Educação? Fotógrafa mostra escolas públicas em que 'falta tudo'
UOL
Escolas sem carteiras e sem banheiro, alunos sem livros e sem merenda escolar. Esses foram alguns dos problemas encontrados pela fotógrafa Cláudia Martini em escolas públicas de cinco Estados brasileiros.
Convidada pelo MPF (Ministério Público Federal) a registrar unidades com os piores índices de desempenho escolar do país, Cláudia não teve dúvidas em aceitar o desafio, mas não imaginava o que veria em escolas de Alagoas, Amapá, Pará, Rio de Janeiro e Roraima.
"É um absurdo. Voltei para casa completamente mexida, deprimida por ter visto crianças e professoras se esforçando tanto para manter uma escola em que falta tudo", confessa a fotógrafa.
As imagens fazem parte da exposição "Escola?", aberta para visitação até 15 de maio no Memorial da Procuradoria Geral da República, em Brasília. Os registros de Cláudia serviram de base também para inquéritos dos Ministérios Públicos estaduais e federais no projeto MPEduc (Ministério Público pela Educação).
Confira abaixo trechos da conversa com Cláudia Martini.
UOL Educação - Sabendo dos municípios que você teria de visitar, como você selecionava as escolas para fotografar?
Cláudia Martini - As escolas foram selecionadas por ordem decrescente do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Geralmente, quanto menor o Ideb pior era a escola. Recebi sugestões do Grupo de Trabalho Educação do Ministério Público Federal, pesquisei no site do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação e abordei mães nas ruas das cidades, solicitando que me indicassem escolas que precisavam urgentemente de ajuda.
UOL - As escolas com problemas em que você fez fotos eram exceção em cada uma das cidades?
Cláudia - Infelizmente não. As escolas públicas que visitei apresentavam problemas estruturais, como rachaduras, infiltrações, fiação elétrica aparente, falta de acessibilidade para alunos portadores de necessidades especiais, quadros negros, mobiliário escolar, área de lazer e cozinhas em péssimas condições ou inadequadas; falta de ventiladores ou ar condicionado; livros didáticos não distribuídos, empilhados e estocados de forma inadequada.
UOL - Quando perguntava para as crianças o que elas gostariam para a escola, que respostas recebeu?
Cláudia - As recorrentes foram "merenda todo dia" (muitas crianças vão a escola para se alimentarem), banheiro, área de lazer, ventilador ou ar condicionado (o calor é insuportável dentro de algumas salas de aula) e transporte escolar. Algumas crianças chegam a andar quilômetros para chegar às escolas.
UOL - E do que reclamavam os professores no seu caminho?
Cláudia - Todos os tipos de reclamação. Me deparei com professoras exaustas porque se dividem entre educadoras, merendeiras, serviçais. Vi serviçal que se tornou professora da noite para dia e alegou não estar preparada para a função, mas disposta a ajudar no que fosse possível para que as crianças não parassem de estudar. Com professoras que sequer tinham um quadro negro para dar aula e com outra que tirava todo o dia o quadro da parede para que os cupins não o comessem de vez; com a falta de material didático e escolar; com a falta de banheiro.
UOL - Após as andanças, o que você gostaria de mudar na educação do país?
Cláudia - O descaso das autoridades e o despreparo dos gestores escolares. A profissionalização dos gestores escolares. Diretores comprometidos em instituir uma nova realidade, na unidade de ensino a que se dedicam, contribuiriam para formação de cidadãos ativos, capazes de exercer sua cidadania.
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Escolas sem carteiras e sem banheiro, alunos sem livros e sem merenda escolar. Esses foram alguns dos problemas encontrados pela fotógrafa Cláudia Martini em escolas públicas de cinco Estados brasileiros.
Convidada pelo MPF (Ministério Público Federal) a registrar unidades com os piores índices de desempenho escolar do país, Cláudia não teve dúvidas em aceitar o desafio, mas não imaginava o que veria em escolas de Alagoas, Amapá, Pará, Rio de Janeiro e Roraima.
"É um absurdo. Voltei para casa completamente mexida, deprimida por ter visto crianças e professoras se esforçando tanto para manter uma escola em que falta tudo", confessa a fotógrafa.
As imagens fazem parte da exposição "Escola?", aberta para visitação até 15 de maio no Memorial da Procuradoria Geral da República, em Brasília. Os registros de Cláudia serviram de base também para inquéritos dos Ministérios Públicos estaduais e federais no projeto MPEduc (Ministério Público pela Educação).
Confira abaixo trechos da conversa com Cláudia Martini.
UOL Educação - Sabendo dos municípios que você teria de visitar, como você selecionava as escolas para fotografar?
Cláudia Martini - As escolas foram selecionadas por ordem decrescente do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Geralmente, quanto menor o Ideb pior era a escola. Recebi sugestões do Grupo de Trabalho Educação do Ministério Público Federal, pesquisei no site do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação e abordei mães nas ruas das cidades, solicitando que me indicassem escolas que precisavam urgentemente de ajuda.
UOL - As escolas com problemas em que você fez fotos eram exceção em cada uma das cidades?
Cláudia - Infelizmente não. As escolas públicas que visitei apresentavam problemas estruturais, como rachaduras, infiltrações, fiação elétrica aparente, falta de acessibilidade para alunos portadores de necessidades especiais, quadros negros, mobiliário escolar, área de lazer e cozinhas em péssimas condições ou inadequadas; falta de ventiladores ou ar condicionado; livros didáticos não distribuídos, empilhados e estocados de forma inadequada.
UOL - Quando perguntava para as crianças o que elas gostariam para a escola, que respostas recebeu?
Cláudia - As recorrentes foram "merenda todo dia" (muitas crianças vão a escola para se alimentarem), banheiro, área de lazer, ventilador ou ar condicionado (o calor é insuportável dentro de algumas salas de aula) e transporte escolar. Algumas crianças chegam a andar quilômetros para chegar às escolas.
UOL - E do que reclamavam os professores no seu caminho?
Cláudia - Todos os tipos de reclamação. Me deparei com professoras exaustas porque se dividem entre educadoras, merendeiras, serviçais. Vi serviçal que se tornou professora da noite para dia e alegou não estar preparada para a função, mas disposta a ajudar no que fosse possível para que as crianças não parassem de estudar. Com professoras que sequer tinham um quadro negro para dar aula e com outra que tirava todo o dia o quadro da parede para que os cupins não o comessem de vez; com a falta de material didático e escolar; com a falta de banheiro.
UOL - Após as andanças, o que você gostaria de mudar na educação do país?
Cláudia - O descaso das autoridades e o despreparo dos gestores escolares. A profissionalização dos gestores escolares. Diretores comprometidos em instituir uma nova realidade, na unidade de ensino a que se dedicam, contribuiriam para formação de cidadãos ativos, capazes de exercer sua cidadania.
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