Jamil Chade (*)
O Brasil está sendo criticado por estar sediando uma Copa fora das dimensões convencionais e com mais estádios que seriam necessários.
Mas, segundo o presidente da Fifa, Joseph Blatter, os organizadores brasileiros queriam um Mundial ainda maior, com outras cinco cidades além das doze que acabaram sendo escolhidas. Se o projeto brasileiro tivesse sido acatado, a Copa seria mais de duas vezes o tamanho sugerido pela Fifa.
Em uma entrevista ao jornal suíço Le Temps publicada neste sábado, Blatter conta que o Brasil chegou a propor a construção de 17 estádios para sediar a Copa do Mundo de 2014 e que foi justamente a Fifa que conseguiu convencer autoridades e CBF a reduzir o número para 12.
Em 2007, a Fifa indicou para a CBF que queria entre oito e dez estádios para sediar a Copa. Mas o governo e a CBF acabaram convencendo a Fifa a realizar o Mundial em doze estádios, o que tornou o Brasil a Copa mais cara da história.
Ao distribuir a Copa em doze sedes, o Brasil ainda criou problemas logísticos para seleções e torcedores. Jerome Valcke, secretário-geral da Fifa, chegou a alertar que os torcedores seriam os que mais sofreriam com a Copa, diante do desafio de terem de viajar pelo País.
“No início, eles (brasileiros) queriam construir 17 estádios”, disse Blatter.
Segundo ele, a Fifa conseguiu convencer o país a reduzir esse número para 12. O cartola não revela as cidades que teriam sido propostas.
O Estado apurou que prefeituras como as de Belém, Campo Grande, Florianópolis, Goiânia, João Pessoa, Maceió, Rio Branco, Teresina e Campinas chegaram a fazer campanha junto à CBF para conseguir um lugar na Copa.
Política –
Nos bastidores da Fifa, dirigentes revelam ao Estado que a distribuição das sedes foi uma decisão política, tomada pelo governo brasileiro em conjunto com o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira.
Em 2007, no momento que a Fifa anunciou o Brasil como sede da Copa, estavam em Zurique os seguintes governadores:
Eduardo Braga (AM), Alcides Rodrigues (GO), Ana Júlia Carepa (PA), José Serra (SP), Sérgio Cabral (RJ), Aécio Neves (MG), Binho Marques (AC), José Roberto Arruda (DF), Jacques Wagner (BA), Cid Gomes (CE), Blairo Maggi (MT) e Eduardo Campos (PE). Isso, claro, além de Lula e alguns de seus ministros, entre eles Orlando Silva e Marta Suplicy.
Agora, Blatter usa justamente esse arranjo político para justificar a presença de cidades como Manas na Copa.
Para ele, a responsabilidade é exclusivamente das autoridades brasileiras.
“Não foi uma decisão da Fifa de jogar em Manaus, mas do governo brasileiro”, insistiu.
Mas ele apontou que o prefeito de Manaus o garantiu que, depois da Copa, seu estádio será utilizado para outras atividades. “Ele não será um elefante branco”.
Calor -
Blatter da claros sinais de que a temperatura em Manaus não o preocupa, apesar de o sindicato de atletas ter até mesmo entrado na Justiça contra os horários dos jogos.
“Os jogadores profissionais jogam no frio, na neve, em todas as condições. Não será a umidade que os vai afetar”, disse. O presidente da Fifa confirmou que os jogos poderão ser interrompidos para que os jogadores possam “respirar beber alguma coisa”.
No final de 2013, em Roma, Blatter declarou ao Estado que estava “muito preocupado” com o assunto e que precisava ser debatido. ”Temos recebido informes, cartas e pedidos para que haja uma mudança nos horários”, disse no dia 22 de novembro de 2013.
“É mesmo um problema o calor no Brasil”, declarou.
Faltando menos de 20 dias para a Copa, Blatter também revela seu estado de espírito.
“Eu não estou estressado. Mas um pouco nervoso, como um ator antes de subir no palco”, declarou. Blatter garante que não está preocupado com os atrasos no Brasil.
“Será minha décima Copa do Mundo e sempre existem preocupações três semanas antes da competição”, disse.
Na Itália, em 1990, ele lembra que os organizadores estavam colocando os assentos nos estádios um dia antes do início da competição.
“No Brasil, tudo ficará pronto. Os estádios já foram utilizados. Fizemos ensaios”. disse.
Corrupção -
Blatter ainda anunciou que os investidores independentes da Fifa devem concluir antes ou durante a Copa do Mundo um informe sobre o que de fato ocorreu com a escolha da Copa de 2022 no Catar, permeada por suspeitas de corrupção.
Segundo Blatter, tanto ele quanto Valcke foram interrogados pelo investigador, o americano Michal Garcia. Outros membros do Comitê Executivo também foram alvo de interrogatórios, depois das indicações de que o Catar poderia ter comprado votos.
Entre os dirigentes esportivos que votaram pelo Catar está Ricardo Teixeira.
(*) Graduado em Relações Internacionais pela PUC/SP , é mestre em Relações Internacionais pela Universidade de Genebra, Suíça. Correspondente internacional do Estadão
O Brasil está sendo criticado por estar sediando uma Copa fora das dimensões convencionais e com mais estádios que seriam necessários.
Mas, segundo o presidente da Fifa, Joseph Blatter, os organizadores brasileiros queriam um Mundial ainda maior, com outras cinco cidades além das doze que acabaram sendo escolhidas. Se o projeto brasileiro tivesse sido acatado, a Copa seria mais de duas vezes o tamanho sugerido pela Fifa.
Em uma entrevista ao jornal suíço Le Temps publicada neste sábado, Blatter conta que o Brasil chegou a propor a construção de 17 estádios para sediar a Copa do Mundo de 2014 e que foi justamente a Fifa que conseguiu convencer autoridades e CBF a reduzir o número para 12.
Em 2007, a Fifa indicou para a CBF que queria entre oito e dez estádios para sediar a Copa. Mas o governo e a CBF acabaram convencendo a Fifa a realizar o Mundial em doze estádios, o que tornou o Brasil a Copa mais cara da história.
Ao distribuir a Copa em doze sedes, o Brasil ainda criou problemas logísticos para seleções e torcedores. Jerome Valcke, secretário-geral da Fifa, chegou a alertar que os torcedores seriam os que mais sofreriam com a Copa, diante do desafio de terem de viajar pelo País.
“No início, eles (brasileiros) queriam construir 17 estádios”, disse Blatter.
Segundo ele, a Fifa conseguiu convencer o país a reduzir esse número para 12. O cartola não revela as cidades que teriam sido propostas.
O Estado apurou que prefeituras como as de Belém, Campo Grande, Florianópolis, Goiânia, João Pessoa, Maceió, Rio Branco, Teresina e Campinas chegaram a fazer campanha junto à CBF para conseguir um lugar na Copa.
Política –
Nos bastidores da Fifa, dirigentes revelam ao Estado que a distribuição das sedes foi uma decisão política, tomada pelo governo brasileiro em conjunto com o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira.
Em 2007, no momento que a Fifa anunciou o Brasil como sede da Copa, estavam em Zurique os seguintes governadores:
Eduardo Braga (AM), Alcides Rodrigues (GO), Ana Júlia Carepa (PA), José Serra (SP), Sérgio Cabral (RJ), Aécio Neves (MG), Binho Marques (AC), José Roberto Arruda (DF), Jacques Wagner (BA), Cid Gomes (CE), Blairo Maggi (MT) e Eduardo Campos (PE). Isso, claro, além de Lula e alguns de seus ministros, entre eles Orlando Silva e Marta Suplicy.
Agora, Blatter usa justamente esse arranjo político para justificar a presença de cidades como Manas na Copa.
Para ele, a responsabilidade é exclusivamente das autoridades brasileiras.
“Não foi uma decisão da Fifa de jogar em Manaus, mas do governo brasileiro”, insistiu.
Mas ele apontou que o prefeito de Manaus o garantiu que, depois da Copa, seu estádio será utilizado para outras atividades. “Ele não será um elefante branco”.
Calor -
Blatter da claros sinais de que a temperatura em Manaus não o preocupa, apesar de o sindicato de atletas ter até mesmo entrado na Justiça contra os horários dos jogos.
“Os jogadores profissionais jogam no frio, na neve, em todas as condições. Não será a umidade que os vai afetar”, disse. O presidente da Fifa confirmou que os jogos poderão ser interrompidos para que os jogadores possam “respirar beber alguma coisa”.
No final de 2013, em Roma, Blatter declarou ao Estado que estava “muito preocupado” com o assunto e que precisava ser debatido. ”Temos recebido informes, cartas e pedidos para que haja uma mudança nos horários”, disse no dia 22 de novembro de 2013.
“É mesmo um problema o calor no Brasil”, declarou.
Faltando menos de 20 dias para a Copa, Blatter também revela seu estado de espírito.
“Eu não estou estressado. Mas um pouco nervoso, como um ator antes de subir no palco”, declarou. Blatter garante que não está preocupado com os atrasos no Brasil.
“Será minha décima Copa do Mundo e sempre existem preocupações três semanas antes da competição”, disse.
Na Itália, em 1990, ele lembra que os organizadores estavam colocando os assentos nos estádios um dia antes do início da competição.
“No Brasil, tudo ficará pronto. Os estádios já foram utilizados. Fizemos ensaios”. disse.
Corrupção -
Blatter ainda anunciou que os investidores independentes da Fifa devem concluir antes ou durante a Copa do Mundo um informe sobre o que de fato ocorreu com a escolha da Copa de 2022 no Catar, permeada por suspeitas de corrupção.
Segundo Blatter, tanto ele quanto Valcke foram interrogados pelo investigador, o americano Michal Garcia. Outros membros do Comitê Executivo também foram alvo de interrogatórios, depois das indicações de que o Catar poderia ter comprado votos.
Entre os dirigentes esportivos que votaram pelo Catar está Ricardo Teixeira.
(*) Graduado em Relações Internacionais pela PUC/SP , é mestre em Relações Internacionais pela Universidade de Genebra, Suíça. Correspondente internacional do Estadão
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