Jeff Benício (*)
Enquanto registra uma preocupante perda de audiência ano após ano, a Globo ganha cada vez mais ‘haters’ na internet. A maior e mais rica emissora do país desperta ataques virulentos contra sua programação e a linha editorial. Chega a ser chamada de ‘Rede Bobo’ nas redes sociais e no espaço de comentários de sites.
Qual explicação para tamanha animosidade?
Uma crítica recorrente é sobre o crescente espaço concedido em novelas e programas de entretenimento às minorais sexuais, como gays, lésbicas e transexuais.
Há quem sustente que a Globo comete um atentado moral contra a família brasileira ao destacar a diversidade sexual em horário nobre.
Pois os conservadores precisam se preparar para a overdose que vem aí: a próxima trama das 21h, ‘Falso Brilhante’, terá 4 personagens homossexuais.
O folhetim seguinte, ‘Babilônia’, apresentará um casal de lésbicas na terceira idade e pelo menos dois gays masculinos.
O remake de ‘O Rebu’, a ser exibido na faixa das 23h após a Copa, mostrará a relação de um homem mais velho com um garotão interesseiro. Até a Record, controlada por uma igreja evangélica, dará visibilidade à causa gay: a novela ‘Vitória’, que estreia no próximo dia 2, terá um homossexual vítima de perseguição entre os personagens principais.
Aguinaldo Silva, autor de ‘Falso Brilhante’ e gay assumido, lançou em seu Twitter uma explicação para a presença quase obrigatória de homossexuais nas novelas atuais:
“Gay consome pra caramba, os patrocinadores adoram isso”.
Ativistas afirmam que 10% da população mundial são homossexuais.
Em números extraoficiais, seriam 720 milhões de gays no planeta — 20 milhões no Brasil.
Impressionada com esses números, a cúpula da Globo liberou até o polêmico beijo gay, visto recentemente entre os personagens Félix (Mateus Solano) e Niko (Thiago Fragoso) em ‘Amor à Vida’. O diretor-geral da emissora, Carlos Henrique Schroder, tem implantado um conceito menos dogmático desde que assumiu o cargo, no início de 2013.
Apesar de ter forte ligação com o alto clero da Igreja Católica, a Globo está mais liberal do que nunca.
O jornalismo da Globo — visto como pouco isento por uma parcela do público, e assumidamente anti-petista por outro percentual de telespectadores — também recebe inflamados protestos na internet. A origem da revolta está no apoio que o canal deu aos militares durante a ditadura. Aliás, essa postura foi revista após pressão popular.
Em editorial de agosto de 2013, publicado no jornal ‘O Globo’ e lido no ‘Jornal Nacional’, as Organizações Globo classificaram sua adesão ao golpe de 1964 como um ‘equívoco’.
O anúncio aconteceu logo após os protestos de junho, quando equipes de reportagem da Globo foram hostilizadas em várias cidades do país, sob gritos de “a verdade é dura, a Globo apoiou a ditadura”.
Outro alvo frequente de quem diz odiar a Globo são os reality shows como o ‘Big Brother Brasil’. O ‘BBB’, que tem mais quatro edições confirmadas até 2018, é comumente classificado como ‘lixo’. Porém, mesmo despertando tanta ojeriza, ainda bate recordes de faturamento e repercussão — especialmente no Twitter e Facebook. Postar mensagens raivosas contra o Big Brother virou uma espécie de válvula de escape. Para os mais radicais, é quase um ato político anti-establishment.
Ainda vista por muitos como elitista, a Globo faz esforço para se popularizar.
Programas como o ‘Esquenta’, de Regina Casé, reproduzem o gosto musical das emergentes classes C e D, que ainda preferem a TV aberta aos outros meios de entretenimento. Novelas passaram a mostrar mais subúrbios e periferias do que áreas nobres de Rio e São Paulo. Nos jornalísticos, reportagens dão o mesmo peso para a análise de especialistas e a opinião do ‘povão’. Aquela Globo da MPB e da Bossa Nova hoje é a Globo do rap, do funk e do sertanejo universitário.
A audiência, por enquanto, não responde às mudanças. A emissora tem perdido, em média, 10% de seu público a cada ano. Parte para os canais pagos, parte para a internet (inclua aqui o acesso por smartphones e tablets), e ainda um percentual de pessoas que abandonaram o hábito de ver TV regularmente.
Às vésperas de completar 50 anos, a (ainda) toda-poderosa Globo sente as mudanças provocadas pela revolução tecnológica, o aumento da concorrência em diferentes plataformas e a total liberdade de expressão no universo virtual. Antes quase intocável, agora a emissora virou um alvo fácil da trollagem. Odiar a Globo está na moda.
(*) Jornalista escreve sobre TV desde 1998
Enquanto registra uma preocupante perda de audiência ano após ano, a Globo ganha cada vez mais ‘haters’ na internet. A maior e mais rica emissora do país desperta ataques virulentos contra sua programação e a linha editorial. Chega a ser chamada de ‘Rede Bobo’ nas redes sociais e no espaço de comentários de sites.
Qual explicação para tamanha animosidade?
Uma crítica recorrente é sobre o crescente espaço concedido em novelas e programas de entretenimento às minorais sexuais, como gays, lésbicas e transexuais.
Há quem sustente que a Globo comete um atentado moral contra a família brasileira ao destacar a diversidade sexual em horário nobre.
Pois os conservadores precisam se preparar para a overdose que vem aí: a próxima trama das 21h, ‘Falso Brilhante’, terá 4 personagens homossexuais.
O folhetim seguinte, ‘Babilônia’, apresentará um casal de lésbicas na terceira idade e pelo menos dois gays masculinos.
O remake de ‘O Rebu’, a ser exibido na faixa das 23h após a Copa, mostrará a relação de um homem mais velho com um garotão interesseiro. Até a Record, controlada por uma igreja evangélica, dará visibilidade à causa gay: a novela ‘Vitória’, que estreia no próximo dia 2, terá um homossexual vítima de perseguição entre os personagens principais.
Aguinaldo Silva, autor de ‘Falso Brilhante’ e gay assumido, lançou em seu Twitter uma explicação para a presença quase obrigatória de homossexuais nas novelas atuais:
“Gay consome pra caramba, os patrocinadores adoram isso”.
Ativistas afirmam que 10% da população mundial são homossexuais.
Em números extraoficiais, seriam 720 milhões de gays no planeta — 20 milhões no Brasil.
Impressionada com esses números, a cúpula da Globo liberou até o polêmico beijo gay, visto recentemente entre os personagens Félix (Mateus Solano) e Niko (Thiago Fragoso) em ‘Amor à Vida’. O diretor-geral da emissora, Carlos Henrique Schroder, tem implantado um conceito menos dogmático desde que assumiu o cargo, no início de 2013.
Apesar de ter forte ligação com o alto clero da Igreja Católica, a Globo está mais liberal do que nunca.
O jornalismo da Globo — visto como pouco isento por uma parcela do público, e assumidamente anti-petista por outro percentual de telespectadores — também recebe inflamados protestos na internet. A origem da revolta está no apoio que o canal deu aos militares durante a ditadura. Aliás, essa postura foi revista após pressão popular.
Em editorial de agosto de 2013, publicado no jornal ‘O Globo’ e lido no ‘Jornal Nacional’, as Organizações Globo classificaram sua adesão ao golpe de 1964 como um ‘equívoco’.
O anúncio aconteceu logo após os protestos de junho, quando equipes de reportagem da Globo foram hostilizadas em várias cidades do país, sob gritos de “a verdade é dura, a Globo apoiou a ditadura”.
Outro alvo frequente de quem diz odiar a Globo são os reality shows como o ‘Big Brother Brasil’. O ‘BBB’, que tem mais quatro edições confirmadas até 2018, é comumente classificado como ‘lixo’. Porém, mesmo despertando tanta ojeriza, ainda bate recordes de faturamento e repercussão — especialmente no Twitter e Facebook. Postar mensagens raivosas contra o Big Brother virou uma espécie de válvula de escape. Para os mais radicais, é quase um ato político anti-establishment.
Ainda vista por muitos como elitista, a Globo faz esforço para se popularizar.
Programas como o ‘Esquenta’, de Regina Casé, reproduzem o gosto musical das emergentes classes C e D, que ainda preferem a TV aberta aos outros meios de entretenimento. Novelas passaram a mostrar mais subúrbios e periferias do que áreas nobres de Rio e São Paulo. Nos jornalísticos, reportagens dão o mesmo peso para a análise de especialistas e a opinião do ‘povão’. Aquela Globo da MPB e da Bossa Nova hoje é a Globo do rap, do funk e do sertanejo universitário.
A audiência, por enquanto, não responde às mudanças. A emissora tem perdido, em média, 10% de seu público a cada ano. Parte para os canais pagos, parte para a internet (inclua aqui o acesso por smartphones e tablets), e ainda um percentual de pessoas que abandonaram o hábito de ver TV regularmente.
Às vésperas de completar 50 anos, a (ainda) toda-poderosa Globo sente as mudanças provocadas pela revolução tecnológica, o aumento da concorrência em diferentes plataformas e a total liberdade de expressão no universo virtual. Antes quase intocável, agora a emissora virou um alvo fácil da trollagem. Odiar a Globo está na moda.
(*) Jornalista escreve sobre TV desde 1998
MESTRE ANTENOR,
ResponderExcluirA HEGEMONIA JÁ FOI QUEBRADA A MUITO TEMPO. QUEM SABE AGORA, SEJA MESMO O PRINCÍPIO DO FIM!!!