sábado, 1 de dezembro de 2012

Demência em idoso pode ser hidrocefalia

Estadão 

Demência-Senil-2.jpg (416×316)Quando o idoso começa a perder memória, é comum que a família fique em alerta para a possibilidade de Alzheimer. O que geralmente não se considera é a hipótese de os sintomas estarem ligados à hidrocefalia de pressão normal, doença responsável por 5% dos quadros de demência. 

A boa notícia é que, diferentemente do Alzheimer, responsável por metade dos quadros demenciais, ou das demências vasculares, segunda maior causa do problema, a hidrocefalia dispõe de tratamento cirúrgico capaz de reverter os sintomas cognitivos e devolver ao paciente a capacidade de pensar e se comunicar. 

De acordo com o neurocirurgião Fernando Campos Gomes Pinto, chefe do Grupo de Hidrodinâmica Cerebral do Hospital das Clínicas da USP, a doença, que atinge principalmente idosos, também pode vir acompanhada de alterações na marcha e incontinência urinária. 

Os sintomas decorrem do acúmulo do líquido cefalorraquidiano, que banha o crânio e a medula espinhal. O excesso desse líquido afeta áreas importantes do cérebro, como lobos frontais, tálamos e gânglios da base. 

“A pessoa tem uma vida normal e, aos poucos, começa a ter o quadro clínico que apresenta os três pontos principais: dificuldade para andar, incontinência urinária e perda da agilidade mental”, diz o neurocirurgião. 

O diagnóstico é feito com tomografia de crânio e ressonância magnética. Segundo o neurocirurgião, existem dois tratamentos cirúrgicos possíveis, que têm o objetivo de drenar esse líquido excedente. 

Antes da cirurgia, o paciente é submetido a um teste: sob anestesia local, são retirados 40 ml de líquido da medula espinhal. O procedimento reverte momentaneamente o excesso de líquido que banha o sistema nervoso. Caso os sintomas melhorem nas horas seguintes, existe 90% de chance de a cirurgia ser eficaz. 

O bacharel em Direito Farid Abraão, de 73 anos, achava que fosse natural da idade ter declínio no raciocínio e dificuldade para andar. Por insistência dos filhos, marcou consulta com um neurologista. A hipótese de hidrocefalia só apareceu no segundo profissional que consultou. 

Constatado o problema, submeteu-se à cirurgia em junho. “Comecei a ficar melhor imediatamente. Não tive mais problema de incontinência e minha marcha melhorou sensivelmente. Minha memória está boa.” 

No caso da professora universitária Ana Maria, que preferiu não divulgar o sobrenome, a doença a manteve afastada do trabalho por um ano. Ela demorou alguns meses até se decidir por fazer a cirurgia, em abril. “Foi a melhor coisa que fiz. Continuo me recuperando. Se deixasse passar mais tempo, poderia ser irrecuperável.”

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