ser o maior julgamento da Justiça brasileira. Entre os 38 réus está o ex-ministro José Dirceu, homem forte do governo Lula. A expectativa é que seja julgado em 2012.

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