Renato Gomes Nery (*)
A Avenida Fernando Correa de Costa, a Avenida Rubens de Mendonça (Av. do CPA) e a Cel. Escolásticos eram ornadas por ipês roxos e amarelos, paineiras e tantas outras árvores que estavam lá há muito tempo. E por isto eram frondosas e na primavera floresciam mudando o colorido destas Avenidas, de seus logradouros e pequenos parques. E em outras estações forneciam o verde intenso que amenizava a cor cinzenta da paisagem urbana.
E veio o progresso. O progresso tem o nome de VLT. E a troco desta inovação, a moto-serra impiedosa varreu literalmente de um dia para outro toda a paisagem vegetal destas avenidas. Das árvores somente restam os tocos rasteiros de árvores novas e antigas. E Cidade Verde – cantada em versos e prosa - perdeu, como vem perdendo, há muito tempo o seu encanto e a sua cor. Em troca vem uma engenhoca moderna que promete milagres na mobilização urbana.
Cortar árvores não é crime? Sim é crime capitulado no nosso ordenamento jurídico, com reflexos penais e civis. Mas em prol do progresso perecem as árvores como perecem criminosamente as pessoas, por outros motivos, nas filas de hospitais e pronto-socorros. A natureza demora anos para nos dar o espetáculo de árvores frondosas e a moto-serra as destrói em segundos. O Estado de Mato Grosso é campeão em desmatamento todos os anos no Brasil. E esta história se repete ano após ano impunemente. Contra isto existem apenas gritos, berros e silêncios.
E aqui em Cuiabá, em frente da nossa casa, nas avenidas, ruas e logradouros que passamos todos dias, a impune moto-serra fez da nossa paisagem um deserto. Dever-se-ia ao menos ter um pouco de respeito pelas árvores. Se é inevitável retirá-la para passar o progresso, ao menos deveria arrancar estas árvores e plantá-las em outros lugares. Temos meios e tecnologia para isto. Noticia-se (dados da Secopa) que das 2.584 árvores que serão ceifadas para implantação do VLT, apenas 10% desse total será transplantada para outros locais. Este percentual será o suficiente para evitar o desastre? Se assim for e será, a insensatez fez ou fará perecer impiedosamente 2.330 arvores como cães sem dono ou pessoas sem recursos nas filas de hospitais e pronto socorros. Quem se importa?
O curioso é que a Secopa promete plantar, após a construção do VLT, 3.500 árvores ao longo do percurso de 22,2 km do VLT. Não parece razoável pensar que se terá espaço para tanto já que o espaço existente, onde estavam as árvores cortadas, vai ser ocupado pelo VLT. Já pensou no impacto ambiental que é tirar de duas cidades quentes como Cuiabá/Várzea Grande, quase 3.000 de árvores?
Até quando meio ambiente será tratado desta forma e a insensatez irá guiar os atos dos responsáveis pela coisa pública? E certamente todos nós que habitamos estas cidades temos: cara de palhaço e pinta de palhaço deste circo de horrores.
(*) É advogado em Cuiabá.
E-mail – rgnery@terra.com.br
A Avenida Fernando Correa de Costa, a Avenida Rubens de Mendonça (Av. do CPA) e a Cel. Escolásticos eram ornadas por ipês roxos e amarelos, paineiras e tantas outras árvores que estavam lá há muito tempo. E por isto eram frondosas e na primavera floresciam mudando o colorido destas Avenidas, de seus logradouros e pequenos parques. E em outras estações forneciam o verde intenso que amenizava a cor cinzenta da paisagem urbana.
E veio o progresso. O progresso tem o nome de VLT. E a troco desta inovação, a moto-serra impiedosa varreu literalmente de um dia para outro toda a paisagem vegetal destas avenidas. Das árvores somente restam os tocos rasteiros de árvores novas e antigas. E Cidade Verde – cantada em versos e prosa - perdeu, como vem perdendo, há muito tempo o seu encanto e a sua cor. Em troca vem uma engenhoca moderna que promete milagres na mobilização urbana.
Cortar árvores não é crime? Sim é crime capitulado no nosso ordenamento jurídico, com reflexos penais e civis. Mas em prol do progresso perecem as árvores como perecem criminosamente as pessoas, por outros motivos, nas filas de hospitais e pronto-socorros. A natureza demora anos para nos dar o espetáculo de árvores frondosas e a moto-serra as destrói em segundos. O Estado de Mato Grosso é campeão em desmatamento todos os anos no Brasil. E esta história se repete ano após ano impunemente. Contra isto existem apenas gritos, berros e silêncios.
E aqui em Cuiabá, em frente da nossa casa, nas avenidas, ruas e logradouros que passamos todos dias, a impune moto-serra fez da nossa paisagem um deserto. Dever-se-ia ao menos ter um pouco de respeito pelas árvores. Se é inevitável retirá-la para passar o progresso, ao menos deveria arrancar estas árvores e plantá-las em outros lugares. Temos meios e tecnologia para isto. Noticia-se (dados da Secopa) que das 2.584 árvores que serão ceifadas para implantação do VLT, apenas 10% desse total será transplantada para outros locais. Este percentual será o suficiente para evitar o desastre? Se assim for e será, a insensatez fez ou fará perecer impiedosamente 2.330 arvores como cães sem dono ou pessoas sem recursos nas filas de hospitais e pronto socorros. Quem se importa?
O curioso é que a Secopa promete plantar, após a construção do VLT, 3.500 árvores ao longo do percurso de 22,2 km do VLT. Não parece razoável pensar que se terá espaço para tanto já que o espaço existente, onde estavam as árvores cortadas, vai ser ocupado pelo VLT. Já pensou no impacto ambiental que é tirar de duas cidades quentes como Cuiabá/Várzea Grande, quase 3.000 de árvores?
Até quando meio ambiente será tratado desta forma e a insensatez irá guiar os atos dos responsáveis pela coisa pública? E certamente todos nós que habitamos estas cidades temos: cara de palhaço e pinta de palhaço deste circo de horrores.
(*) É advogado em Cuiabá.
E-mail – rgnery@terra.com.br
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