segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O quarto homem a considerar

Renato Gomes Nery (*)

Foi suplente de Senador. Governador por duas vezes e, nas últimas eleições foi eleito Senador da República. A sua meteórica carreira política começou efetivamente quando se candidatou a Governador representando o novo da política mato-grossense, tendo por trás o poder econômico do Estado, representado, em sua maioria, pelos migrantes que como ele para cá vieram. Até o seu slogan de campanha quando candidatou a Governador era pretensioso: “Nas Mãos de Quem Trabalha”. Escrevemos um artigo com este nome prevendo a sua eleição.

Ressaltamos que no debate promovido pela OAB/MT – quando não era ainda favorito nas pesquisas – perguntamos a ele, se eleito, baixaria o valor do ICMS extorsivo que abarcava (e ainda abarca) quase a metade das contas de energia. Ele respondeu categoricamente que sim. E usou isto exaustivamente nos programas de propaganda eleitoral gratuita. Quando empossado não cumpriu a promessa.

Consta – à sua semelhança – que queria colocar um empresário em cada Poder Executivo Municipal. Esta soberba idéia não vingou. Este empresário de sucesso, em quem foram depositadas todas as esperanças do sofrido eleitor, apesar de seus dois mandatos, não conseguiu trazer a eficiência, a produtividade e as inovações do pujante setor privado para o setor público que continua a claudicar num anacronismo endêmico.

Mas o novo não era novo. Portanto, não teve que ficar velho. As mesmas práticas da política tradicional foram adotadas. A renovação prometida não veio e, mesmo assim – devido à falta de restauração dos quadros políticos - conseguiu se reeleger e eleger-se Senador da República. E pesa sobre o seu governo denúncias de malversação de dinheiro público. E noticia-se que ora se vê embaraçado com processos judiciais. O seu espólio estaria sendo renegado por tantos quantos o seguiam. É o seu inferno astral.

A fase passa? Certamente que sim. A memória do povo é curta. Tem um longo mandado de Senador. Tempo suficiente para que o manto do esquecimento caia sobre tudo. E se a renovação dos quadros da política tradicional não se efetivar continuará a ser uma estrela desta vertente. Tem prestígio, poder e muito dinheiro. Consta que bancou sem ajuda as despesas de sua primeira eleição para Governador.

Não cremos que ele se envolva, como candidato, em nova eleição para Governador, até por que demonstrava cansaço por este cargo que deixou antes do tempo para seu vice. Além do mais, dificilmente conseguiria congregar ao seu redor as forças políticas que o elegeram, em todas as eleições que disputou, o que de certa forma inviabilizaria o seu retorno. Mas em política tudo é possível. Deixemos que o tempo – senhor da razão – faça a sua parte e que o Criador seja generoso conosco.

(*) Advogado em Cuiabá. E-mail – rgnery@terra.com.br

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