Então a Câmara votou contra a cassação do mandato da proba deputada Jaqueline Roriz?! Assim fica difícil desligar e relaxar nas férias...
A tal Jaqueline foi filmada em 2006 quando recebia milhares de reais em dinheiro vivo de Durval Barbosa, que, antes de ficar famoso como delator do mensalão do DEM, era secretário de Estado no Distrito Federal, que foi governado quatro vezes por... Joaquim Roriz. Vem a ser pai da então deputada distrital, hoje deputada federal.
Resumindo a operação: a filhota recebia grana do governo do papai! Não é fantástico? E tudo isso documentado, inquestionável, irrespondível, porque, se fita gravadanão é prova, o que mais poderia ser?
A famiglia Roriz é realmente um prodígio. O pai renunciou ao Senado e à candidatura ao quinto mandato no governo do DF depois do primeiro sopro de denúncia (antes que chegasse o vendaval). A mãe aceitou o papel patético de ser candidata ao governo no lugar do marido. Uma filha, Jaqueline, resiste à cassação na Câmara dos Deputados. A outra é deputada distrital - e sonha alto.
Mas o foco da votação desta Terça-feira é outro: os próprios deputados. Cá pra nós, só há uma explicação para eles salvarem a pele de Jaqueline Roriz: estavam salvando preventivamente a deles próprios. A maior parte deles pode ser a Jaqueline de amanhã. E, se é para salvar um, que salvem-se todos.
Eles são vivos. Nós somos os palhaços.
(* Jornalista é colunista da Folha de São Paulo desde 1997
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