sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A festa da maconha na PUC é um problema?

Gilberto Dimenstein (*)

A cidade de Nova York acaba de informar que caiu para 14% o número de seus habitantes que fumam --uma redução de cerca de 35% desde 2002, o que vai significar menos dezenas de milhares de mortes precoces. Uma vitória e tanto. A queda de fumantes contém a receita que se deve aplicar contra o abuso da maconha --um assunto que, de novo, volta à tona com a proibição da reitoria da PUC contra a realização de um evento no campus convocado para pressionar pela liberação da maconha.

O problema da festa da maconha, entre outras manifestações desse tipo, é o seguinte: em vez de tirar, reforça o charme do uso da droga. No final, fica o debate entre a repressão, simbolizada pela polícia, e os jovens que pregam a liberdade. De qual lado os jovens tendem a ficar?

Como o leitor sabe, acho que a descriminalização da maconha seria um mal menor. Não é um assunto policial, mas de saúde pública.

No caso do cigarro, visto com algo charmoso por muitas gerações, há um esforço de mostrar seu efeito no corpo. E aí não tem nada de charmoso. É gente ganhando dinheiro para produzir câncer.

Quando se coloca o debate entre polícia versus maconha, parece que a droga simboliza liberdade. E não é liberdade.

A maconha pode ser muito menos nociva do que o cigarro, a bebida ou outras drogas, mas ainda assim é um problema de saúde. Há uma série de estudos mostrando como o abuso da maconha tende a afetar a memória, dificultando o desempenho escolar e profissional.

Ter essas habilidades reduzidas significa perder autonomia --e, portanto, liberdade.

(*) Jornalista e integra o Conselho Editorial da Folha de São Paulo. Vive atualmente nos Estados Unidos.

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