segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Universíade em Brasília, um sonho iluminado

José Cruz (*)

Agnelo Queiroz assumiu o governo do Distrito Federal em janeiro. Em oito meses no cargo, já fez três viagens ao exterior, visitando sete cidades.
Seus assessores garantem que não é treinamento para ele se candidatar a ministro do Turismo. Ainda bem, pois só lembrar o tempo em que foi ministro do Esporte...

Em abril, Agnelo foi a Buenos Aires. Em maio, fez o roteiro Lisboa, Madri, Frankfurt e Paris. Visitando estádios de futebol!
Agora, China. Na falta do que fazer por aqui, o governador foi candidatar Brasília à sede da Universíade 2017.

Argumento do distinto senhor: “Esporte movimenta a economia”.

Reparem que o governador não vê na prática esportiva a oportunidade de melhor formação intelectual e do do caráter dos jovens. Não! Ele pensa logo no dinheiro.

Abandono
É uma proposta esdrúxula, pois as praças esportivas da Capital da República estão num abandono impressionante. Pior: não há um projeto para o desenvolvimento do setor que sustente a proposta de receber a Universíade, um evento gigantesco. Como Agnelo não tem noção do contexto, viaja nas propostas isoladas. Literalmente, viaja. Depois...

Enquanto isso, o curso de Educação Física da Universidade de Brasília está há 10 anos sem pista de atletismo e há quatro anos com as piscinas vazias. Falta dinheiro para recuperação. Que tal?

Claro que o Governo do Distrito Federal não é o responsável pelos problemas da UnB.
Mas isso mostra como o esporte na cidade, tanto na estrutura física como humana, são tratados. E a proposta para receber a Universíade não pode ser dissociada da área acadêmica. Será que Agnelo conversou com o conselho de reitores das universidades de Brasília para candidatar a cidade ao grande evento? Duvido!

Enquanto isso...
Diariamente a capital da República tem apagões de energia elétrica. Na sexta-feira, comprometeu a área comercial, setores Hoteleiro, de Rádio e Televisão e, principalmente, os serviços de saúde dos hospitais centrais.

A situação é gravíssima, precária, há anos. Com uma dívida milionária da Companhia Energética de Brasília (CEB), o Governo do Distrito Federal paga R$ 100 milhões anuais, só de juros, informa o Correio Braziliense de hoje.

Ou seja, devedores e sem planos para melhoras corremos o sério risco de nos jogos da Copa 2014 faltar energia. Mesmo assim, já somos candidatos à Universíade.

E na campanha eleitoral falavam que Agnelo era o “iluminado”...

(*) Jornalista que cobre há mais de 20 anos os bastidores da política e economia do esporte, acompanhando a execução orçamentária do governo, a produção de leis e o uso de verbas estatais na área esportiva.

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