Em obras desde 95, aeroporto de Natal só será entregue 2 meses após a Copa
Uol
O aeroporto de São Gonçalo do Amarante, na Grande Natal (RN), em construção desde 1995, é um projeto grandioso. Trata-se da obra financiada para a Copa do Mundo de 2014 com a maior destinação de recursos (R$ 577 milhões) no Rio Grande do Norte, de acordo com o Ministério do Esporte. Mas ele tem um grave problema: só será entregue ao público dois meses após a realização do Mundial de futebol.
Conforme determina o edital da Anac para o investidor privado que assumirá as obras do terminal de passageiros, a data de entrega do aeroporto é outubro de 2014. Ou seja, dois meses após o término da Copa do Mundo no Brasil. Isso compromete também a utilização de outra obra importante para o Mundial, o "Eixo 1", que, em de busca recursos de R$ 361 milhões da Caixa Econômica Federal, irá ligar o setor hoteleiro de Natal ao estádio novo e ao aeroporto.
Assim, duas das três principais obras projetadas no Rio Grande do Norte para receber a Copa (a terceira seria o estádio, cujas obras tiveram início nesta segunda-feira) não deverão ter utilidade alguma para o evento, ainda que façam uso de recursos públicos separados para este fim.
A capacidade anual de atendimento do novo aeroporto será de 5,9 milhões de passageiros, segundo a Infraero. "Será um aeroporto-cidade, contando com área reservada para hotéis e até parque temático", anuncia a secretaria de Planejamento do Rio Grande do Norte. "A construção da Via Metropolitana, que dará o fluxo de veículos do aeroporto de São Gonçalo até os hotéis e ao Complexo Arena das Dunas (estádio da Copa), é um dos projetos que vão sair do papel com mais rapidez", comemorou a prefeitura de São Gonçalo, em 2009.
O aeroporto de São Gonçalo será o primeiro terminal aéreo brasileiro a ser entregue à iniciativa privada, devendo servir de modelo para futuras parcerias do mesmo tipo entre o poder público e o setor privado. Na próxima segunda-feira, a Anac abre os envelopes das empresas que se interessaram em participar do leilão para construir o terminal
Não foram muitas. O mercado especula que apenas dois grupos se convenceram que as condições oferecidas pela agência reguladora são vantajosas. Há dois meses, o leilão foi adiado justamente por falta de interessados, o que acabou por gerar o atraso final e determinante para que o prazo de construção ultrapassasse a data da Copa. Um analista que trabalha para um dos grupos que está concorrendo disse ao UOL Esporte que os investimentos necessários por parte da empresa vencedora seriam de R$ 800 milhões ao longo dos 28 anos de concessão, com uma taxa de retorno anual de pouco mais de 6%. "É pouco, para arriscar esse capital as empresas querem ganhar, pelo menos,10%", defende a fonte.
É justamente a necessidade de lucro por parte do investidor privado que faz com que a Anac acredite que o aeroporto de São Gonçalo poderá, sim, estar pronto para a Copa. A agência espera que o investidor privado acelere as obras para colocar o terminal em funcionamento antes do prazo previsto e, assim, lucrar com o maior evento esportivo do mundo. De fato, a chance de a empreitada ganhar velocidade em sua fase privada é considerável, já que os trabalhos de desapropriação do terreno, terraplenagem e construção da pista, a cargo do setor público, arrastaram-se por 16 anos, desde 1995.
Por via das dúvidas, a Infraero já planeja uma obra de ampliação no antigo aeroporto de Natal, Augusto Severo. A estatal deverá investir R$ 16 milhões em obras que levarão a capacidade do terminal para 5,8 milhões de passageiros ao ano. Os trabalhos deverão começar em janeiro de 2012. Ainda assim, a página da Infraero na internet sobre obras da Copa cita apenas os empreendimentos no São Gonçalo do Amarante como investimentos da estatal no Rio Grande do Norte.
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