quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Cinismo do IBAMA a céu aberto

Edilberto Sena (*)

A situação está chegando ao extremo da hipocrisia governamental em relação ao cuidado com a natureza e o meio ambiente. Observa-se a duplicidade de comportamento do mesmo Instituto Brasileiro de cuidado com o Meio Ambiente, o IBAMA.

Nestes dias em Alter do Chão (Santarém), durante a movimentada festa do Sairé, o escritório do IBAMA neste município, monta uma equipe de funcionários para a chamada operação moda tris. Caso alguém for flagrado usando como adorno parte de animais, como penas de aves,ou peles e dentes de onça ou de macaco, será multado em 500 reais; se o adorno for com partes de animais ameaçados de extinção, como arara
azul, ou tartaruga, a multa será de 5 mil reais.

Portanto, o IBAMA em Santarém avisa que será uma vigilância rigorosa e qualquer enfeite desse tipo será motivo de problemas para o usuário. Até uma pena de peru, se for confundida com pena de mutum poderá gerar multa.

Agora, pode se acompanhar essa outra notícia. Nestes dias, o presidente do IBAMA, Sr. Curt Trennepole, autorizou um grande desmatamento à empresa Norte Energia, encarregada de destruir o rio Xingu para construir a hidrelétrica de Belo Monte.

Ele, usando de sua responsabilidade como presidente do Instituto zelador do meio ambiente, autorizou a empresa a desmatar um mil,quatrocentos e setenta e cinco hectares de florestas, na volta grande do Xingu, para a “implantação de infraestrutura do sitio do canal de Belo Monte”, assim mesmo ele escreveu na autorização. Desse total de desmatamento, 169 hectares são de área de proteção permanente, uma APP.

Dois pesos, duas medidas, de acordo com os interesses dos governantes. O cinismo do presidente do IBAMA em Brasília chega ao ponto de estabelecer regras para o desmatamento na volta grande do Xingu. “Não pode tocar fogo tem que transportar todo material desmatado para outra área degradada e se busque outra área para
substituir a área de proteção permanente destruída”.

Essa é a dita ética de situação para eles; para a Amazônia é o cúmulo da irresponsabilidade com a natureza e o meio ambiente. Multa-se quem estiver usando uma pena de papagaio de enfeite e se autoriza destruir 1.475 hectares de floresta para abrir um canal de uma hidroelétrica considerada um desastre irreversível na Amazônia. O IBAMA fica cada vez mais desmoralizado diante de suas contradições e a democracia brasileira fica cada vez mais fragilizada.

(*) Sacerdote e Diretor da Rádio Rural de Santarém (PA)

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