Cidinha Campos (*)
Uma hora e meia de irresponsabilidade: foi o que se viu no programa da Regina Casé na tarde de um domingo 15 dias atrás. A polícia ainda não disse o que aconteceu no Pavão-Pavãozinho, mas a vítima, o dançarino DG, já foi canonizada como um misto de Rudolf Nureyev e São Francisco de Assis.
Eu lamento a morte desse rapaz, assim como lamento a morte de Edilson dos Santos, o jovem com deficiência metal morto na mesma operação, e todos os PMs assassinados por bandidos nas UPPs e fora delas. Para esses, não se dedicou um programa na TV nem se produziu uma torrente de lágrimas em cadeia nacional.
DG era lindo, alegre, pontual, como disse Regina Casé. Mas o que fazia ele pulando de um prédio para o outro em plena madrugada? A polícia afirma que ele estava com o bandido maior da área, o tal de Pitbull, foragido da cadeia, que naquela noite promovia um churrasco na comunidade, quando o tiroteio começou.
É fato que o dançarino gostava de companhias pouco recomendáveis.
No seu Facebook, postou que era “amigo eterno do Cachorrão” (traficante morto na mesma comunidade em janeiro) e chegou a dizer que os moradores iriam descer o morro “cheios de ódio na veia e bico na mão” para vingar a morte do facínora.
No mesmo domingo do programa, um grupo fez uma manifestação na Avenida Atlântica, mãe da vítima à frente tocando um bumbo, gritando “Fora, UPP!”.
Certamente, preferem que os traficantes continuem donos das favelas.
Uma repórter do jornal O DIA foi agredida na manifestação. Agora virou moda.
Não faz muito tempo, jornalistas e qualquer serviço do estado só subiam a favela com autorização do tráfico. Quem tem saudades desta época?
Nunca houve no Brasil um programa de combate ao domínio do tráfico tão determinado e corajoso quanto a UPP. É mentira que a ocupação social não esteja acontecendo.
Pode não ser na velocidade que desejamos, mas acontece na velocidade possível.
Só quem não mora no Alemão pode ignorar o teleférico, o cinema, as creches, escolas, biblioteca, centro de computação. O mesmo vale para a Rocinha, para o Santa Marta, Chapéu Mangueira e tantas outras comunidades.
A esquerda caviar, que ganha dinheiro mostrando a cultura da favela, mas gosta de passar férias em Angra e Paris, não vai reconhecer nunca o trabalho do governo, a menos que ganhe cachê para isso. As UPPs são a nossa chance de retomar o Rio para os fluminenses. Alimentar o discurso contra elas equivale a voltar para um passado que uma emissora com a responsabilidade da TV Globo não tem o direito de esquecer.
(*) Jornalista, radialista e deputada estadual pelo PDT no Rio de Janeiro
Uma hora e meia de irresponsabilidade: foi o que se viu no programa da Regina Casé na tarde de um domingo 15 dias atrás. A polícia ainda não disse o que aconteceu no Pavão-Pavãozinho, mas a vítima, o dançarino DG, já foi canonizada como um misto de Rudolf Nureyev e São Francisco de Assis.
Eu lamento a morte desse rapaz, assim como lamento a morte de Edilson dos Santos, o jovem com deficiência metal morto na mesma operação, e todos os PMs assassinados por bandidos nas UPPs e fora delas. Para esses, não se dedicou um programa na TV nem se produziu uma torrente de lágrimas em cadeia nacional.
DG era lindo, alegre, pontual, como disse Regina Casé. Mas o que fazia ele pulando de um prédio para o outro em plena madrugada? A polícia afirma que ele estava com o bandido maior da área, o tal de Pitbull, foragido da cadeia, que naquela noite promovia um churrasco na comunidade, quando o tiroteio começou.
É fato que o dançarino gostava de companhias pouco recomendáveis.
No seu Facebook, postou que era “amigo eterno do Cachorrão” (traficante morto na mesma comunidade em janeiro) e chegou a dizer que os moradores iriam descer o morro “cheios de ódio na veia e bico na mão” para vingar a morte do facínora.
No mesmo domingo do programa, um grupo fez uma manifestação na Avenida Atlântica, mãe da vítima à frente tocando um bumbo, gritando “Fora, UPP!”.
Certamente, preferem que os traficantes continuem donos das favelas.
Uma repórter do jornal O DIA foi agredida na manifestação. Agora virou moda.
Não faz muito tempo, jornalistas e qualquer serviço do estado só subiam a favela com autorização do tráfico. Quem tem saudades desta época?
Nunca houve no Brasil um programa de combate ao domínio do tráfico tão determinado e corajoso quanto a UPP. É mentira que a ocupação social não esteja acontecendo.
Pode não ser na velocidade que desejamos, mas acontece na velocidade possível.
Só quem não mora no Alemão pode ignorar o teleférico, o cinema, as creches, escolas, biblioteca, centro de computação. O mesmo vale para a Rocinha, para o Santa Marta, Chapéu Mangueira e tantas outras comunidades.
A esquerda caviar, que ganha dinheiro mostrando a cultura da favela, mas gosta de passar férias em Angra e Paris, não vai reconhecer nunca o trabalho do governo, a menos que ganhe cachê para isso. As UPPs são a nossa chance de retomar o Rio para os fluminenses. Alimentar o discurso contra elas equivale a voltar para um passado que uma emissora com a responsabilidade da TV Globo não tem o direito de esquecer.
(*) Jornalista, radialista e deputada estadual pelo PDT no Rio de Janeiro
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