Produtores de soja terão ano memorável
No mercado interno, um fator que estimula a venda dos grãos é o biodiesel.
Mesmo com o dólar em queda, rentabilidade do grão subiu, o que deve se refletir em mais investimentos no campo, com compra de maquinário e melhora da lavoura.
A previsão de safra recorde de 75 milhões de toneladas em 2010/2011 - 9% acima da anterior - puxada pelo aumento das exportações, principalmente para a China, e os preços convidativos no mercado mundial, comparados com a média do ano passado, permitem ao país a melhor rentabilidade dos últimos anos, com a retomada dos investimentos em solo, maquinário e produtividade.
Tanto que a colheita ainda não acabou em algumas regiões, mas cerca de 60% a 70% já foi comercializada.
A média do preço pago ao exportador aumentou 30,4% no semestre, em comparação com 2010, passando de US$ 375 para US$ 489 por tonelada.
Segundo Otávio Celidônio, superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o resultado das exportações só não é melhor por causa da diferença cambial, porque o dólar ficou em média 9,3% mais baixo que no primeiro semestre passado e, com isso, o preço médio da tonelada em reais acabou ficando 18% maior em relação ao mesmo período. "Por sorte, a demanda mundial está muito alta e aceita níveis de valorização do real que há pouco tempo causariam um estrago no bolso do produtor e, consequentemente, na balança comercial brasileira", diz Celidônio.
A explicação passa pela China, que absorve a maior parte da produção - a previsão é de um aumento das exportações de 28,5 milhões para 30 milhões de toneladas, sendo 66% para a China e 20% para a União Europeia. "A China está mandando no mercado e continua sendo a grande compradora de soja do Brasil e dos outros grandes produtores, como Estados Unidos e Argentina", afirma Fábio Trigueirinho, secretário-geral da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). "Essa procura tem mantido os estoques em nível ajustado e os preços em alta."
Clima favorável -
A recuperação dos preços e a demanda externa, que começou no ano passado, não foram os únicos motivos desse aumento da produção nacional. "Na safra que está sendo colhida agora, tivemos condições de produtividade acima da média em termos climáticos", acrescenta André Debastiani, analista da Agroconsult.
Ele explica que a seca do ano passado atrasou o plantio nas regiões produtoras, o que fez com que fosse executada entre outubro e novembro, um período perfeito para o melhor desenvolvimento da planta.
Além disso, a seca levou à diminuição do aparecimento da praga da ferrugem asiática, que costuma prejudicar o plantio. "O clima só não foi perfeito por causa dos estragos da chuva no sudoeste de Goiás, no Triângulo Mineiro e em Mato Grosso do Sul", afirmou Debastiani.
Em compensação, houve excepcional produtividade das lavouras de soja no Mato Grosso e no Rio Grande do Sul. Ele acrescenta outros fatores que elevaram a produtividade. "Como o produtor estava capitalizado por uma sucessão de boas safras, foi possível investir mais em semente, adubação, maquinário e no aumento da área plantada".
Os dados da Agroconsult apontam também um crescimento da área cultivada com a oleaginosa de 21,7 milhões de hectares para 23,5 milhões de hectares e a previsão é de novo aumento no próximo ano. A produtividade, segundo o analista, também cresce a cada safra.
Pelo segundo ano consecutivo, o Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb) realizou um desafio nacional de máxima produtividade da planta. "Um dos nossos objetivos é estimular, por meio da criação de estratégias sustentáveis, o aumento da produção média dos atuais 3.104 quilos por hectare para no mínimo 4 mil quilos no cerrado até 2015 e na região sul até 2020", diz Orlando Carlos Martins, presidente do Cesb. O desafio, cujo resultado será anunciado em agosto, demonstrou um aumento de produtividade de 75% em relação à média do Brasil na safra 2010/2011.
Outro fator que estimula a produção é a venda da soja para o mercado interno, motivado pelo aumento do uso de biodiesel no diesel na proporção de 5%.
Nenhum comentário:
Postar um comentário