sábado, 6 de agosto de 2011

Sem controle

O obscuro controle oficial da verba pública para o esporte

José Cruz (*)

Ao dar crédito às mensagens recebidas, cujas indagações transcrevo mas preservo o nome dos remetentes, lembro que é, de fato, obscura a realidade das finanças do esporte olímpico brasileiro.
Temos o balanço anual da Lei Piva, mas de resto não há visibilidade para o uso das verbas públicas pelas confederações.
E os patrocinadores estatais também não se esforçam em demonstrar como seus investimentos contribuem para a evolução do esporte em seu processo integral e não de rendimento exclusivo.

A recente declaração do ginasta Diego Hypólito – na mensagem anterior – de que “não recebe da Confederação” é oportuna para voltar ao assunto.
Na memória: Diego não está isolado.
Quando retornou ao Brasil com a medalha de ouro olímpica, o nadador Cesar Cielo também declarou que a conquista não era mérito da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, pois não recebera qualquer contribuição para seus treinos.

Depois, atendido em sua pretensão, mudou o discurso, mas deixou o depoimento histórico.

Atento a essas manifestações, volto aos questionamentos de sempre:
1. se a maioria dos clubes ou pais são responsáveis pela formação do atleta, como me afirmam, e nele fazem investimentos principalmente nas categorias de base;

2. se o Comitê Olímpico Brasileiro investe milionários recursos da Lei Piva nas confederações, conforme demonstrações que faz, anualmente;

3. se as estatais (Banco do Brasil, Caixa, Petrobras, Infraero, Casa da Moeda, BNDES, Correios e Eletrobras) investem milhões em projetos de 20 confederações;

4. se a Lei de Incentivo turbina os cofres de várias confederações, natação entre elas;

5. se o Ministério do Esporte também destina milhões às confederações para “preparação de atletas para eventos internacionais”...

6. para que projetos são aplicados todos esses recursos?

7. os atletas das categorias “iniciação”, “menores” e juvenis” são contemplados nos programas da diferentes confederações?

8. por se tratar de verba pública, o Ministério do Esporte tem o controle desses investimentos?

9. o Tribunal de Contas da União audita o uso desses recursos ou apenas os da Lei Piva?

10. e como explicar que o Ministério do Esporte, mesmo com o orçamento em dia, não paga nem sequer a Bolsa Atleta de 2010 para mais de 100 competidores que vão ao Pan de Guadalajara, mas já anuncia a inscrição para os bolsistas de 2011?

Mas, enfim, somos um país olímpico.

(*) Jornalista e que cobre há mais de 20 anos os bastidores da política e economia do esporte, acompanhando a execução orçamentária do governo, a produção de leis e o uso de verbas estatais na área esportiva.

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