Editorial de O Globo
Este foi um 1º de Maio de dissabores para o PT, algo impensável não muito tempo atrás. Nunca se poderia profetizar, em sã consciência, que, em um comício da CUT, braço sindical do partido, no Dia do Trabalho, lideranças petistas seriam vaiadas e impedidas de falar. O veto, digamos, popular atingiu o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, setorista de “movimentos sociais”, o novo ministro de Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, o próprio prefeito Fernando Haddad e o pré-candidato ao Palácio dos Bandeirantes Alexandre Padilha.
O fato, ocorrido no Vale do Anhangabaú, na capital paulista, faz recordar algumas manifestações, em junho do ano passado, que mantiveram militantes de partidos à distância, entre eles os do PT, até então os “donos das ruas”.
Sinal de que há mesmo um clima de mau humor generalizado. A origem pode ser difusa — inflação, corrupção, escassas perspectivas de melhoria —, mas o governo Dilma e o PT são um dos alvos.
O que aconteceu quinta-feira no comício da CUT é mais importante que a circunstância de a Força Sindical ter aberto palanque, também no Dia do Trabalho em São Paulo, para os candidatos de oposição Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB).
Afinal, o deputado Paulo Pereira da Silva (Solidariedade-SP), líder da central sindical, se notabiliza por cultivar alto senso de oportunidade diante de alterações nos ventos da política. Foi aliado de FHC com a mesma fidelidade com que seguiu Lula e, até há pouco tempo, Dilma.
Prestes a completar 12 anos de poder em Brasília, o PT é acometido de algum tipo de fadiga de material que leva à irritação até mesmo militantes da CUT.
No aspecto político-eleitoral, as duas manifestações sindicais no 1º de Maio foram um teste de popularidade negativo para o pacote de bondades populistas desembrulhado pela presidente na noite anterior, no pronunciamento à nação em rede nacional, por ocasião do Dia do Trabalho, indevidamente transformado em palanque da candidata à reeleição.
Se havia dúvidas de que Dilma e PT estariam dispostos a explorar o caminho do populismo para tentar uma reeleição a qualquer custo — mesmo o da desestabilização do início do seu segundo governo e até do fim do atual mandato —, elas acabaram na noite de quarta-feira. Os anunciados reajustes do Bolsa Família (10%) e da tabela do Imposto de Renda da pessoa física (4,5%) somarão mais R$ 9 bilhões na conta dos gastos públicos até o fim do ano que vem.
Em queda nas pesquisas eleitorais — mas ainda favorita —, a presidente Dilma luta em várias frentes. Inclusive internas, pois também precisa esvaziar o movimento “Volta Lula” dentro do PT e de legendas aliadas.
Para isso, deverá contar com a ajuda do próprio Lula.
Já quanto ao eleitorado, ela começou, infelizmente, a colocar o Tesouro Nacional a serviço da campanha, a fim de atraí-lo.
Este foi um 1º de Maio de dissabores para o PT, algo impensável não muito tempo atrás. Nunca se poderia profetizar, em sã consciência, que, em um comício da CUT, braço sindical do partido, no Dia do Trabalho, lideranças petistas seriam vaiadas e impedidas de falar. O veto, digamos, popular atingiu o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, setorista de “movimentos sociais”, o novo ministro de Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, o próprio prefeito Fernando Haddad e o pré-candidato ao Palácio dos Bandeirantes Alexandre Padilha.
O fato, ocorrido no Vale do Anhangabaú, na capital paulista, faz recordar algumas manifestações, em junho do ano passado, que mantiveram militantes de partidos à distância, entre eles os do PT, até então os “donos das ruas”.
Sinal de que há mesmo um clima de mau humor generalizado. A origem pode ser difusa — inflação, corrupção, escassas perspectivas de melhoria —, mas o governo Dilma e o PT são um dos alvos.
O que aconteceu quinta-feira no comício da CUT é mais importante que a circunstância de a Força Sindical ter aberto palanque, também no Dia do Trabalho em São Paulo, para os candidatos de oposição Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB).
Afinal, o deputado Paulo Pereira da Silva (Solidariedade-SP), líder da central sindical, se notabiliza por cultivar alto senso de oportunidade diante de alterações nos ventos da política. Foi aliado de FHC com a mesma fidelidade com que seguiu Lula e, até há pouco tempo, Dilma.
Prestes a completar 12 anos de poder em Brasília, o PT é acometido de algum tipo de fadiga de material que leva à irritação até mesmo militantes da CUT.
No aspecto político-eleitoral, as duas manifestações sindicais no 1º de Maio foram um teste de popularidade negativo para o pacote de bondades populistas desembrulhado pela presidente na noite anterior, no pronunciamento à nação em rede nacional, por ocasião do Dia do Trabalho, indevidamente transformado em palanque da candidata à reeleição.
Se havia dúvidas de que Dilma e PT estariam dispostos a explorar o caminho do populismo para tentar uma reeleição a qualquer custo — mesmo o da desestabilização do início do seu segundo governo e até do fim do atual mandato —, elas acabaram na noite de quarta-feira. Os anunciados reajustes do Bolsa Família (10%) e da tabela do Imposto de Renda da pessoa física (4,5%) somarão mais R$ 9 bilhões na conta dos gastos públicos até o fim do ano que vem.
Em queda nas pesquisas eleitorais — mas ainda favorita —, a presidente Dilma luta em várias frentes. Inclusive internas, pois também precisa esvaziar o movimento “Volta Lula” dentro do PT e de legendas aliadas.
Para isso, deverá contar com a ajuda do próprio Lula.
Já quanto ao eleitorado, ela começou, infelizmente, a colocar o Tesouro Nacional a serviço da campanha, a fim de atraí-lo.
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